Quando permitimos que nos apresentem um deus pequeno e incapaz de se relacionar conosco em várias áreas da vida, assinamos um atestado de falência espiritual. Muitas igrejas estão habituadas a cultuar um deus que só quer ser nosso salvador no domingo, na igreja e nos assuntos religiosos.
Mas esse não é o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus. Este não só salva, mas também é o Deus criador de toda a realidade. Não existe nenhum centímetro da existência que não dependa continuamente da palavra de Deus para permanecer existindo.
Ainda que essas afirmações pareçam básicas à fé cristã, existem muitos membros de igrejas brasileiras que padecem nas mãos de pregadores de um deus pequeno demais. Recorrentemente recebem instruções que, fora a igreja e suas atividades internas, nada mais na vida tem importância para Deus. De que nossa missão são as almas para Jesus e qualquer outra atividade é um “bico” enquanto fazemos o trabalho verdadeiro.
Esse evangelho dicotomizado, que faz oposição entre sagrado e profano, tem empobrecido a vida de muitos discípulos de Jesus. Mais do que isso: nos impede de servir e obedecer Jesus em todas as áreas da vida.
Me emocionei muito com a história de um estudante do Invisible College. Ele contou que era músico regional no Rio Grande do Sul e que, desde que entrou para a igreja evangélica, nunca mais tinha tocado no instrumento. A tradição do seu estado, a cultura da sua família e até mesmo a beleza de suas composições não tinham valor para aquela espiritualidade concentrada só no que é gospel.
O que mexeu mesmo comigo nessa história foi que, após algumas leituras e aulas sobre visão de mundo cristã, esse estudante entendeu que Deus se importava com arte e que se deleitava na beleza. Qual foi a consequência? Voltou a tocar o instrumento!
Me lembrei do Schaeffer que, após sua crise espiritual da década de 1950, viu o sentido da obra de Cristo e, imediatamente, ele diz que: “de alegria e canto descobri que a poesia fluía de novo — a poesia da convicção, da afirmação da vida, da gratidão e do louvor”.
Pela beleza da sua santidade, Deus Pai é o único capaz de fazer a música soar e a poesia fluir outra vez!