Todo discípulo de Jesus, que leva a sério o trabalho teológico, corre um risco muito grande: o de dar belas respostas para as perguntas que não estão mais sendo feitas.
É claro que ninguém é obrigado a ficar respondendo cada nova modinha que surge – “Escreva sobre o Coringa… Escreva sobre o Kanye West… Escreva sobre a Bolívia…”. Temos liberdade de lutarmos pelas pautas que nos tangenciam mais pessoalmente.
Mas, existem aqueles que querem se posicionar como teólogos públicos, e escolhem fazer isso através de uma apologética responsiva. Esse é um nobre serviço para a Igreja e precisamos cada vez mais de homens e mulheres nessa função.
A grande questão é que a maior parte das iniciativas que pretendem assumir o protagonismo teológico estão respondendo a perguntas que ninguém está fazendo.
Essa situação me veio à mente quando apresentei aos meus alunos do curso de “Sexo, Ciência e Sociedade” uma intelectual espanhola chamada Beatriz Preciado — que hoje atende pelo nome de Paul Preciado. Ela foi aluna de Jacques Derrida, estudou em Princeton e hoje é um dos intelectuais mais proeminentes no que se refere à teoria queer e do pós-humanismo.
Apesar dela estar viva, dando entrevistas, escrevendo livros e, principalmente, ministrando aulas na Europa, meus alunos não a conheciam. E mais, ficaram bastante chocados com suas ideias e o grau de rebeldia que ela apresenta à visão de mundo cristã.
Onde estavam nossos apologistas quando Derrida estava recrutando as melhores mentes para suas mentorias filosóficas? E hoje, o que tem ocupado nossa agenda teológica? Tem ministérios de jovens preocupados com tatuagem e piercing enquanto os teóricos da cultura estão estabelecendo o pós-humanismo na agenda do Ocidente.
Eu já disse aqui e vou repetir: enquanto nossas reuniões de jovens e adolescentes se limitarem a entretenimento superficial para competir com as programações “do mundo”, estaremos contribuindo de uma maneira insidiosa para a secularização da próxima geração.