No centro das posturas de raiva e ressentimento na internet está o desejo de encontrar em toda publicação a própria opinião. Quando essa expectativa é frustrada, a reação violenta parece justificada.
Essa semana recebi vários comentários maldosos sobre minha participação em um congresso teológico. Meus irmãos mais progressistas colocaram em dúvida minhas competências filosóficas e os irmãos mais puritanos questionaram a seriedade do evento por receber um herege como eu. Não perdi um segundo do meu sono por causa das críticas. Mas elas me colocaram para pensar.
Uma estudante do Invisible College fez um comentário certeiro: ela reparou como várias mensagens que recebo em meus textos nas redes sociais são do tipo “eu estava pensando exatamente nisso…” ou então “olha aí fulano, nossa conversa dessa semana”. Eu amo receber cada feedback das minhas postagens e cresço muito com todas elas. Mas algumas delas exemplificam como nós gostamos de ter nossas opiniões reforçadas.
O hater também gosta. Gosta tanto que ataca quem não compartilha de sua visão de mundo. Essa postura é muito empobrecedora. Eu não compartilho esse desejo de só ler e ouvir quem reforça minha opinião. Amo a discordância. Busco ser coerente com a teologia Reformada e manter-me tanto como alguém do diálogo, quanto da antítese.
Eu realmente creio, por causa da graça comum de Deus, que o mais rebelde dos pecadores não consegue deixar de partilhar algo de bom que eu possa aprender. Por isso estudo os ateus, os hereges e os malditos. Por isso tenho disposição de sentar em qualquer mesa — até dos que me descredibilizaram.
Entretanto, não sou ingênuo de pensar que nossos diálogos não possam chegar a um determinado momento em que não será mais possível permanecer em comunhão. Existem fronteiras, limites determinados pelos diferentes amores e compromissos que governam nossos corações.
Diálogo e antítese. Graça comum e graça salvífica. Essas doutrinas me mantêm perto o bastante dos meus malvados favoritos, e longe o suficiente da heresia e do pecado.
Ore pelos líderes que tornarem-se alvo de haters. Não temos ideia do custo emocional dessa presença pública.