Quando criei o blog Salve Meu Casamento, há cerca de nove anos, não tive a pretensão de oferecer fórmulas ou receitas mágicas para salvar casamentos ou relacionamentos. Apesar do nome do blog sugerir uma possível luz no fim do túnel, sempre tentei deixar claro em meus textos que as sugestões e conselhos tratavam-se de possíveis caminhos e nunca, jamais, respostas finais ou fechadas. O fato é que não existem fórmulas prontas para sanar problemas pelo simples fato dos seres humanos serem únicos, assim como os seus relacionamentos. Ou seja, desconfie de profissionais ou textos que entreguem receitas prontas quando o assunto for “ser humano”. Se um dia fiz isso, admito que errei.
Mas é certo que alguns comportamentos, falas e escolhas aumentam a probabilidade de algo bom ou ruim acontecer. Por exemplo, seu eu passar a usar cocaína diariamente, a probabilidade de algo ruim acontecer à minha saúde aumenta e muito! Assim como se em um relacionamento eu passar a maltratar o meu parceiro, a probabilidade de destruir minha relação também vai aumentar. São constatações como essas que abrem os nossos olhos para possíveis caminhos quando encontramos um problema ou um conflito matrimonial. Existem ações que aumentam a probabilidade de salvar ou destruir um relacionamento, mas que nunca serão garantia de um ou de outro.
Um dos pedidos de socorro mais frequentes que já recebi (e ainda recebo) através do blog, é ajuda para salvar um relacionamento após uma traição. Talvez em 70% dos casos! O pedido às vezes chega através da vítima da traição e, em outros casos, do próprio autor. Neste exemplo, podemos juntos chegar a conclusão que traição, conforme falávamos acima, tem um grande potencial para minar e destruir relacionamentos. Acho que não nos restam dúvidas quanto a isso. Por isso podemos dizer a um casal que deseja manter o seu relacionamento que evite caminhos que levem a traição. Parece meio óbvio né? Mas em muitos casos não é. Assim como a traição e os caminhos que levam a ela, existem muitas outras pequenas ações do dia a dia que se, somadas, podem aumentar a probabilidade de destruição de um relacionamento. E que ações são essas?
Aqui também não posso oferecer à vocês respostas prontas. A traição me parece tema indiscutível (não conheço uma pessoa que fique feliz com ela), mas existem outras situações que são relativas. Por exemplo, tenho uma amiga que ama lavar louças e limpar a cozinha e odeia que mexam em suas coisas, então, para ela, o marido trabalhar nessa área da casa não conta como ponto positivo na manutenção da relação. Já para outros casais, a divisão justa das tarefas da cozinha será fator decisivo na manutenção do relacionamento. Lembram que estamos falando de pessoas e relações únicas né?
Então, o conselho que deixo à você que deseja salvar ou manter um relacionamento saudável e minimamente equilibrado, é observar a sua rotina, a sua relação, o seu/sua parceiro(a) e tentar identificar aquilo que, para vocês, aumenta ou diminui a probabilidade da destruição do relacionamento. E como identifico isso? Aqui arrisco uma resposta fechada: observe o que se repete. O que você ou vocês fazem no dia a dia que arrancam sorrisos ou lágrimas de dor? Quantas vezes a sua esposa já te sinalizou (através da fala ou comportamento) que a atitude x ou y a fazem sofrer? Ou quantas vezes seu esposo já te disse (através da fala ou comportamento) que aquele tal programa que fazem juntos o deixa feliz? Uma coisa é fato, não existe relação sem concessões e não existe relação que suporte concessões sem equilíbrio. Quando um dos lados sobrecarrega, o final normalmente não é feliz.
Observe então o que se repete na fala e comportamento do seu/sua parceiro(a) e que contribui para o bem ou para o mal do relacionamento. O sinal certamente está sendo dado, cabe a você a disposição de enxergá-lo e trabalhá-lo. O problema acontece quando uma das partes cansa de sinalizar para um outro que insiste em não enxergar. É aí que o final da história se torna previsível: o fim da relação, estando as duas partes morando debaixo do mesmo teto ou não. “Mas Dani, e a oração?” Acredito que a oração para salvar um casamento é importante e necessária sim! O conversar com Deus nos acalenta, fortalece, alivia e interfere no mundo espiritual. Como cristã, acredito nisso! Mas também acredito que a oração deve vir com o exercício da ação. Que sentido há em orar pedindo a restauração do casamento se você continua agredindo sua mulher? Ore mas também encontre meios para entender e trabalhar a sua agressividade. Se não consegue sozinho, peça ajuda. Já cansei de receber e-mails de maridos de esposas super crentes, firmes na oração, mas que não conseguem sequer segurar a sua língua afiada. Que sentido há nisso?
Orar + ação = oração!
Jesus disse que toda a Lei se resume no amor. Em outras palavras, se amar aqueles que passam por sua vida, automaticamente estará cumprindo toda a Lei de Deus. E Jesus não fala daquele amor romântico encontrado nos filmes e contos de fada, pois este amor fantasioso não é capaz de sustentar uma relação. O amor real é uma escolha diária por fazer ao outro aquilo que gostaria que fizessem a você. O amor que ajuda a perdoar quando necessário e a crescer com os erros. O trabalhar diário pelo cuidado de uma relação tem muito a nos oferecer. É como ter em casa uma planta: o cuidar nos dias sem flores nos proporcionará a beleza e perfume dos dias floridos.
Escolha cuidar para não chegar ao ponto de precisar salvar. E, se já chegou no ponto do salvar, nunca será tarde demais. Observe, adube, regue, dê o calor do sol… e ore. Se der certo, aprenda uma lição: sempre vai valer mais a pena trabalhar com a prevenção! Sempre!