Max Lucado

O Deus dos que estão com o coração partido

A névoa do coração partido. É uma névoa escura que dissimuladamente aprisiona a alma e aparta a fuga fácil. É uma neblina silenciosa que ofusca o sol e chama a escuridão. É a nuvem pesada que não honra hora nem respeita pessoa. Depressão, desencorajamento, desapontamento, dúvida… todos são companhias desta horrível presença.

A névoa do coração partido desorienta nossa vida. Ela faz com que ver a estrada seja difícil. Ofusque suas luzes. Limpe o pára-brisa. Diminua a velocidade. Faça o que você quiser, nada ajuda. Quando esta névoa nos cerca, nossa visão é bloqueada e o dia de amanhã está longe para sempre. Quando esta escuridão nos cobre, as palavras mais sérias de ajuda e de esperança são frases vagas.

Se você alguma vez foi traído por um amigo, você sabe o que eu quero dizer. Se você alguma vez foi largado por um cônjuge ou abandonado pelo pai ou pela mãe, você viu esta névoa. Se você alguma vez colocou uma pá com terra no caixão de uma pessoa amada ou manteve vigília ao lado de uma pessoa querida, você também reconhece esta nuvem.

Se você já esteve nesta névoa, ou está agora, pode ter certeza de uma coisa – você não está só. Até os capitães dos mares mais salgados perderam seus rumos por causa do aparecimento desta nuvem indesejável. Como o comediante disse, “Se corações partidos fossem comerciais, todos nós estaríamos na TV.”

Pense nos últimos dois ou três meses. Quantas pessoas com o coração partido você encontrou? Quantas almas feridas você atestou? Sobre quantas histórias de tragédia você leu?

A mulher que perdeu seu marido e filho em uma estranha destruição do carro.

A encantadora mãe de três filhos que foi abandonada por seu marido.

A criança que foi atingida e morta por um caminhão de lixo que passava quando ela descia do ônibus escolar. Sua mãe, que estava esperando por ela, assistiu à tragédia.

Os pais que encontraram seu filho adolescente morto na mata atrás de sua casa. Ele se enforcou em uma árvore com seu próprio cinto.

A lista continua mais e mais, não é? Tragédias nebulosas. Como elas cegam nossa visão e destróem nossos sonhos! Esqueça quaisquer expectativas grandiosas de alcançar o mundo. Esqueça quaisquer planos de mudar a sociedade. Esqueça quaisquer aspirações de mover montanhas. Esqueça tudo. Apenas me ajude a atravessar a noite!

O sofrimento dos que estão com o coração partido.

Vá comigo por um momento testemunhar o que talvez tenha sido a noite mais nebulosa na história. A cena é muito simples; você irá reconhecê-la rapidamente. Um bosque de oliveiras desfiguradas. O terreno com grandes pedras amontoadas desordenadamente. Uma cerca baixa de pedras. Uma noite muito escura.

Agora, olhe para dentro da cena. Olhe minuciosamente através da folhagem escura. Vê aquela pessoa? Vê aquela figura solitária? O que Ele está fazendo? Derrubado no chão. O rosto manchado com sujeira e lágrimas. O punho socando a terra dura. Os olhos arregalados atônitos de medo. O cabelo emaranhado com suor salgado. Aquilo é sangue em Sua testa?

É Jesus. Jesus no Jardim do Getsêmani.

Talvez você tenha visto o retrato clássico de Cristo no jardim. Ajoelhado ao lado de uma pedra grande. Com uma toga branca como a neve. As mãos tranqüilamente dobradas em oração. Uma aparência de serenidade em Seu rosto. Uma auréola sobre Sua cabeça. Uma luz do céu iluminando Seu cabelo marrom dourado.

Agora, não sou artista, mas posso dizer uma coisa para você. O homem que pintou este quadro não usou o evangelho de Marcos como padrão. Olhe o que Marcos escreveu sobre aquela noite dolorosa.

    Então foram para um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse aos seus discípulos: “Sentem-se aqui enquanto vou orar”. Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar aflito e angustiado. E lhes disse: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem”. Indo um pouco mais adiante, prostrou-se e orava para que, se possível, fosse afastada dele aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres”. Então, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. “Simão”, ele disse a Pedro, “você está dormindo? Não pôde vigiar nem por uma hora? Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Mais uma vez ele se afastou e orou, repetindo as mesmas palavras. Quando voltou, de novo os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Eles não sabiam o que lhe dizer. Voltando pela terceira vez, ele lhes disse: “vocês ainda dormem e descansam? Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantem-se e vamos! Aí vem aquele que me trai!” 1

Olhe para aquelas frases. “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal”. “Indo um pouco mais adiante, prostrou-se e orava”.

Isto parece uma cena de um Jesus santo descansando na palma de Deus? Dificilmente. Marcos usou um quadro preto para descrever a cena. Vemos um Jesus lutador, tenso e agonizante. Vemos “um homem de dores”. 2 vemos um homem brigando com medo, lutando com compromissos, e ansiando por alívio.

