Max Lucado

Eu elogio o que é certo?

No verão anterior à minha oitava série fiz amizade com um garoto chamado Larry. Ele era novo na cidade, então eu o encorajei a jogar pelo time de futebol americano da nossa escola. Ele poderia conhecer alguns garotos e, sendo um companheiro, poderia até fazer parte da turma. Ele concordou.

O resultado foi um cenário boa notícia–má notícia. A boa notícia? Ele passou. A má notícia. Ele ganhou minha posição. Fui rebaixado para a reserva. Tentei ficar feliz por ele, mas foi difícil.

Dentro de poucas semanas na temporada, Larry caiu de uma moto e quebrou um dedo. Lembro o dia que ele parou na porta da frente mostrando sua mão enfaixada. “Parece que você vai ter que jogar.”

Tentei ficar triste por ele, mas foi difícil. A passagem foi muito mais fácil para Paulo escrever do que foi para eu praticar. “Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram.” (Romanos 12:15).

Você quer medir a intensidade de seu amor por alguém? Como você se sente quando essa pessoa tem sucesso? Você se alegra? Ou fica com inveja? E quando ele ou ela erra? Tem uma infelicidade? Você realmente fica triste? Ou você se agrada secretamente?

O amor nunca celebra a infelicidade. Nunca. Gosto do jeito que Eugene Peterson interpreta a passagem: “O amor… não festeja quando outros arrastam-se, [mas] tem prazer no florescer da verdade.” J. B. Phillips é igualmente descritivo: “O amor… não se exulta com a maldade das outras pessoas. Pelo contrário, ele compartilha a alegria daqueles que vivem pela verdade.”

Você sabe que seu amor é real quando você chora com aqueles que choram e alegra-se com aqueles que se alegram. Você sabe que seu amor é real quando você sente pelos outros o que seu Pai celeste sente por você. Lembre-se, o amor “se regozija com a verdade” (1 Coríntios 13:6).

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Jesus, nosso Salvador acessível

Muitos dos nomes na Bíblia que se referem ao nosso Senhor não são nada menos que suntuosos e majestosos. Filho de Deus, O Cordeiro de Deus, A Luz do Mundo, A Ressurreição e A Vida, A Brilhante Estrela da Manhã, Aquele que Havia de Vir, Alfa e Ômega.

São frases que ultrapassam as fronteiras da linguagem humana em uma tentativa de apreender o que não é apreensível, a grandeza de Deus. Por mais que elas tentem esboçar o mais próximo possível, é sempre pouco. Escutá-las é algo como escutar uma banda de Natal do Exército da Salvação na esquina tocar o Messias de Handel. Boa tentativa, mas não funciona. A mensagem é majestosa demais para o medíocre.

E assim é com a linguagem. A frase “Não há palavras para explicar…” é realmente a única que pode honestamente ser aplicada a Deus. Nenhum nome faz jus a Ele.

Mas há um nome que recorda uma qualidade do Mestre que desnorteou e compeliu aqueles que o conheciam. Revela um lado dEle que, quando reconhecido, é o suficiente para que você caia sobre seu rosto.

Não é muito pequeno nem muito grande. É um nome que se encaixa como o sapato no pé da Cinderela.

Jesus.

Nos evangelhos, é o Seu nome mais comum – usado quase seiscentas vezes. E era um nome comum. Jesus é a forma grega de Josué e Jesuá – todos nomes familiares do Antigo Testamento. Havia pelo menos cinco sumos sacerdotes conhecidos como Jesus.

Os escritos do historiador Josephus fazem referência a perto de vinte pessoas chamadas Jesus. O Novo Testamento fala de Jesus Justo, o amigo de Paulo1, e o mago de Pafos é chamado Bar-Jesus2. Alguns manuscritos mostram Jesus como o primeiro nome de Barrabás. “Qual quereis que vos solte? Jesus Barrabás, ou Jesus, chamado o Cristo?” 3.

Qual é o objetivo? Jesus poderia ter sido um “Zé”. Se Jesus viesse hoje, seu nome poderia ter sido João ou José ou Pedro. Se Ele estivesse aqui hoje, é questionável que Ele se distanciaria com um nome imponente como reverendo Divindade Angélica da Santidade III. Não. Quando Deus escolheu o nome que seu Filho levaria, escolheu um nome humano4. Ele escolheu um nome tão característico que apareceria duas ou três vezes em qualquer lista de classe dada. “O Verbo se fez carne,” João disse, em outras palavras.

Ele era palpável, acessível, alcançável. E, o que é melhor, Ele era normal. Se Ele estivesse aqui hoje, você provavelmente não O notaria enquanto Ele passeasse no shopping. Ele não viraria cabeças pelas jóias ou pelas roupas que usava.

“Somente me chame de Jesus,” você quase pode ouvi-lo dizer.

Ele era o tipo de homem que você convidaria para assistir Fla-Flu em sua casa. Ele rolaria com seus filhos no chão, cochilaria em seu sofá, e cozinharia bifes em sua grelha. Ele riria das suas piadas e contaria algumas dEle mesmo. E quando você falasse, Ele o ouviria como se Ele tivesse toda a eternidade.

E uma coisa é certa, você O convidaria novamente.

Vale notar que aqueles que O conheciam melhor lembravam dEle como Jesus. Os títulos Jesus Cristo e Senhor Jesus são vistos apenas seis vezes. Aqueles que andavam com Ele lembravam dEle não por um título ou designação, mas por um nome – Jesus.

Pense nas implicações. Quando Deus decidiu revelar-Se à humanidade, que meio Ele usou? Um livro? Não, isso foi secundário. Uma igreja? Não. Isso foi conseqüência. Um código moral? Não. Limitar a revelação de Deus a uma lista fria de faça e não faça é tão trágico quanto olhar o mapa rodoviário de Colorado e dizer que você viu as Montanhas Rochosas.

Quando Deus decidiu revelar-Se, Ele o fez (surpresa das surpresas) através de um corpo humano. A língua que chamou um morto para fora era humana. A mão que tocou o leproso tinha sujeira embaixo das unhas. Os pés sobre os quais a mulher chorou eram calejados e empoeirados. E suas lágrimas… ah, não perca as lágrimas. Elas vieram de um coração tão quebrado quanto o meu ou o seu já esteve.

“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas.” 5

Então, as pessoas vinham a Ele. E como vinham a Ele. Vinham à noite; tocavam-no enquanto Ele andava pelas ruas; seguiam-no em volta do mar; convidavam-no para ir a suas casas e colocavam seus filhos a seus pés. Por quê? Porque Ele se recusava a ser uma estátua em uma catedral ou um padre em um púlpito elevado. Em vez disso, Ele escolheu ser Jesus.

Não há alusão de uma pessoa que estivesse com medo de chegar perto dEle. Existiam aqueles que zombavam dEle. Existiam aqueles que O invejavam. Existiam aquele que O mal interpretavam. Existiam aquele que O honravam. Mas não havia uma pessoa que O considerasse tão santo, tão divino, ou tão celestial para tocar. Não havia uma pessoa que fosse relutante em se aproximar dEle por medo de ser rejeitada.

