O grau de assimilação da Bíblia que Deus espera de nós não é diferente de outros processos de ensino e aprendizagem. Conseguimos avaliar o quanto aprendemos em um curso, mas parece que temos dificuldade de comprovar o quanto temos aprendido da Palavra de Deus.
Em 1 Coríntios 2.13 o apóstolo Paulo afirma que as verdades divinas foram “ensinadas em palavras”. Isso não significa que Deus tenha ditado mecanicamente cada trecho bíblico. Antes, o contrário: Paulo está dizendo que tudo o que ele escreveu havia se tornado completamente parte de sua própria existência.
Walter Kaiser Jr. é muito preciso quando diz que:
“é, de certa forma, como o que acontece com os nossos alunos hoje em dia, fazendo com que seja difícil dizer onde terminam as idéias do professor e começam as do aluno”.
No caso bíblico, o produto final da revelação foi exatamente o que Deus pretendeu.
Não somos apóstolos e não tenho o menor interesse em defender revelações divinas em pé de igualdade com a Escritura. Mas nós somos convidados, diariamente, a nos levantarmos e nos colocarmos diante de Deus como quem aprende (cf. Is 50.4).
De forma semelhante àqueles alunos bajuladores de bons professores, nós também deveríamos nos esforçar em assimilar a Bíblia ao ponto de que as pessoas já não saibam mais onde terminam as palavras de Deus e começam as nossas. Termos a mente de Cristo!
E isso não pode ser reduzido à mera apreensão cognitiva. Uma vez que as Escrituras são cheias de indicativos e imperativos, assimilar a Palavra de Deus é sinônimo de viver o presente de um modo totalmente transformado. Kevin Vanhoozer chama isso de encenar o drama da doutrina. Sermos capazes de atuar nas cenas do Reino de Deus em cada contexto em que estivermos.
Estudar a Bíblia é muito mais rico do que decorar versículos. É um processo de assimilação viva da verdade. Somos chamados ao único aprendizado que tem condições de ir ao mais fundo do nosso ser e transformá-lo por inteiro à semelhança de Cristo Jesus.