Vemos Jesus na névoa de um coração partido. O escritor de Hebreus escreveria mais tarde, “Durante os seus dias de vida na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em alta voz e com lágrimas, àquele que o podia salvar da morte”. 3

Cara, que retrato! Jesus está sofrendo. Jesus está na fase do medo. Jesus está encoberto, não em santidade, mas em humanidade.

Da próxima vez que a névoa o encontrar, você faz bem em lembrar de Jesus no jardim. Da próxima vez que você pensar que ninguém entende, releia o décimo quarto capítulo de Marcos. Da próxima vez que sua auto-piedade o convencer de que ninguém se importa, faça uma visita ao Getsêmani. E da próxima vez que você perguntar a si mesmo se Deus realmente compreende a dor que impera neste planeta poeirento, ouça-o suplicando entre as árvores desfiguradas.

Aqui está o meu objetivo. Ver que este Deus se preocupa com nosso próprio sofrimento. Deus nunca foi mais humano do que nesta hora. Deus nunca esteve mais perto de nós do que quando Ele sofreu. A Encarnação nunca foi tão satisfeita como no jardim.

Como resultado, o tempo gasto na névoa da dor poderia ser o maior presente de Deus. Poderia ser a hora em que nós finalmente veríamos nosso Criador. Se for verdade que no sofrimento Deus é mais como o homem, talvez em nosso sofrimento possamos ver Deus como nunca antes.

Da próxima vez que você for chamado para sofrer, preste atenção. Pode ser o mais perto que você alguma vez chegará de Deus. Olhe cuidadosamente. A mão que se estende para guiá-lo para fora da névoa poderia muito bem ser uma mão perfurada.

1Marcos 14:32-42
2Isaías 53:3
3Hebreus 5:7
Itálico do Max

Guia de estudo

Ver que este Deus se preocupa com nosso próprio sofrimento. Deus nunca foi mais humano do que nesta hora. Deus nunca esteve mais perto de nós do que quando Ele se sofre.

  1. Como isto ajuda entender que Jesus, em Sua humanidade, sofreu no Jardim do Getsêmani?
  2. Releia o relato em Marcos 14:32-42 ou em um dos outros Evangelhos. O que no comportamento de Jesus parece muito “humano” para você? O que é surpreendente nesses eventos?
  3. Se esta fosse a única passagem disponível a um não-cristão, que princípios básicos do Evangelho poderiam ser ensinados dela? De que maneira esta passagem serve como exemplo e como encorajamento quando você ora no meio da “névoa”?

Se for verdade que no sofrimento Deus é mais como o homem, talvez em nosso sofrimento possamos ver Deus como nunca antes.

  1. Em tempos de sofrimento, a sua visão de Deus melhora ou piora? Sob que circunstâncias você se volta para Deus? Sob que circunstâncias você se afasta dEle?
  2. Como as seguintes passagens nos asseguram que Deus não somente entende mas se preocupa com nossos sofrimentos: Mateus 10:28-31; João 14:1-3 e Romanos 8:28-39?
  3. Como os tempos de sofrimento podem definitivamente ser uma bênção? Leia 2 Coríntios 4:7 – 5:11; 2 Tessalonicenses 1:3-10 e Lucas 6:20-22.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Questão para a margem do desfiladeiro

“Como foi a noite?” a enfermeira perguntou. Os olhos cansados do jovem responderam a pergunta antes que seus lábios pudessem responder. Foi longa e difícil como sempre são as vigílias. Mas mais ainda quando elas são com seu próprio pai.

“Ele não acordou.”

O filho sentou perto da cama e segurou a mão ossuda que tantas vezes segurou a dele. Ele estava receoso de soltá-la com medo de que, se fizesse isso, pudesse permitir que o homem que ele amava tão carinhosamente caísse. Ele a segurou a noite toda como se os dois estivessem em pé à margem do desfiladeiro, cientes do passo final para o qual faltavam apenas algumas horas.

Com palavras pintadas de um confuso preto, ele resumiu os medos que foram seus companheiros durante a escuridão. “Eu sei que isso deve acontecer,” o filho ansiava, olhando para o rosto pálido de seu pai, “Só não sei por quê.”

O desfiladeiro da morte.

É um desfiladeiro devastado. O solo seco é rachado e sem vida. Um sol causticante aquece o vento que geme estranhamente e provoca uma dor forte impiedosamente. As lágrimas caem e as palavras vêm lentamente quando os visitantes do desfiladeiro são forçados a olhar para dentro do barranco. O fundo da fenda é invisível, o outro lado é inalcançável. Você não pode fazer nada a não ser querer saber o que está escondido na escuridão. E você não pode fazer nada a não ser ansiar para sair.

Você já esteve ali? Você já foi chamado para ficar na linha tênue que separa a vida da morte? Você já ficou deitado à noite ouvindo máquinas bombeando ar para dentro e para fora de seus pulmões? Você já assistiu a doença corroer e atrofiar o corpo de um amigo? Você já se demorou atrás de um cemitério bem depois dos outros saírem, olhando fixamente com incredulidade para o caixão de metal que contém o corpo que continha a alma de alguém que você não acredita que se foi?