Lembre-se disso.

Lembre-se disso da próxima vez que você se encontrar surpreso com suas próprias falhas.

Ou da próxima vez que acusações ácidas cavarem buracos em sua alma.

Ou da próxima vez que você vir uma catedral fria ou ouvir uma liturgia sem vida.

Lembre-se. É o homem que cria a distância. É Jesus que constrói a ponte.

“Somente me chame de Jesus.”

1Colossenses 4:11 2Atos 13:6 3Mateus 27:17; William Barclay, Jesus As They Saw Him (Grand Rapids, Minch.: Wm. B. Eerdmans). 4Mateus 1:21 5Hebreus 4:15

Guia de estudo

Não havia uma pessoa que O considerasse tão santo, tão divino, ou tão celestial para tocar. Não havia uma pessoa que fosse relutante em se aproximar dEle por medo de ser rejeitada.

A. Por quais razões as pessoas se aproximavam de Jesus? Quais eram as reações das pessoas em relação a Ele?

B. Como Jesus tratava as pessoas marginalizadas da sociedade? As pessoas marginalizadas moralmente (João 8:1-11)? As pessoas marginalizadas socialmente (Marcos 2:13-17)? As pessoas marginalizadas espiritual e fisicamente (Mateus 8:1-4; Marcos 5:1-20)?

C. Como Jesus tratava aqueles que O rejeitavam? Judas (Mateus 26:47-50)? Pedro (Marcos 14:66-72; 16:1-7)? O jovem rico (Marcos 10:17-27)? Qual é o elemento mais surpreendente de cada caso?

D. Para quem as palavras mais duras de Jesus estavam reservadas (Mateus 23; João 2:12-16)? Por que Jesus os condenava?

E. Quão parecido a Cristo e acessível você é? a seus filhos? a Seu companheiro? às pessoas que trabalham com você? a desconhecidos que você encontra diariamente? àqueles menos afortunados que você? àqueles que estão “mais abaixo na escala social”? O que você pode fazer para ser mais acessível?

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

A escolha do carpinteiro

A porta pesada rangeu nas dobradiças enquanto empurrava para abrir. Com poucos passos Ele atravessou a oficina silenciosa e abriu a veneziana de madeira para ajustar os raios de luz do sol que penetravam na escuridão, pintando uma caixa da luz do dia no chão sujo.

Ele olhou ao redor na oficina de carpintaria. Ele ficou parado por um momento no abrigo do pequeno aposento que guardava tantas doces lembranças. Balançou o martelo em sua mão. Passou seus dedos entre os dentes pontudos da serra. Bateu na madeira gasta e suave do cavalete. Ele veio para despedir-se.

Era hora dEle ir embora. Ele ouviu algo que O fez saber que era hora de ir. Então veio pela última vez sentir o cheiro de serragem.

A vida era calma aqui. A vida era tão… segura.

Aqui Ele passou horas incontáveis de contentamento. Neste chão sujo brincou como uma criança que começa a andar enquanto o seu Igual trabalhava. Aqui José O ensinou como segurar um martelo. E nesta bancada Ele construiu sua primeira cadeira.

Eu fico curioso para saber o que Ele pensou quando deu a última olhada ao redor do aposento. Talvez tenha parado por um momento ao lado da bancada olhando para as pequenas sombras projetadas pela escultura. Talvez Ele escutasse enquanto vozes do passado enchiam o ar.

“Bom trabalho, Jesus.”

“José, Jesus – venham e comam!”

“Não se preocupe, senhor, vamos terminá-lo a tempo. Vou pegar Jesus para me ajudar.”

Fico curioso para saber se Ele hesitou. Fico curioso para saber se Seu coração estava ferido. Fico curioso para saber se Ele rolou um prego entre seu dedão e seus dedos, antecipando a dor.

Foi na oficina de carpintaria que Ele deve ter dado início a seus raciocínios. Aqui conceitos e convicções foram entrelaçados para formar a estrutura do Seu ministério.

Você quase pode ver as ferramentas da sua profissão em Suas palavras enquanto Ele falava. Você pode ver a segurança de um prumo quando Ele chamava a atenção para padrões morais. Você pode ouvir o som da plaina enquanto Ele apelava para a religião para cortar fora as tradições desnecessárias. Você pode imaginar o conforto daquele que reúne a madeira quando Ele exige lealdade nos relacionamentos. Você pode imaginá-lo com um lápis e um livro-razão enquanto Ele argumenta a honestidade.

Foi aqui que Suas mãos humanas deram forma à madeira que Suas mãos divinas criaram. E foi aqui que Seu corpo amadureceu enquanto Seu espírito aguardava o momento certo, o dia certo.

E agora esse dia chegou.

Deve ter sido difícil ir embora. Apesar de tudo, a vida de um carpinteiro não era má. O negócio era bom. O futuro era brilhante e seu trabalho era agradável.

Em Nazaré, Ele era conhecido somente como Jesus, o filho de José. Você pode ter certeza que Ele era respeitado na comunidade. Era bom com suas mãos. Tinha muitos amigos. Era o favorito entre as crianças. Podia contar uma boa piada e tinha o costume de encher o ar com uma risada contagiosa.

Fico curioso para saber se Ele queria ficar. Ele poderia fazer um bom trabalho aqui em Nazaré. Estabilizar-se. Criar uma família. Ser um líder municipal.

Fico curioso porque sei que Ele já havia lido o último capítulo. Ele sabia que os pés que iriam pisar fora da sombra segura da oficina de carpintaria não iriam descansar até serem perfurados e colocados em uma cruz romana.

Note, Ele não tinha que ir. Ele tinha uma escolha. Poderia ter ficado. Poderia ter ficado com sua boca fechada. Poderia ter ignorado o chamado ou pelo menos o adiado. E se Ele tivesse escolhido ficar, quem saberia? Quem O teria culpado?

Ele poderia ter voltado como homem em outra época quando a sociedade não fosse tão volátil, quando a religião não fosse tão estragada, quando as pessoas ouvissem melhor.

Ele poderia ter voltado quando as cruzes estivessem fora de moda.

Mas Seu coração não o deixaria. Se houvesse hesitação por parte de Sua humanidade, seria dominada pela compaixão de Sua divindade. Sua divindade ouviu as vozes. Sua divindade ouviu os choros desesperados dos pobres, as acusações amargas dos desamparados, o desespero daqueles que estão tentando se salvar.

E Sua divindade viu os rostos. Alguns franzidos. Alguns chorando. Alguns escondidos atrás de véus. Alguns obscurecidos pelo medo. Alguns sérios e penetrantes. Alguns sem expressão com aborrecimento. Desde o rosto de Adão até o rosto do bebê nascido em algum lugar do mundo enquanto você lê estas palavras, ele viu todos.

