A recente visita de Lula ao Vaticano reacendeu a discussão sobre a mistura entre política e religião. Para muitos, essa mistura sempre gerou corrupção ao sagrado. Entretanto, cristãos não podem deixar a esfera pública religiosamente nua — totalmente entregue ao secular. A razão desse incômodo está em uma incompreensão dos termos da discussão e uma aderência irrefletida ao viés da política partidária.
Basicamente, por não se dedicarem a aprender sobre política, os cristãos não sabem como pensar além da desgastada polarização típica das ideologias atuais. Uns acusam o papa de ser de esquerda e, ao manifestar seu afeto a Lula, demonstra suas críticas à direita. Outros justificam o pontífice dizendo que este, além de líder religioso, é também chefe de estado e, por isso, deve receber qualquer figura pública como tal.
Enfim, com categorias tão pobres analiticamente como “esquerda” ou “direita”, não conseguimos avançar em uma compreensão genuinamente bíblica da realidade social. Nos resta perguntar, portanto, sobre como tratar dessas questões. Aqui surge a necessidade de uma teologia pública robusta e radicalmente bíblica.
Obviamente não vou construir tudo aqui. Estou ocupado com esses temas há anos. Vou começar a compartilhar aqui com mais periodicidade.
Seja como for, um dado teológico-político fundamental é que nosso lugar de reflexão é privilegiado. Ninguém está em condições melhores do que os cristãos de se posicionar politicamente. Isso porque adoramos um Deus que não se limita às ênfases dos partidos políticos, plataformas governamentais ou ideologias partidárias. Ele é igualmente soberano sobre todas as áreas da vida e, por isso, nos livra de partidarismos polarizados e nos torna uma bênção para todos os povos.
É justamente por isso que é uma tristeza imensa assistir a igreja evangélica ser engolida pelas pautas polarizadas que não coadunam com as Escrituras. Precisamos de Reforma em nossa teologia pública.