Se já, então este desfiladeiro é familiar para você. Você ouviu o assobio solitário dos ventos. Você ouviu as dolorosas perguntas Por quê? Para quê? ricochetearem sem resposta fora das paredes do desfiladeiro. E você chutou pedras soltas para fora da margem e esperou o som da queda, que nunca vem.

O jovem pai esmagou o cigarro no cinzeiro de plástico. Ele estava sozinho na sala de espera do hospital. Quanto tempo vai demorar? Tudo aconteceu tão rapidamente! Primeiro veio a notícia do hospital, depois a ida frenética para a sala de emergência e então a explicação da enfermeira. “Seu filho foi atropelado por um carro. Ele tem sérias feridas na cabeça. Ele está em cirurgia. Os médicos estão fazendo o melhor que podem.”

Outro cigarro. “Meu Deus.” As palavras do pai eram quase inaudíveis. “Ele só tem cinco anos.”

Estar à margem do desfiladeiro puxa tudo da vida para uma perspectiva. O que importa e o que não é facilmente distinguido. Sobre o muro do desfiladeiro ninguém se preocupa com salários ou posições. Ninguém pergunta sobre o carro que você dirige ou em que parte da cidade você mora. Enquanto os seres humanos ficam ao lado deste abismo eterno, todos os jogos e disfarces da vida parecem tristemente ridículos.

Aconteceu em um instante ardente.

“Onde está o pássaro?” um engenheiro espacial gritou no Cabo Canaveral.

“Oh, meu Deus” um professor chorou à vista dos que estavam por perto. “Não deixe acontecer o que eu acho que acabou de acontecer”.

Confusão e horror correram através da nação enquanto estávamos à margem do desfiladeiro vendo sete dos nossos melhores desintegrarem diante de nossos olhos quando a lançadeira explodiu em uma bola de fogo laranja e branca.

Mais uma vez fomos lembrados que mesmo com nosso enorme avanço tecnológico, ainda somos assustadoramente frágeis.

É possível que esteja dirigindo-me a uma pessoa que está andando no muro do desfiladeiro. Alguém que você ama ternamente foi chamado para o desconhecido e você está sozinho. Sozinho com seus medos e sozinho com suas dúvidas. Se este é o caso, por favor leia o resto deste artigo bem cuidadosamente. Olhe com cuidado para a cena descrita em João 11.

Nesta cena há duas pessoas: Marta e Jesus. E para todos os propósitos práticos, eles são as duas únicas pessoas no universo.

Suas palavras estavam cheias de desespero: “Se estivesse aqui…” Ela olha fixamente para o rosto do Mestre com olhos confusos. Ela tem sido forte tempo suficiente; agora dói muito. Lázaro estava morto. Seu irmão tinha ido. E o único homem que poderia ter feito diferença não fez. Ele nem havia ido ao enterro. Alguma coisa a respeito da morte nos faz acusar Deus de traição. “Se Deus estivesse aqui não haveria morte!” nós reclamamos.

Você vê, se Deus é Deus em qualquer lugar, Ele deve ser Deus em vista da morte. A psicologia pop pode lidar com a depressão. As conversas pop podem lidar com o pessimismo. A prosperidade pode lidar com a fome. Mas somente Deus pode lidar com nosso último dilema – a morte. E somente o Deus da Bíblia ousou ficar à margem do desfiladeiro e oferecer uma resposta. Ele deve ser Deus em vista da morte. Se não, Ele não é Deus em qualquer lugar.

Jesus não estava bravo com Marta. Talvez tenha sido Sua paciência que foi a causa da mudança do tom dela de frustração para seriedade. “Mesmo agora, tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.”

Jesus então fez uma daquelas exigências que O coloca ou no trono ou no asilo: “Teu irmão há de ressurgir.”

Marta entendeu mal. (Quem não entenderia?) “Eu sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia.”

Não foi o que Jesus quis dizer. Não perca o contexto das próximas palavras. Imagine o cenário: Jesus intrometeu-se no gramado do inimigo; Ele está no Desfiladeiro da Morte de Satanás. Seu estômago vira enquanto sente o fedor sulfúrico do ex-anjo, e Ele estremece quando ouve os lamentos oprimidos daqueles trancados na prisão. Satanás esteve aqui. Ele violou uma das criações de Deus.

Com Seu pé colocado na cabeça da serpente, Jesus fala alto o suficiente para que Suas palavras ecoem para fora dos muros do desfiladeiro.

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.” (João 11:25).

É um ponto que vira a história. Uma abertura foi encontrada na blindagem da morte. As chaves para as entradas do inferno foram reivindicadas. Os abutres dispersam e os escorpiões saem correndo quando a Vida confronta a morte – e vence! O vento pára. Uma nuvem bloqueia o sol e um pássaro pia à distância enquanto uma serpente humilhada desliza entre as pedras e desaparece no chão.

O palco foi montado para um confronto no Calvário.

Mas Jesus não terminou sua conversa com Marta. Com olhos imobilizados nos dela, Ele pergunta a maior questão encontrada nas Escrituras, uma questão que significou tanto para você e eu quanto para Marta.

“Crês isto?”