E você pode ter certeza de uma coisa. Entre as vozes que encontraram seu caminho para dentro daquela oficina de carpintaria em Nazaré estava a sua voz. Suas orações silenciosas pronunciadas em travesseiros manchados com lágrimas foram ouvidas antes de serem ditas. Suas perguntas mais profundas sobre morte e eternidade foram respondidas antes de serem perguntadas. E sua necessidade mais extrema, sua necessidade de um Salvador, foi conhecida antes mesmo de você pecar. Ele viu seu rosto na hora que você soube dEle pela primeira vez. Ele viu seu rosto envergonhado na hora que você caiu pela primeira vez. O mesmo rosto que olhou de volta para você por esse espelho de manhã olhou para Ele. E foi suficiente para matá-lo.

Ele foi embora por sua causa.

Ele deixou sua segurança com seu martelo. Ele pendurou sua tranqüilidade no cabide com seu avental de pregar. Ele fechou as venezianas da janela da sua juventude brilhante e trancou a porta do conforto e da facilidade do anonimato.

Uma vez que Ele podia pagar por seus pecados mais facilmente do que podia suportar pensar em Seu desespero, Ele escolheu ir embora. Não foi fácil. Deixar a oficina de carpintaria nunca tem sido.

Guia de estudo

  1. Note, Ele não tinha que ir. Ele tinha uma escolha. Poderia ter ficado. Poderia ter ficado com sua boca fechada. Poderia ter ignorado o chamado ou pelo menos o adiado.

    A. Jesus tinha uma escolha? Você acha que ele fez aquela escolha uma ou numerosas vezes? Você acha que Ele alguma vez duvidou que a humanidade valia o preço que Ele iria pagar?

    B. O que as seguintes passagens revelam sobre não só a prontidão de Jesus, mas Sua determinação em morrer pelos nossos pecados: João 10:11-18; Mateus 26:36-54; João 18:4-11; Filipenses 2:6-8; Hebreus 7:23-27?

    C. Em um pedaço de papel, em uma coluna liste tudo que Jesus escolheu abandonar por sua causa. Em uma segunda coluna, liste tudo que Ele pediu que você abandonasse por causa Dele.

  2. Ele viu seu rosto na hora que você soube dEle pela primeira vez. Ele viu seu rosto envergonhado na hora que você caiu pela primeira vez. O mesmo rosto que olhou de volta para você por esse espelho de manhã olhou para Ele. E foi suficiente para matá-lo. Ele foi embora por sua causa.

    A. É difícil conceber Jesus te vendo e te ouvindo séculos antes de você nascer? É difícil perceber que mesmo agora Ele vê e entende tudo sobre você? Como Jesus é uma realidade presente em sua vida?

    B. Para entender melhor quão bem Jesus conhece cada um de nós, leia as seguintes passagens: Salmos 139:1-18; Mateus 10:29-31; Hebreus 4:13. Que idéias eles dão?

    C. Leia um dos relatos Evangélicos sobre a prisão, o julgamento e a crucificação de Jesus (ex. Mateus 26:36 – 27:61). Você pode imaginar alguém escolhendo sofrer aquela dor e insultos especificamente por você? Você pode imaginar Deus escolhendo fazer isso? Por que Deus escolheu morrer por você?

    D. Como alteraria sua vida se um amigo morresse por você? Como modifica sua vida compreender que Jesus morreu por você?

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Do céu para a terra com amor

Ele não se intitulou “o reverendo Divindade Angélica da Santidade III”. Ele não insistiu em togas reais de pelúcia ou vislumbrantes ou cetros dourados vislumbrantes. Ele não veio nas asas de uma tropa celestial, viveu em um palácio celestial ou marchou à frente de uma guarda de honra angelical.

Ele era o filho de um carpinteiro em uma seção remota de uma nação oprimida. Ele era a maior surpresa de Deus. O coração do céu embrulhado em corpo humano. Se você esqueceu o que Ele realmente é – ou quer conhecê-lo melhor – continue lendo!

“Você quer dizer me que Deus se tornou uma criança…

Aquele que estava apresentando as perguntas era enigmático. Suas sobrancelhas densas enrugaram de dúvida e seus olhos inclinaram em precaução. Apesar de haver lugares para sentar, ele optou por não fazê-lo. Preferiu ficar em pé seguro atrás da multidão, sem ter certeza, mas intrigado com o que estava escutando. Do começo ao fim da leitura, ele escutou propositadamente, descruzando seus braços ocasionalmente para afagar seu queixo com barba. Agora, entretanto, ele se levantou direto, dando um soco no ar com seus dedos enquanto ele indagava.

e que Ele nasceu em um estábulo de ovelha?”

Ele olhava enquanto descia de uma das montanhas adjacentes do Colorado: coleção de chapéus, roupa macia, perneiras de náilon, botas de marchar. E ele examinou embora, honestamente, não soubesse se a história que estava ouvindo era uma lenda da montanha ou a verdade do Evangelho.

“Sim, é isso que eu quero dizer,” o professor respondeu.

“E então, depois de se tornar um bebê ele foi criado em um lar de operário? Ele nunca escreveu livros ou teve escritórios, mas ainda assim se intitula o Filho de Deus?”

“Está certo.”

O professor que estava sendo questionado era Landon Saunders, a voz do programa Heartbeat Radio. Nunca tinha ouvido alguém contar a história do Nazareno como Landon pode.

“Ele nunca viajou para fora de seu próprio país, nunca estudou na universidade, nunca morou em um palácio, mas ainda assim pedia para ser considerado como o criador do universo?”

“Está correto.”

Eu estava um pouco irritado por causa do diálogo. Tinha acabado de sair da faculdade, entusiasmado. Como ajudante voluntário na série de conferências, tinha ido com versículos memorizados e com respostas carregadas na câmara da minha arma evangélica. Entretanto, fui preparado para defender um estilo de vida, não um Salvador. Estava preparado para argumentar moralidade, doutrina, céu e inferno. Não estava preparado para debater sobre um homem. Jesus sempre foi alguém que eu somente aceitava. Essas perguntas eram muito agressivas para minha fé virgem.

“E essa história de crucificação… ele foi traído pelas próprias pessoas que ficavam com ele? Nenhum dos seguidores foi defendê-lo? E então foi morto como um ladrão pé-rapado comum?”

“Essa é a essência.”

A autenticidade da pessoa que perguntava não te permitia considerá-lo um cínico nem mandá-lo embora como um exibido. Ao contrário, ele parecia nervoso por chamar tanta atenção. Seu jeito desajeitado denunciou sua inexperiência em falar em público. Mas seu desejo de saber era apenas 30 ou 60 gramas mais pesado que seu desconforto, então continuou.

“E depois de morrer foi enterrado em uma sepultura emprestada?”

“Sim, ele não tinha sua própria sepultura nem dinheiro para comprar uma.”

