O protagonismo que alguns pregadores evangélicos assumiram contemporaneamente assustou vários cristãos. A sucessora empobrecida da Teologia da Prosperidade, a Teologia do Coaching, ganhou destaque. Entretanto, as críticas feitas a ela são superficiais.
O clichê que perpassa todas as avaliações é que se trata de um discurso humanista, tendo em seu centro a realização existencial pelas próprias capacidades individuais. Com todo o respeito aos críticos, isso não diz nada novo! Todo o pensamento que não é dirigido pela cosmovisão cristã, é humanista. O Dooyeweerd fala sobre isso desde os anos 1960. Essa não é a diferença específica que está fazendo a cabeça dos pastores. Mas existe algo muito mais sutil. Trata-se da oportunidade altamente sedutora de pastores apresentarem-se como profissionais relevantes à nossa cultura consumista. Aqui está a sedução e a subversão teológica.
Goste você ou não, o coaching responde a uma carência típica de nossa era. Com a vitória de uma visão de mundo existencialista, as pessoas passaram a se entenderem como seres lançados no mar da indeterminação da existência — sem qualquer segurança previamente dada por Deus, pela igreja ou pela nação. O ser humano é obrigado construir sentido para sua existência. É nesse momento que o coaching aparece com soluções de sucesso para a vida — em 12x de 79,90 sem juros.
A sedução está na busca desesperada dos pastores por imagens que consigam comunicar quem eles são, o que fazem e, principalmente, por que eles são importantes. Essa tentação encontra ressonância perfeita com a gigantesca carga de expectativas que as igrejas têm de seus pastores. Eles devem ser profícuos administradores, oradores, plantadores, e claro, terapeutas inspiradores!
Quando pastores mudam a imagem que têm de si mesmos, eles alteram seu trabalho, as expectativas das igrejas, os currículos dos seminários e, só então, trocam a glória de Deus pela conquista humana. Na raiz da modificação de tantos ministérios por práticas de realização existencial, existe a sedução de ser relevante sem ser fiel.
Não deixem seus pastores serem seduzidos pelo coaching!