Uau! Aqui está. A última linha. A dimensão que separa Jesus de milhares de gurus e profetas que foram a pique. A questão que leva qualquer ouvinte responsável à absoluta obediência ou à total rejeição da fé Cristã.

“Crês isto?”

Deixe a pergunta cair dentro de seu coração por um minuto. Você acredita que um jovem itinerante sem dinheiro é maior que sua morte? Você realmente acredita que a morte nada mais é do que uma rampa de entrada para uma nova estrada?

“Crês isto?”

Jesus não apresentou esta pergunta como tópico para discussão em uma Escola Dominical. Nunca foi pretendido lidar com isso aquecendo-se na luz do sol de vidro pintado nem assentado em bancos acolchoados.

Não. Esta é a pergunta de um desfiladeiro. Uma pergunta que faz sentido somente durante uma noite inteira de vigília ou na calma de salas de espera cheias de fumaça. Uma pergunta que faz sentido quando todos os nossos trajes, escoras e muletas são levados embora. Então devemos encarar-nos como realmente somos: humanos sem orientação girando em volta de si mesmos em direção ao desastre. E somos forçados a vê-lo pelo que Ele requer ser: nossa única esperança.

Mais por desespero do que por inspiração, Marta disse sim. Enquanto ela estudava o rosto bronzeado do Carpinteiro galileu, alguma coisa lhe disse que ela provavelmente nunca tinha chegado tão perto da verdade como ela estava agora. Então ela deu para Ele sua mão e O deixou conduzi-la para fora do muro do desfiladeiro.

“Eu sou a ressurreição e a vida. Crês isto?”

Guia de estudo

Somente Deus pode lidar com nosso último dilema – a morte. E somente o Deus da Bíblia ousou ficar à margem do desfiladeiro e oferecer uma resposta. Ele deve ser Deus em vista da morte. Se não, Ele não é Deus em qualquer lugar.

  1. O que o Max quer dizer com “Ele deve ser Deus em vista da morte. Se não, Ele não é Deus em qualquer lugar.” Qual é a resposta que Deus oferece para a morte? Como Ele oferece a resposta?
  2. Leia 1 Coríntios 15:12-28 e re-escreva com suas próprias palavras o argumento de Paulo referente à morte e ressurreição.
  3. Como você responderia a alguém que questiona que Jesus foi ressuscitado dentre os mortos e que há vida depois da morte?

Você acredita que um jovem itinerante sem dinheiro é maior que sua morte? Você realmente acredita que a morte nada mais é do que uma rampa de entrada para uma nova estrada?

  1. O Max descreve a morte como uma rampa de entrada. Que outras comparações úteis você pode fazer para explicar como é a morte?
  2. Que idéias essas passagens dão sobre a conexão entre morte e vida: Lucas 20:34-38; João 11:25-26; Romanos 8:10-11?
  3. O que você diria a alguém encarando a morte que ajudaria essa pessoa a ver a solução de Deus?

    Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
    Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Deus nunca desiste

Como eu sei que Deus está comigo? E se tudo isto for uma brincadeira?

Como você sabe que é Deus quem está falando?

A escuridão terrível e abafada da dúvida. A mesma escuridão que você sente quando senta em um banco polido de uma capela funerária e ouve o obituário de uma pessoa que você ama mais que a vida.

A mesma escuridão que você sente quando ouve as palavras, “O tumor é maligno. Temos que operar.”

A mesma escuridão que cai sobre você quando percebe que acaba de perder o temperamento… de novo. A mesma escuridão que você sente quando percebe que o divórcio que você nunca quis chegou ao final.

A mesma escuridão na qual Jesus gritou, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

Palavras apropriadas. Porque quando duvidamos, Deus parece estar muito longe.

É exatamente porque Ele escolheu estar tão perto.

Através do tempo, apesar do povo de Deus esquecer seu Deus muitas vezes, Deus não se esqueceu deles. Ele manteve Sua palavra.

Deus não desistiu. Ele nunca desiste. Quando José foi jogado em um buraco por seus próprios irmãos, Deus não desistiu.

Quando Moisés disse, “Eis-me aqui, envie Arão,” Deus não desistiu.

Quando os israelitas libertados preferiam ser escravos no Egito ao invés de leite e mel, Deus não desistiu.

Quando Arão estava fazendo um falso deus exatamente ao mesmo tempo em que Moisés estava com o verdadeiro Deus, Deus não desistiu.

Quando somente dois dos dez espias consideravam que o Criador era poderoso o suficiente para libertar a criatura, Deus não desistiu.

Quando Sansão contou o segredo a Dalila, quando Saul riu de Davi, quando Davi conspirou contra Urias, Deus não desistiu.

Quando a palavra de Deus foi esquecida e os ídolos humanos brilharam, Deus não desistiu.

Quando os filhos de Israel foram levados cativos, Deus não desistiu.

Ele poderia ter desistido. Ele poderia ter virado as costas. Ele poderia ter ido embora da desordem desprezível, mas Ele não o fez.

Ele não desistiu.

Quando Ele se tornou carne e foi vítima de uma tentativa de assassinato antes de ter dois anos de idade, Ele não desistiu.