A honestidade do diálogo manteve a audiência fascinada. Percebi que eu estava testemunhando um desses raros momentos quando duas pessoas querem questionar o que é santo. Ali estavam dois homens em lados opostos de um profundo abismo, um perguntando para o outro de a ponte que se estendia entre eles poderia ser realmente confiável.

Havia um palpite de emoção na voz do estudante enquanto ele cuidadosamente pronunciava a próxima pergunta.

“E de acordo com o que está escrito, depois de três dias na sepultura, ressuscitou e apareceu para mais de quinhentas pessoas?”

“Sim.”

“E tudo isso foi para provar que Deus ainda ama seu povo e providencia um caminho para que retornemos a Ele?”

“Certo.”

Eu sabia que pergunta estava vindo a seguir. Todos na sala sabiam. Poderia ter passado sem ter sido perguntada. Do fundo do meu coração, esperava que não fosse perguntada.

“Isso tudo não parece um pouco…” Ele parou um segundo, procurando pelo adjetivo certo. “Isso tudo não parece um pouco absurdo?”

Todas as cabeças viraram em perfeita sincronia e olharam para Landon. Todas as cabeças, isto é, exceto a minha. Minha cabeça estava girando enquanto era forçado a olhar para Jesus por um novo ângulo. Cristianismo… absurdo? Jesus em uma cruz… absurdo? A Encarnação… absurdo? A Ressurreição… absurdo ? Em minha escola dominical, Jesus foi tirado do flanelógrafo.

A resposta de Landon foi simples. “Sim, suponho que isso soe absurdo, não soa?”

Não gostei da resposta. Não gostei mesmo. Fale como fazia sentido! Faça um esquema das dispensations. Apresente as profecias cumpridas. Explique o cumprimento da Lei Antiga. Pacto. Reconciliação. Redenção. Claro que fazia sentido. Não permita que ele descreva as ações de Deus como absurdas!

Então comecei a cair em mim: O que Deus fez faz sentido. Faz sentido que Jesus fosse nosso sacrifício porque era necessário um sacrifício para justificar a presença do homem diante de Deus. Faz sentido que Jesus usasse a Lei Antiga para mostrar a Israel sua necessidade de graça. Faz sentido que Jesus fosse nosso Supremo Sacerdote. O que Deus fez faz sentido. Pode ser ensinado, colocado em gráfico e em livros sobre teologia sistemática.

Entretanto, por que Deus o fez é absolutamente absurdo. Quando a pessoa deixa o método e examina o motivo, os blocos de lógica cuidadosamente amontoados começam a desabar. Esse tipo de amor não é lógico; não pode ser traçado puramente em um sermão ou explicado em um limite de papel.

Pense sobre isso. Por milhares de anos, usando sua inteligência e simpatia, o homem tentou ser amigo de Deus. E por milhares de anos, ele decepcionou Deus mais que O exaltou. Ele fez todas as coisas que prometeu que nunca faria. Foi um fiasco. Mesmo o mais santo dos heróis às vezes esquecia do lado de quem estava. Alguns dos cenários na Bíblia parecem mais aventuras do Marinheiro Simbad que histórias para escola bíblica de férias. Lembra destes personagens?

Arão. Mão-direita de Moisés. Testemunha das pragas. Membro da “Expedição ao Leito do Mar Vermelho”. Sacerdote santo de Deus. Mas se era tão santo, o que estava fazendo liderando os israelitas em aeróbica ao pé do fogo diante do bezerro de ouro?

Os filhos de Jacó. Os pais das tribos de Israel. Tataranetos de Abraão. Mesmo assim, se eram tão especiais, por que estavam amordaçando seu irmão mais novo e vendendo-o para o Egito?

Davi. O homem segundo o coração de Deus. O rei do Rei. O matador de gigante e compositor. É também o rapaz que teve sua visão embaçada como resultado de um banho no teto. Infelizmente, a água não era sua, nem a mulher que ele estava olhando.

E Sansão. Desfalecido no sofá de Dalila, bêbado de vinho, perfume e luzes suaves. Ele estava pensando, Ela está vestindo algo mais confortável. Ela está pensando, sei que coloquei essa tesoura aqui em algum lugar.

Adão enfeitado em folhas de figo e manchado pelo fruto proibido. Moisés lançando um cajado e um chilique temperamental. O rei Saul olhando dentro de uma bola de cristal para saber a vontade de Deus. Noé, bêbado e nu em sua própria tenda.

Estes são os escolhidos de Deus? Esta é a linhagem real do Rei? Estes são aqueles incumbidos de realizar a missão de Deus?

É fácil ver o absurdo.

Por que Ele não desistiu? Por que Ele não deixou o globo girar fora do seu eixo?

Mesmo depois de gerações de pessoas que cuspiram em Sua face, Ele ainda as ama. Depois de uma nação de escolhidos tirar Sua roupa e rasgar seu corpo encarnado, Ele ainda morreu por eles. E mesmo hoje, depois de milhões escolherem se prostituírem ante os alcoviteiros do poder, da fama e da riqueza, Ele ainda espera por elas.

Isso é inexplicável. Não há um pingo de lógica nem uma linha de racionalidade.

E mesmo assim, é essa mesma irracionalidade que dá ao Evangelho sua maior defesa. Porque só Deus poderia amar assim.

Não sei o que aconteceu com aquele rapaz que fez as perguntas em Colorado. Ele desapareceu tão rapidamente quento veio. Mas estou devendo a ele. Ele me forçou a ver Jesus como nunca O havia visto antes.

No começo eu não O reconheci. Acho que estava esperando alguém em um vestido em movimento com mãos brancas de seda. Mas isso era Ele. O leão. O Leão de Judá. Ele saiu das densas árvores de ritual e teologia e repousou em uma breve clareira. Em sua pata havia uma ferida e em sua juba havia manchas de sangue. Mas havia realeza Nele que silenciava até a brisa nas árvores.

Realeza manchada com sangue. Um deus com lágrimas. Um Deus com um coração. Deus tornou-se o ridicularizado da terra para salvar suas crianças.

Como é absurdo pensar que tal nobreza iria para tal pobreza para compartilhar tal tesouro com almas tão ingratas.

Mas Ele fez.

Na verdade, a única coisa mais absurda que o presente é nossa teimosa má vontade em recebê-lo.

Guia de estudo

  1. Depois de uma nação de escolhidos tirar Sua roupa e rasgar seu corpo encarnado, Ele ainda morreu por eles. E mesmo hoje, depois de milhões escolherem se prostituírem ante os alcoviteiros do poder, da fama e da riqueza, Ele ainda espera por elas. Isso é inexplicável. Não há um pingo de lógica nem uma linha de racionalidade. E mesmo assim, é essa mesma irracionalidade que dá ao Evangelho sua maior defesa. Porque só Deus poderia amar assim.

    A. Você já teve a sensação de que a história de Jesus é absurda? Você conversa com pessoas que contestam a autenticidade da história? Como você responde a elas?

