Desde Superman – O Retorno um filme não era tão aguardado por mim no cinema. Como o homem de aço, Indiana Jones fez parte de toda a minha infância e adolescência e, por isso, coloquei uma grande expectiva na estréia de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Felizmente toda a minha expectativa foi correspondida. E digo mais: saí do cinema mais satisfeito com o resultado do que esperava.
A reaparição nas telonas do aventureiro mais famoso do cinema tem todos os elementos que o tornaram uma referência do gênero: as piadas certeiras de Indiana, bons diálogos, toques de suspense, sobrenaturalidade e romance, enigmas, aulas de história, artefatos de civilizações antigas, tumbas com armadilhas, insetos aos montes e muitas teias de aranha. Esta quarta aventura do herói traz tudo isso e os antigos fãs serão atraídos por esses elementos. Não faltam também as referências aos longas anteriores nos personagens e nos objetos que constroem toda a mitologia em volta do personagem (repare na pequena aparição da arca perdida de 1981).
Nevada, 1957. Este é o ponto de início da nova aventura de Indiana Jones, personificado
por Harrison Ford (ainda muito bem no papel). Num mundo polarizado, dividido pela Guerra Fria, o arqueólogo atrai a atenção dos comunistas, liderados pela militar ucraniana Irina Spalko (Cate Blanchett). Ela representa uma ideologia, a comunista, e todos sabem que, nos anos 50, os comunistas eram para os EUA o que os nazistas eram nos anos 30 – inimigos do protagonista em Indiana Jones e a Arca Perdida e Indiana Jones e a Última Cruzada. E, assim como os nazistas, a vilã quer dominar o mundo não por meio de bombas nucleares, mas pela dominação mental. Para isso, ela precisa da caveira de cristal do título, um artefato encontrado na selva amazônica e é pra lá que Indiana e sua turma são levados. Mas, como Indiana Jones não tem toda a energia juvenil que destilava na trilogia inicial, há um novo personagem que cumpre o papel (apesar de Ford ter direito a mostrar algumas piruetas, como nos velhos tempos), o rebelde Mutt (Shia LaBeouf, o novo queridinho de Steven Spielberg).
Para quem estava na dúvida sobre como Harrison Ford encararia o personagem aos 65 anos de idade, Indiana sabe que está velho e até faz piada com isso. O vigor já não é mais o mesmo, e nem precisava ser. Ele continua correndo resfolegante com os braços meio abertos, traço marcante do personagem que o ator não esqueceu nesses 19 anos. Aliás, dos outros tiques de Indy ele também lembra, e é suficiente.
Os efeitos especiais não são exagerados, calcando a ação nas perseguições, basicamente, mantendo o longa no espírito da série. Parece que a nova aventura foi gravada já em seguida da última da década de 80 dado ao excelente timing e ao ritmo ter sido mantido exatamente o mesmo.
“Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” traz um bom divertimento ao espectador. O investimento foi alto (foram gastos nada menos do que US$ 125 milhões na produção do longa), mas, se depender do carisma do personagem, a aventura pode seduzir especialmente os espectadores mais crescidos, fãs da trilogia criada por Spielberg (diretor e roteirista deste longa) e o produtor George Lucas. Se, separados, eles já têm um talento impressionante para criar grandes sucessos, juntos esse talento se potencializa e nós somos presenteados mais uma vez com uma divertidíssima obra cinematográfica.
Quero ver de novo!
Só para quem já viu o filme:
– Indo para o cinema fui comentando com minha esposa sobre como Spielberg gosta da temática extra-terrestre e então começamos a listar alguns filmes onde ele utilizou este mote: Contatos Imediatos de Terceiro Grau, ET – O Extra-Terrestre e Guerra dos Mundos foram os filmes que conseguimos lembrar no momento. “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” também já pode ser acrescentado a esta lista.
– Muitos distraídos podem ter saído do cinema comentando: “agora o filho dele vai ser o novo Indiana Jones”. Lucas e Spielberg, sabendo que as pessoas tendem a pensar esse tipo de coisa, até brincaram com isso naquela cena em que o chapéu voa até os pés de Mutt insinuando exatamente isso, mas a atitude de Indiana prova exatamente o contrário do que muitos outros estúdios de cinema já tentaram fazer. Indiana Jones sempre foi e será o único.