Quando o povo de sua própria cidade tentou O empurrar de um penhasco, Ele não desistiu.

Quando seus irmãos O ridicularizaram, Ele não desistiu.

Quando Ele foi acusado de blasfemar Deus por pessoas que não temiam a Deus, Ele não desistiu.

Quando Pedro O adorou à Ceia e O maldisse à fogueira, Ele não desistiu.

Quando as pessoas bateram em Seus rosto, Ele não bateu de volta. Quando os espectadores o insultaram, Ele não os insultou. Quando um chicoteador dilacerou Seus lados, Ele não se virou e ordenou aos anjos que estavam aguardando a empurrar aquele chicoteador goela abaixo dos soldados.

E quando as mãos humanas prenderam as mãos divinas em uma cruz com cravos, não foram os soldados que seguraram firme as mãos de Jesus. Foi Deus quem as segurou firme. Porque aquelas mãos feridas foram as mesmas mãos invisíveis que carregaram o cântaro e a tocha dois mil anos antes. Eram as mesmas mãos que trouxeram luz dentro da escuridão terrível e abafada. Elas vieram fazer isso de novo.

Então, da próxima vez que a dúvida entrar, escolte-a para fora. Fora para o monte. Fora para o Calvário. Fora para a cruz onde, com sangue santo, a mão que carregou a chama, escreveu a promessa, “Deus desistiria do Seu próprio Filho antes de desistir de você.”

Guia de estudo

Leia 2 Timóteo 2:8-13

  1. Um bom jeito de combater a dúvida é lembrar que fatos são essenciais. O que Paulo pede para Timóteo “lembrar” no versículo 8? Como isto é essencial?
  2. O versículo 11 promete que viveremos com Cristo se “morrermos com Ele”. O que significa “morrer com Ele”? como você faz isso?
  3. Que aviso é incluído no versículo 12? Como as dúvidas às vezes entra aqui? Como o aviso de Paulo aqui se compara com as próprias palavras de Jesus em Lucas 12:8-9?
  4. Que esperança formidável é encontrada no versículo13? Sobre o que esta esperança é construída?
  5. O que significa para você que Deus é absolutamente fiel?
  6. Este capítulo listou muitas vezes quando Deus não desistiu do Seu povo. Pense em sua própria vida. Você pode se lembrar das vezes que você foi infiel, mas Deus foi fiel com você? Escreva e conte a um amigo sobre isso.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Conheça o Deus do encorajamento

Já faz um tempo desde que você fitou os céus mudo por estar maravilhado? Já faz um tempo desde que você compreendeu a divindade de Deus e Sua carnalidade?

Se faz, então você precisa saber uma coisa. Ele ainda está lá. Ele não foi embora. Embaixo de todos estes papéis, livros, relatórios e anos. No meio de todas estas vozes, rostos, memórias e cenas, Ele ainda está lá.

Faça um favor a você mesmo. Fique diante dEle novamente. Ou, melhor, permita que Ele fique diante de você. Vá em seu cenáculo e espere. Espere até ele vir. E quando ele aparecer, não saia. Passe seus dedos em Seus pés. Coloque sua mão no lado perfurado. E olhe naqueles olhos. Aqueles mesmos olhos que derreteram os portões do inferno e colocaram os demônios e Satanás para correr. Olhe para eles assim como eles olham para você. Você nunca mais será o mesmo.

Um homem nunca mais é o mesmo depois de ver simultaneamente seu desânimo exterior e a firme graça de Deus.

Ver o desânimo sem a graça é suicídio. Ver a graça sem o desânimo é futilidade do cenáculo. Mas ver ambos é conversão.

Venha conhecer o Deus do encorajamento. Ele ama você. Ele nunca desiste de você, especialmente quando a vida está difícil, porque Ele tem estado lá. A mão que toca você para o confortar é uma mão perfurada.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

A paisagem do país elevado

Quando estava em Colorado em umas férias de uma semana, nossa família juntou-se com muitas outras e decidiu subir ao topo de 4.267 metros de altura. Escalaríamos pelo jeito mais fácil. Dirigir pela mata e enfrentar os últimos 1.610 metros a pé. Os sinceros andarilhos ficariam com tédio, mas por uma família com três meninas pequenas, era tudo que podíamos suportar.

A viagem foi tão cansativa quanto bonita. Fui relembrado quanto o ar era rarefeito e minha cintura não era.

Nossa Sara de quatro anos teve a dificuldade dobrada. Uma queda nos primeiros minutos a deixou com um joelho ralado e um passo tímido. Ela não queria andar. Na verdade, ela se recusou a andar. Ela queria andar de cavalinho. Primeiro em minhas costas, depois nos braços da mãe, depois minhas costas, depois nas costas de um amigo, depois minhas costas, depois na da mãe. Bem, você entendeu.

Realmente, você sabe como ela se sentiu. Você, também, caiu, e você, também, pediu ajuda. E você, também, recebeu-a.

Todos nós às vezes precisamos de ajuda. Esta viagem fica íngreme. Tão íngreme que alguns de nós desistem.