    B. Como estas passagens descrevem o amor de Deus: Romanos 5:6-8; Tito 3:3-8; Romanos 8:13-17, 31-39?

    C. Segundo 1 João 4:7-21, se realmente entendemos o amor de Deus por nós, qual é nossa reação em relação a Ele? Qual é nossa reação em relação aos outros? Como isso afeta nossa atitude com respeito ao julgamento de argila? Que sentimento não pode coexistir com o amor de Deus em nós?

    D. Quando você sentiu o amor de Deus mais intensamente? De que maneiras você expressa o amor de Deus para os outros? Como você expressa seu amor a Deus?

  2. Deus tornou-se o ridicularizado da terra para salvar suas crianças. Como é absurdo pensar que tal nobreza iria para tal pobreza para compartilhar tal tesouro com almas tão ingratas. Mas Ele fez. Na verdade, a única coisa mais absurda que o presente é nossa teimosa má vontade em recebê-lo.

    A. Como recebemos o presente da salvação de Deus? Por que você pensa que as pessoas não aceitam o presente da salvação de Deus?

    B. Examine as passagens seguintes que descrevem o povo rejeitando a salvação: Lucas 14:15-24; Romanos 9:30-32; 1 Coríntios 1:18-31. Segundo estas passagens, que atitudes impedem as pessoas de aceitarem o presente de Deus?

    C. Segundo estas passagens, quais são algumas das atitudes e ações que caracterizam aqueles que aceitam a salvação de Deus: Filipenses 3:7-11; 2 Coríntios 7:10, Efésios 2:8-9; Tiago 1:19-27?

    D. Qual é a atitude ou ação que é o maior desafio para sua salvação?

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Nossa tempestade foi seu caminho

Suponha que um dos discípulos de Jesus guardasse um diário. E suponha que esse discípulo tivesse escrito nesse diário na manhã seguinte à tempestade. E suponha que nós tivéssemos descoberto esse diário. Aqui está como se lería… suponho.

* * * * * *

Apenas há alguns minutos atrás, explodiu o caos.

Ah, como a tempestade foi estrondosa. As estrelas foram escondidas por um teto preto. As nuvens tornaram-se como fumaça. Disparos de relâmpagos eram o maestro que dava a deixa para os tambores do trovão ressoarem.

E eles ressoavam. As nuvens pareciam erguer-se como um urso sobre as patas traseiras e rugir. Os estrondos faziam tudo tremer: os céus, a terra, e – acima de tudo – o mar. Era como se o Mar da Galiléia fosse uma tigela nas mãos de um gigante dançarino. Das profundezas do lago vinham as ondas, tornando a superfície congelada em uma cadeia montanhosa de ondas com o topo de neve. Um e meio, três, até quatro metros e meio elas amontoavam no ar, subindo e caindo como andorinhas perseguindo mosquitos.

No meio do mar, nosso bote saltava. As ondas batiam nele tão facilmente como crianças em uma bola. Nosso esforço nos remos mal o mexia. Estávamos à mercê da tempestade. As ondas nos levantavam tão alto que sentíamos que estávamos em pleno ar. Depois mergulhávamos no vale.

Éramos um graveto em um remoinho…uma folha no vento. Estávamos indefesos.

Foi quando a luz apareceu. Primeiro eu pensei que aquilo fosse reflexo da lua, um brilho na superfície da água. Mas a noite não tinha lua. Olhei de novo. A luz estava vindo em nossa direção, não acima das ondas, mas através delas. Eu não fui o único que viu aquilo.

“Um fantasma,” alguém gritou. O medo do mar foi coberto por um novo terror. Os pensamentos corriam à medida que a aparição aproximava-se. Era um produto da nossa imaginação? Era uma visão? Quem? Como? O que era essa luz mística que parecia tão…?

Um brilho de raio iluminou o céu. Por um segundo consegui ver o rosto daquilo…o rosto dele. Um segundo foi tudo o que precisei.

Era o Mestre!

Ele disse:

“Coragem! Sou eu. Não tenham medo!” 1

Nada mudou. A tempestade ainda bramava. O vento ainda gritava. O bote ainda tombava. O trovão ainda fazia estrondo. A chuva ainda caía. Mas no meio do tumulto, eu podia ouvir Sua voz. Apesar de ainda estar longe, era como se Ele estivesse ao meu lado. A noite estava feroz, mesmo assim Ele falava como se o mar estivesse sereno e o céu silencioso.

E, de alguma maneira, veio a coragem.

“Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas.” 2

Era a voz de Pedro. Ele não estava sendo insolente. Ele não estava exigindo prova. Ele estava assustado. Como eu, ele sabia o que aquela tempestade podia fazer. Ele sabia que o bote logo afundaria. Ele sabia que Jesus estava em pé. E ele sabia onde queria estar…onde todos nós queríamos estar.

“Venha,” Jesus pediu.

Então Pedro saiu de lado e pisou no mar. A sua frente abriu uma trilha através de uma floresta de ondas. Ele pisou rapidamente. A água respingou. Mas ele continuou indo. Aquele caminho para Jesus era faixa de tranqüilidade. Estava sossegado. Sereno.

Jesus irradiava luz no final da trilha. Sorrindo.

Pedro dava passos em direção à luz como se fosse sua única esperança. Ele estava na metade do caminho quando todos nós ouvimos o trovão. Fez um estrondo, e ele parou. Vi sua cabeça virar. Ele olhou para o céu. Olhou para as nuvens. Sentiu o vento. E afundou.

Cara como ele gritou!

Uma mão veio através dos lençóis de água e agarrou Pedro. O relâmpago brilhou de novo, e pude ver o rosto de Jesus. Percebi que seu sorriso tinha desaparecido. A mágoa cobriu sua face. Era como se Ele não pudesse acreditar que nós não conseguimos acreditar. O perigo para nós era um desvio para Ele. Queria perguntar a Ele, “Não está com medo, Jesus? Não está com medo?”

Mas eu não disse nada. Antes que eu percebesse, Ele estava conosco no bote.

O mar ficou calmo como seda.

Os ventos calaram.

Um desfiladeiro abriu nas nuvens; um luar suave caiu sobre a água.

Aconteceu instantaneamente. Não foi preciso o resto da noite. Não foi preciso uma hora. Não foi preciso um minuto. Aconteceu em um piscar de olhos.

Do caos para a calma. Do pânico para a paz. O céu ficou silencioso tão repentinamente que eu pude ouvir meu coração batendo. Pensei que estivesse sonhando. Então vi os olhos arregalados dos demais e senti minha roupa ensopada na minha pele. Não era sonho. Olhei pra a água. Olhei pro Pedro. Olhei pros outros. E então olhei pra Ele.

E fiz a única coisa que poderia fazer. Com as estrelas como minhas velas e o bote imóvel como meu altar, caí a seus pés e adorei.

Há momentos na vida de uma pessoa quando, até no meio deles, você sabe que nunca será o mesmo. Momentos que servem de cartões postais para sempre. Este foi um.