Alguns param de escalar. Alguns apenas sentam. Eles ainda estão perto da trilha, mas não estão nela. Eles não abandonaram a excursão, mas não a continuaram. Eles não desmontaram, mas também não estimularam. Eles não renunciaram e ainda também não resolveram.

Eles simplesmente pararam de andar. Muito tempo é gasto sentando ao redor da fogueira, conversando sobre como as coisas eram. Alguns sentarão no mesmo lugar durante anos. Não mudarão. As orações não vão aprofundar. A devoção não vai crescer. A paixão não vai aumentar.

Alguns poucos até crescem cínicos. Magoam o viajante que os desafiou a recomeçar a viagem. Magoam o profeta que os desafiam a verem a montanha. Magoam o explorador que os lembrou do seu chamado. Peregrinos não são bem-vindos aqui.

E então os peregrinos vão andando enquanto o colonizador coloniza.

Coloniza para a mesmice.

Coloniza para a segurança.

Coloniza para montes de neve.

Espero que você não faça isso. Mas se você faz, espero que você não despreze o peregrino que o chama para voltar para a viagem.

Vale a pena continuar andando.

Enquanto eu tentava, sem sucesso, convencer Sara a andar, eu tentava descrever o que iríamos ver. “Será tão bonito,” contava para ela. “Você vai ver todas as montanhas e o céu e as árvores.” Sem sucesso – ela queria ser carregada. Ainda uma boa idéia, entretanto. Mesmo se não funcionasse. Nada coloca mais energia na viagem do que uma visão do topo da montanha.

Por acaso, uma cena maravilhosa o espera também. O escritor de Hebreus nos dá um pedaço do céu National Geographic. Preste atenção como ele descreve o topo do monte Sião. Ele diz que quando alcançarmos o monte teremos “chegado à cidade do Deus vivo… às miríades de anjos… à igreja dos primogênitos inscritos nos céus… a Deus, o juiz de todos… aos espíritos dos justos aperfeiçoados… a Jesus, o mediador de um nova aliança… ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel” (Hebreus 12:22-24).

Que monte! Não vai ser maravilhoso ver os anjos? Finalmente saber como eles são e quem eles são? Ouvi-los contar das vezes que estiveram ao nosso lado, até dentro de nossas casas?

Imagine o encontro com os primogênitos. O encontro de todos os filhos de Deus. Sem inveja. Sem competição. Sem divisão. Sem pressa. Seremos perfeitos. Sem pecado. Sem mais erros. Sem mais tropeços. A cobiça vai acabar. As fofocas serão silenciadas. O rancor removido para sempre.

E imagine ver Deus. Finalmente, olhar fixamente o rosto do nosso Pai. Sentir o olhar fixo do Pai em você. Nenhum deles cessará.

Ele fará o que prometeu que faria. Farei novas todas as coisas., ele prometeu. Restaurarei o que foi tomado. Restaurarei seus anos de inclinação em muletas e preso em cadeira de rodas. Restaurarei os sorrisos enfraquecidos pela mágoa. Tocarei de novo as sinfonias não ouvidas por surdos e os pores-do-sol não vistos pelos cegos.

O mudo cantará. O pobre festejará. As feridas sararão.

Farei novas todas as coisas. Restaurarei todas as coisas. A criança infectada por doença correrá para seus braços. A liberdade perdida pela opressão será ignorada pelo seu coração. A paz de um coração puro será meu presente para você.

Farei novas todas as coisas. Nova esperança. Nova fé. E acima de tudo novo Amor. O Amor do qual todos os outros amores falam. O Amor diante do qual todos os outros amores empalidecem. O Amor que você tem procurado em mil portos em mil noites. Este meu Amor será seu. 1

Que monte! Jesus estará lá. Você tem almejado vê-lO. Você finalmente verá. É interessante o que o escritor diz que veremos. Ele não menciona o rosto de Jesus, apesar de que iremos vê-lo. Ele não se refere à voz de Jesus, apesar de que ela gritará. Ele menciona uma parte de Jesus que a maioria de nós não pensaria em ver. Ele diz que veremos o sangue de Jesus. O vermelho da cruz. O líquido da vida que verteu de Sua fronte, pingou de Suas mãos e escorreu de Seu lado.

O sangue humano do Cristo divino. Cobrindo nossos pecados.

Proclamando a mensagem: Fomos comprados. Não podemos ser vendidos. Nunca.

Que momento. Que monte.

Acredite em mim quando digo que valerá a pena. Nenhum preço é alto demais. Se você precisa pagar um preço, pague! Nenhum sacrifício é demais. Se você precisa deixar a bagagem na trilha, deixe! Nenhuma perda se compara. O que quer que seja necessário, faça.

Pelo amor dos céus, faça.

Valerá a pena. Prometo. Uma visão do topo justificará a aflição da trilha.

Aliás, nosso grupo finalmente chegou ao topo da montanha. Ficamos por volta de uma hora no pico, tirando fotos e admirando a paisagem. Mais tarde, na descida, ouvi a pequena Sara exclamando orgulhosamente, “Eu consegui!”

Eu ri. Você não conseguiu, eu pensei. Sua mãe e eu conseguimos. Os amigos e a família a levaram para cima da montanha. Você não conseguiu.

Mas eu não disse nada. Não disse nada porque estava recebendo o mesmo tratamento. Você também está. Podemos pensar que estamos escalando, mas estamos nos escondendo. Escondendo atrás do Pai que nos vê cair. Escondendo atrás do Pai que quer que cheguemos em casa. Um Pai que não fica zangado quando ficamos cansados.

Afinal de contas, ele sabe o que é escalar uma montanha.

Ele escalou uma por nós.

1Veja Apocalipse 21:5.

Guia de estudo

Pontos a considerar

“Todos nós às vezes precisamos de ajuda. Esta viagem fica íngreme. Tão íngreme que alguns de nós desistem.”

  1. Você já foi tentado a desistir?
  2. Que circunstâncias induzem esse desejo?

“O sangue humano do Cristo divino. Cobrindo nossos pecados. Proclamando a mensagem: Fomos comprados. Não podemos ser vendidos. Nunca.

  1. Como a declaração acima te faz sentir?
  2. Explique por quê.

“Acredite em mim quando digo que valerá a pena. Nenhum preço é alto demais. Se você precisa pagar um preço, pague! Nenhum sacrifício é demais. Se você precisa deixar a bagagem na trilha, deixe! Nenhuma perda se compara. O que quer que seja necessário, faça.”

  1. Que preço pode estar sendo pedido para você pagar em sua própria vida? Que sacrifícios você poderia fazer?
  2. Que “bagagem” você precisa “deixar na trilha”? que bagagens você pode ajudar os outros a deixar?

Sabedoria da Palavra

  • Leia Hebreus 12:22-24. Como nosso futuro é descrito nesta passagem? Que imagem você faz dela? Ela encoraja você? Se encoraja, como? Se não encoraja, por que não?
  • Leia 1 Coríntios 6:19-20. A quem você pertence, segundo esta passagem? Como isto aconteceu? Como devemos reagir?
  • Leia Romanos 8:35-39. Existe algum possível inimigo deixado fora desta lista? Quão certo é o nosso destino? Como este destino foi assegurado? Como isto te faz sentir? Por quê?

    Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
    Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Órfãos ao portão

Encontrei uma história triste esta semana, uma história sobre um desastre na lua-de-mel. Os recém-casados chegaram ao hotel em poucas horas com grandes expectativas. Eles reservaram um quarto grande com encantos românticos. Não foi o que encontraram.

Parecia que o quarto era muito limitado. O pequeno quarto não tinha vista, não tinha flores, tinha um banheiro apertado e pior de tudo – não tinha cama. Tinha apenas um sofá-cama com um colchão cheio de protuberâncias e molas sem firmeza. Não era o que eles esperavam; conseqüentemente, a noite também não foi.

Na manhã seguinte, o noivo com o pescoço dolorido desceu bravo até a mesa do gerente e colocou sua raiva para fora. Depois de ouvir pacientemente por alguns minutos, o balconista perguntou, “Você abriu a porta do seu quarto?”

O noivo admitiu que não. Ele voltou para a suíte e abriu a porta que pensava que fosse um depósito. Lá, cheio de cestas de frutas e chocolates, estava um quarto espaçoso! 1

Suspiro.

Você pode imaginá-los bem na entrada do quarto que eles tinham negligenciado? Ah, teria sido tão bom…

Uma cama confortável ao invés de um sofá duro.

Uma janela emoldurada por cortinas ao invés de uma parede vazia.

Uma brisa fresca ao invés de um ar abafado.

Um lugar para banho em ordem ao invés de um banheiro apertado.

Mas eles não tiveram isso. Que triste. Restrito, esquisito e desconfortável enquanto o conforto estava a uma porta. Eles não tiveram isso porque pensaram que a porta fosse de um depósito.

Por que vocês não tentaram? Eu estava perguntando enquanto lia o texto. Fique curioso. Confira. Tente. Dê uma olhada. Por que vocês apenas supuseram que a porta não levava a lugar nenhum?

Boa pergunta. Não apenas para o casal mas para todo mundo. Não para o par que pensou que a sala era tudo que estava ali, mas para todos que se sentem confinados e empacotados na ante-sala chamada Terra. Não é o que nós esperamos. Pode ter seus momentos, mas simplesmente não é o que pensamos que seria. Alguma coisa dentro de nós suspira por mais.

Entendemos o que Paulo quis dizer quando escreveu: “gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Romanos 8:23).

Suspiro. Esta é a palavra. Um temor interno. O eco da caverna para o coração. O suspiro da alma que diz que o mundo é desconjuntado. Torto soletrado incorretamente. Manco.

Alguma coisa está errada.

A sala está muito apertada para respirar, a cama muito dura para dormir, as paredes muito vazias para agradar.

E então suspiramos.

Não é que não tentamos. Fazemos nosso melhor com a sala que temos. Arrastamos os móveis, pintamos as paredes, abaixamos as luzes. Mas há tanta coisa para se fazer com o lugar.

E então suspiramos.