Nunca havia visto Jesus como O vi então. Eu O havia visto poderoso. Eu O havia visto sábio. Testemunhei Sua autoridade e fiquei maravilhado diante de Suas habilidades. Mas o que testemunhei a noite passada, sei que nunca vou esquecer.

Eu vi Deus. O Deus que não pode ficar sentado quieto quando a tempestade é muito forte. O Deus que permite que eu sinta medo o suficiente para que precise Dele e então chegue perto o suficiente para que eu possa vê-lo. O Deus que usa minhas tempestades com o Seu caminho até mim.

Eu vi Deus. Precisou de uma tempestade para que eu O visse. E eu nunca serei o mesmo.
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1 Mateus 14:27
2 Mateus 14:28

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Bordas e sussurros

“E isso tudo é apenas a borda de suas obras! Um suave sussurro é o que ouvimos dele” (Jó 26:14).

Há poucas noites atrás, uma coisa peculiar aconteceu.

Uma tempestade elétrica causou um apagão em nossa vizinhança. Quando as luzes apagaram, eu fui na escuridão para o quartinho onde nós guardamos as velas para as noites como esta. Através do brilho de um palito de fósforo aceso, olhei na prateleira onde as velas ficavam armazenadas. Lá estavam elas, já posicionadas em suas estantes, derretidas em diversos níveis por usos anteriores. Peguei meu fósforo e acendi quatro delas.

Como elas iluminaram o quartinho! O que era um véu de escuridão de repente radiou uma luz dourada e suave! Eu pude ver o refrigerador no qual eu bati meu joelho. E pude ver minhas ferramentas que precisavam ser consertadas.

“Como é bom ter luz!” eu disse em alta voz, e depois falei para as velas. “Se vocês fazem um bom trabalho aqui no quartinho, esperem até eu levá-las para fora onde vocês são realmente necessárias! Vou colocar uma de vocês em cima da mesa para que possamos comer. Vou colocar uma de vocês na minha escrivaninha para que eu possa ler. Vou dar uma de vocês para Denalyn para que ela consiga bordar ponto-cruz. E eu vou colocar você,” peguei a maior de todas, “na sala de estar onde vai poder iluminar a área toda.” (Eu me senti um pouco tolo por falar com as velas – mas o que você faz quando as luzes se apagam?)

Eu estava me virando para sair com a vela maior ma mão quando ouvi uma voz, “Pare bem aí, agora.”

Parei, Alguém está aqui! Pensei. Então me acalmei. É só a Denalyn, caçoando de mim por falar com as velas.

“Ok, querida, pare com a brincadeira.” Eu disse na penumbra. Sem resposta. Hmm, talvez tenha sido o vento. Dei outro passo.

“Pare, eu disse!” Era aquela voz. Minhas mãos começaram a suar.

“Quem disse isso?”

“Eu disse.” A voz estava perto da minha mão.

“Quem é você? O que é você?”

“Eu sou a vela.” Olhei para a vela que estava segurando. Ela estava queimando com uma chama dourada e forte. Era vermelha e estava em um candelabro de madeira pesado que tinha uma asa firme.

Olhei em volta mais uma vez para var se a voz poderia estar vindo de alguma outra fonte. “Não há ninguém aqui além de mim, você e o resto de nós velas,” a voz me informou.

Eu levantei a vela para olhar mais detalhadamente. Você não vai acreditar o que eu vi. Havia uma pequenina cara na cera. (Eu disse que vocês não iriam acreditar em mim). Não só uma cara de cera que alguém havia esculpido, mas uma cara como se fosse de carne, que funciona, se move e cheia de expressão e vida.

“Não me tire daqui!”

“O que?”

“Eu disse não me tire desta sala.”

“O que você quer dizer? Eu tenho que te levar para fora. Você é uma vela. Seu trabalho é fornecer luz. Lá está escuro. As pessoas estão tropeçando e dando topadas nas paredes. Você tem que sair e iluminar o lugar!”

“Mas você não pode me levar para fora. Não estou pronta,” a vela explicou com olhos suplicantes. “Eu preciso de mais preparo.”

Eu não podia acreditar nos meus ouvidos. “Mais preparo?”

“Sim, decidi que preciso pesquisar sobre este trabalho de iluminar, então não vou sair e cometer um monte de erros. Você ficaria surpreso como pode ser o brilho de uma vela destreinada. Então estou estudando. Agora mesmo terminei um livro sobre a resistência do vento. Estou no meio de uma ótima série de fitas sobre construção e conservação de pavio – e estou lendo o novo bestseller sobre exposição de chama. Você ouviu falar dele?”

“Não,” eu respondi.

“Talvez você goste dele. Ele chama Fazendo Cera Eloqüentemente.”

“Isso realmente soa inter – “ eu me detive. O que estou fazendo? Estou aqui conversando com uma vela enquanto minha esposa e minhas filhas estão lá na escuridão!

“Então está certo,” eu disse. “Você não é a única vela na prateleira. Vou apagá-la e pegar as outras!”

Mas assim que enchi minhas bochechas de ar, ouvi outras vozes.

“Nós também não vamos!”

Era uma conspiração. Eu me virei e olhei para as outras três velas, cada uma com chamas dançantes sobre uma cara em miniatura.

Era mais do que se sentir embaraçado por conversar com velas. Eu estava ficando enervado.

“Vocês são velas e seu trabalho é iluminar lugares escuros!”

“Bem, isso pode ser o que você pensa,” disse a vela que estava mais à esquerda – um camarada magro e comprido com uma barba que lembra a de uma cabra e um sotaque britânico, “Você pode achar que devemos ir, mas estou ocupado.”

“Ocupado?”

“Sim, estou meditando.”

“O que? Uma vela que medita?”

“Sim, estou meditando na importância da luz. É realmente esclarecedor.”

Eu decidi argumentar com elas. “Ouçam, eu agradeço o que vocês estão fazendo. Eu sou a favor de tempo para meditação. E todos precisam estudar e pesquisar; mas pelo amor de Deus, vocês estão aqui há semanas! Vocês não tiveram tempo suficiente para por o seu pavio em ordem?”

“E vocês duas,” eu perguntei para as outras, “vão ficar aqui também?”

Uma vela roxa, gorda e baixa com bochechas roliças que me lembravam o Papai Noel disse em alta voz. “Estou esperando arrumar minha vida. Não estou estável o suficiente. Eu perco minha paciência com facilidade. Aposto que você diria que eu tenho a cabeça quente.”

Tudo isso estava soando familiar demais. “Não é o seu dom? O que você quer dizer?”

“Bem, eu sou uma cantora. Canto com outras velas para encorajá-las a queimar com mais brilho.”

Sem pedir minha permissão, ela começou uma interpretação de “This Little Light of Mine”. (Tenho que admitir, ela tem uma boa voz.)

As outras três também se juntaram, enchendo o quartinho com canções.

“Ei,” eu gritei por cima da música, “não me importo que vocês cantem enquanto vocês trabalham! Na verdade, seria bom um pouco de música lá fora!”

Elas não me ouviram. Estavam cantando alto demais. Eu gritei mais alto. “Vamos! Há muito tempo pra isso depois. Temos uma crise em nossas mãos.”

Elas não iriam parar. Coloquei a vela maior na prateleira e dei um passo para trás e pensei no absurdo daquilo tudo. Quatro velas saudavelmente perfeitas cantando umas para as outras sobre luz mas recusando sair do quartinho. Era tudo que eu podia suportar. Apaguei uma por uma. Elas continuaram cantando até o fim. A última a chamejar foi a fêmea. Eu assoprei bem na parte do “puff” do “Won’t let Satan puff me out”.

Coloquei minhas mãos no bolso e voltei na escuridão. Eu bati meu joelho no mesmo refrigerador. Aí dei um esbarrão em minha esposa.

“Onde estão as velas?” ela perguntou.

“Elas não … elas não vão trabalhar. A propósito, onde você comprou aquelas velas?”

“Ah, elas são velas da igreja. Lembra a igreja que fechou do outro lado da cidade? Eu as comprei ali.

Entendi.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Sobre pétalas e pessoas

Suponha que você more em um apartamento bem alto. No parapeito da janela do seu quarto está uma margarida solitária. Esta manhã você pegou a margarida e a prendeu em sua lapela. Como você só tem uma flor, este é um grande acontecimento e uma margarida especial.

Mas assim que você sai pela porta, as pessoas começam a tirar as pétalas da sua margarida. Alguém pega seu lugar no metrô. Apanhador de pétala. Você é culpado por causa de um relatório ruim de um colega de trabalho. Três pétalas. A promoção é dada a uma pessoa com menos experiência mas com aparência de jogador de pólo aquático da universidade. Mais pétalas. E no fim do dia, você está pra baixo. Miserável é a alma que ousar chegar perto dela. Você está a uma pétala de explodir.

E se o cenário fosse ligeiramente alterado? Vamos adicionar um personagem. O bondoso homem que mora no apartamento ao lado cuida de um canteiro de flores na esquina. Toda noite no caminho para casa, ele deixa no seu apartamento um buquê fresco, imerecido, mas irresistível. Não é sobra de flores. São arranjos top de linha. Você não sabe por que ele tem uma consideração tão grande por você, mas você não está reclamando. Por causa dele, o seu apartamento tem um cheiro suave … Se alguém mexer com a sua flor, você tem uma cesta cheia para substituí-la!

A diferença é enorme. E a interpretação é óbvia.

Deus vai encher seu mundo com flores. Ele entrega em mãos um buquê na sua porta todos os dias. Abra! Pegue-as! Então, quando vierem as rejeições, você não vai ficar sem pétalas.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Aprovado no teste

O amor verdadeiro muda as pessoas.

Afinal de contas, o amor de Deus não transformou você? Você não estava cego? Você não podia enxergar além da sepultura. Você não podia ver seu propósito na vida até que Ele mostrou-lhe. E você também não conseguia ouvir. Ah, seus ouvidos funcionavam mas o seu coração não entendia. Você nunca teria ouvido falar de tal amor e bondade, e você nunca teria escutado sobre isto, mas Deus falou no seu idioma. E, acima de tudo, Ele libertou você. Você está livre! Livre para fugir. Livre para endurecer seu coração. Livre para ir para a marginalidade e esconder-se atrás das latas de lixo. Mas você não o faz. Ou se faz, você volta atrás. Por que?

Porque você nunca foi amado desse jeito antes.

Deus é aprovado no teste de 1 Coríntios 13:7. Ele quer o melhor pra você? “Deus a ninguém tenta“ (Tiago 1:13). Toda atividade do céu tem um objetivo: que você conheça Deus. “Ele fez toda raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limite da sua habitação, para buscarem a Deus, se porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós.” (Atos 17:26-27).

E Deus se alegra quando você faz o que é certo? Certamente. “O Senhor se compraz nos que o temem, nos que esperam na sua benignidade.” (Salmos 147:11). Deus chora quando você chora? Absolutamente. Ele é “Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação” (2 Coríntios 1:3-4).

Você quer saber o que é o amor? “Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou a nós, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” (1 João 4:10).

Deus é aprovado no teste. Ele deveria, não deveria? Afinal de contas, Ele o planejou. Que a nossa meta seja a mesma.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Guias de estudo

Leia os guias de estudo das histórias publicadas nas últimas semanas. Eles foram inseridos no rodapé dos artigos.

O homem é – eca
O povo da caverna
O doce som do segundo violino
A sabedoria do lenhador

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

O homem é – eca

Bob amava fazer as pessoas felizes. Bob vivia para fazer as pessoas felizes. Se as pessoas não estavam felizes, Bob não estava feliz. Então, todos os dias Bob saía para fazer as pessoas felizes. Não era uma tarefa fácil, porque o que deixa algumas pessoas felizes deixa outras pessoas bravas.

Bob vivia em uma terra onde todos usavam casacos. As pessoas nunca tiravam seus casacos. Bob nunca perguntou Por que? Ele só perguntava Qual? “Qual casaco eu devo usar?”

A mãe de Bob amava azul. Então, para agradá-la, ele colocou um casaco azul. Quando ela o visse vestindo o casaco azul ela diria, “É, Bob! Gosto muito quando você usa azul.” Então ele usou o casaco azul todo o tempo. E, enquanto ele não saía de casa e só via sua mãe, ele ficava feliz e ela dizia, “É, Bob” mais e mais vezes.

Bob cresceu e foi trabalhar. No primeiro dia de trabalho ele levantou cedo e colocou seu melhor casaco azul e andou pela rua.

A multidão na rua, entretanto, não gostava de azul. Gostavam de verde. Todos na rua usavam verde. Cada vez que ele passava, todos olhavam seu casaco azul e diziam, “Eca!”

Eca! Era uma dura palavra para Bob ouvir. Ele sentia-se culpado por ser a causa das pessoas falarem “eca”. Ele amava ouvir “é!” Ele odiava ouvir “eca!”

Quando as pessoas viram seu casaco e disseram “eca,” Bob entrou em uma loja de roupas e comprou um casaco verde. Ele o colocou por cima do seu casaco azul e voltou para a rua. “É!’ as pessoas gritavam quando ele passava. Ele sentiu-se melhor por ter feito elas se sentirem melhor.

Quando ele chegou no seu local de trabalho, entrou na sala do seu chefe vestindo o casaco verde. “Eca!” disse seu chefe.

“Sinto muito,” Bob disse tirando rapidamente o casaco verde deixando o azul à mostra. “Você deve ser como minha mãe.”

“Duplo eca!” respondeu o chefe. Ele levantou da cadeira, andou em direção ao armário e pegou um casaco amarelo. “Gostamos de amarelo aqui, “ ele ensinou.

“Como você quiser, senhor, Bob respondeu, aliviado por não ter mais que ouvir seu chefe dizer “eca”. Ele vestiu o casaco amarelo por cima do verde que estava por cima do azul. E então ele foi trabalhar.

Quando chegou a hora dele ir embora, ele trocou o casaco amarelo pelo verde e andou pelas ruas. Um pouco antes de chegar em sua casa, colocou o casaco azul por cima do verde e do amarelo e entrou.

Bob viu que a vida com três casacos era dura. Seus movimentos eram apertados e sempre estava com calor. Também havia vezes que o punho da manga de um casaco apareceria e alguém notaria, mas antes da pessoa dizer “eca”, Bob iria cobri-lo.

Um dia ele esqueceu de trocar de casaco antes de entrar em casa e, quando sua mãe viu o casaco verde, ela ficou roxa de desgosto e começou a dizer, “eca”. Mas antes que ela dissesse, Bob correu e colocou sua mão na boca dela e conseguiu que ela não terminasse a palavra enquanto ele trocava de casaco, depois tirou sua mão e ela disse, “é!”

Foi nesse momento que Bob percebeu que ele tinha um dom especial. Podia trocar as cores com facilidade. Com um pouco de treino, era capaz de tirar um casaco e substituir por outro em questão de segundos. Até mesmo o Bob não entendia sua versatilidade, mas gostava dela. Agora ele podia escolher qualquer cor a qualquer hora e agradar a todos.

Sua habilidade em trocar rapidamente de casacos fez com que alcançasse altas posições. Todos gostavam dele porque pensavam que ele era igual a eles. Com o passar do tempo, ele foi eleito prefeito em toda a cidade.

Seu discurso de aprovação era brilhante. Aqueles que gostavam de amarelo pensavam que ele estava vestindo amarelo, e só sua mãe sabia que era azul. Só ele sabia que constantemente trocava de um para outro.

Não era fácil, mas valia a pena, porque todos diziam “é!”

A vida multicolorida de Bob continuou até que um dia algumas pessoas que gostavam de casaco amarelo entraram enfurecidas em seu escritório. “Encontramos um criminoso que precisa ser executado,” eles falavam, empurrando o homem na direção da mesa do Bob. Bob ficou chocado com o que viu. O homem não estava usando nenhum casaco, apenas uma camiseta.

“Deixem ele comigo,” Bob disse, e aquelas pessoas saíram.

“Onde está seu casaco?” perguntou o prefeito.

“Eu não uso casaco.”

“Você não tem nenhum?”

“Eu não quero um.”

“Você não quer um casaco? Mas todos usam casacos. É, é, é desse jeito que as coisas são aqui.”

“Eu não sou daqui.”

“Que casaco as pessoas usam lá de onde você vem?”

“Não usam casaco.”

“Nenhum?”

“Nenhum.”

Bob olhou para o homem com espanto. “Mas e se as pessoas não aprovarem?”

“Não é a aprovação delas que eu busco.”

Bob nunca tinha ouvido uma declaração como essa. Ele não sabia o que falar. Ele nunca tinha conhecido uma pessoa que não tivesse um casaco. O homem sem casaco falou novamente.

“Eu estou aqui para mostrar às pessoas que elas não são obrigadas a agradar as outras. Estou aqui para falar a verdade.”

Se Bob nunca tivesse ouvido falar a palavra verdade, ele já a tinha rejeitado a muito tempo. “O que é verdade?” ele perguntou.

Mas antes do homem poder responder, as pessoas do lado de fora do escritório do prefeito começaram a gritar, “Mate-o! Mate-o!”

Um tumulto foi formado do lado de fora da janela. Bob caminhou em direção a ela e viu que o povo usava verde. Vestindo seu casaco verde, ele disse, “Não há nada errado com este homem.”

“Eca!” eles gritaram. Bob caiu para trás com o barulho.

Naquela hora as pessoas que usavam amarelo estavam de volta ao escritório. Vendo-as, Bob trocou de casaco e apelou, “O homem é inocente.”

“Eca!” eles disseram. Bob cobriu seus ouvidos.

Ele olhou para o homem e perguntou, “Quem é você?”

O homem simplesmente respondeu, “Quem é você?”

Bob não sabia. Mas de repente ele queria saber. Naquela hora, sua mãe que ficou sabendo daquilo tudo, entrou no escritório. Sem perceber, Bob mudou para azul. “Ele não é um de nós,” ela disse.

“Mas, mas…”
“Mate-o!”

Um temporal de vozes veio de todas as direções. Bob de novo cobriu seus ouvidos e olhou para o homem sem casaco. O homem estava em silêncio. Bob estava atormentado. “Não posso agradá-los e deixar você livre!” ele gritou por causa dos gritos.

O homem estava em silêncio.

“Não posso agradar você e eles!”

O homem ainda estava em silêncio.

“Fale comigo!” Bob ordenou.

O homem sem casaco disse uma palavra. ”Escolha.”

“Não posso!” Bob declarou. Ele levantou suas mãos e gritou, ‘Levem-no, eu lavo minhas mãos.”

Mas mesmo Bob sabia que não escolhendo ele fez uma escolha. O homem foi levado embora e Bob ficou sozinho. Sozinho com seus casacos.

Guia de estudo

Ecos do trovão

1. “Agora Bob podia escolher qualquer cor a qualquer hora e agradar a todos.”

A. Se te pedissem para escolher uma palavra para descrever o Bob, qual seria? Por que você escolheu essa palavra?

B. Por que às vezes somos tentados a agir como o Bob?

2. “Todos gostavam dele porque pensavam que ele era igual a eles.”

A. Por que gostamos das pessoas que se parecem conosco?

B. Qual é a grande armadilha escondida neste tipo de atitude?

3. “’Não é a aprovação delas que eu busco.’ Disse o homem.”

A. Quem este homem representa? Por que você acha isso?

B. Você busca a aprovação de quem? Por que?

1. “Eu estou aqui para mostrar às pessoas que elas não são obrigadas a agradar as outras. Estou aqui para falar a verdade.”

A. Você já sentiu que deveria agradar as pessoas? Se já, por que você se sentiu desta maneira?

B. Qual é a melhor maneira de nos lembrarmos que não temos o dever de agradar às pessoas?

Flashes de iluminação

1. Leia João 8:39-47.

A. Que verdade Jesus disse aos fariseus? Como eles reagiram?

B. Por que os fariseus não conseguiam acreditar em Jesus, se acordo com o versículo 47?

2. Leia Gálatas 4:16-18.

A. Que pergunta Paulo faz no versículo 16? Como isso pode ser possível?

B. Por que Paulo fala a verdade a eles, de acordo com os versículos 17-18?

3. Leia Gálatas 1:10

A. Que pergunta Paulo faz aqui?

B. Que resposta ele dá para a sua pergunta? Qual é a sua lição para nós?

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

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