E bem que devemos, Paulo persuade. Não fomos feitos para esses aposentos fracos. “Por enquanto estamos nessa tenda, gememos e somos oprimidos” (2 Coríntios 5:6 – tradução livre).

Nosso corpo uma tenda? Não é uma metáfora ruim. Eu passei algumas noites em tendas. Boas para as férias, mas não para o uso de todos os dias. As abas abertas. O vento de inverno rasteja por debaixo. O temporal de verão infiltra-se por cima. A lona fica fria e as estacas da tenda ficam frouxas.

Precisamos de algo melhor, Paulo persuade. Alguma coisa permanente. Alguma coisa sem sofrimento. Alguma coisa mais do que carne e osso. E até termos isso, suspiramos.

Sei que não estou lhe dizendo nada novo. Você conhece o suspiro da alma. Você não precisa que eu lhe diga que isso está aí.

Mas talvez você precisa que eu lhe diga que está tudo bem. Está tudo bem em suspirar. É permissível desejar. Desejar faz parte da vida. É apenas natural desejar o lar quando estamos em uma viagem.

Ainda não estamos em casa.

Somos órfãos ao portão do orfanato, esperando pelos nossos novos pais. Eles ainda não estão aqui, mas sabemos que estão vindo. Eles nos escreveram uma carta. Ainda não os vimos, mas sabemos como eles são. Eles nos mandaram uma foto. E ainda não estamos familiarizados com nossa nova casa, mas temos uma intuição sobre ela. É maravilhosa. Eles mandaram uma descrição.

E então o que fazemos? Aqui, perto do portão onde o aqui-agora encontra o não-ainda, o que fazemos?

Suspiramos. Desejamos o chamado para ir para casa. Mas até Ele chamar, esperamos. Ficamos perto do portão do orfanato e esperamos. E como esperamos? Com um gemido paciente.

“Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos (Romanos 8:25, ênfase do Max).

Gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoção” (Romanos 8:23, ênfase do Max). Gemido paciente. Não gemendo tanto a ponto de perder nossa paciência, e não tão paciente a ponto de perder nosso gemido. 2

Contudo, muitas vezes tendemos a um ou a outro.

Vimos a ser tão pacientes que dormimos! Nossas pálpebras ficam pesadas. Nossos corações ficam sonolentos. Nossa esperança caduca. Tiramos uma soneca em nossos postos.

Ou gememos tanto que exigimos. Exigimos neste mundo o que só o próximo mundo pode dar. Nenhuma doença. Nenhum sofrimento. Nenhuma luta. Fincamos nossos pés e balançamos nossos pulsos, esquecendo que é só no céu que é encontrada tal paz.

Devemos ser pacientes, mas não tanto a ponto de não desejar. Devemos gemer, mas não a ponto de não esperar.

Devemos ser sábios para fazer o que os recém–casados não fizeram. Devemos ser sábios para abrir a porta. Ficar no caminho de entrada. Olhar fixamente no quarto. Suspirar com a beleza.

E esperar. Esperar o noivo vir e nos carregar, sua noiva, para a entrada.

1 Leadership, Winter 1994, 46

2 Com reconhecimento a John R. Stott, Christian Assurance: The Hope of Glory (London: All Souls Cassettes), d28 lb.

Guia de estudo

Pontos a Considerar

“A Terra não é o que nós esperamos. Pode ter seus momentos, mas simplesmente não é o que pensamos que seria. Alguma coisa dentro de nós suspira por mais.”

  1. De que maneiras a Terra não é o que esperamos.
  2. Você “suspira por mais”? Explique.

“Gememos tanto que exigimos. Exigimos neste mundo o que só o próximo mundo pode dar. Nenhuma doença. Nenhum sofrimento. Nenhuma luta. Fincamos nossos pés e balançamos nossos pulsos, esquecendo que é só no céu que é encontrada tal paz.”

  1. Você já se pegou exigindo o que pertence propriamente ao próximo mundo?
  2. Se já, o que causa isso? Qual é o resultado?

Sabedoria da Palavra

  • Leia Romanos 8:18-25. Como a expectativa pela “redenção” faz a vida mais fácil com nossos “gemidos”? como este gemido se manifesta? Qual a expectativa definitiva que temos?
  • Leia 2 Coríntios 5:1-10. Para qual propósito Deus nos fez (Versículos 4 –5)? Onde entra o viver pela fé (v. 7)? Qual o nosso objetivo enquanto isso (v. 9)? Que motivação é dada (v. 10)?

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Vendo Deus

Uma das minhas lembranças de infância favoritas é cumprimentar meu pai quando ele chegava em casa do trabalho.

Minha mãe, que trabalhava à noite no hospital, saía de casa por volta das três horas da tarde. O papai chegava em casa às três e meia. Meu irmão e eu ficávamos sozinhos por aquela meia hora com instruções estritas para não sair de casa até que Papai chegasse.

Pegávamos nossos lugares no sofá e assistíamos desenhos, sempre mantendo um ouvido alerta na entrada de carros. Até o melhor “Patolino” era abandonado quando ouvíamos seu carro.

Posso lembrar de sair correndo para fora para encontrar Papai e ser girado em seus grandes (muitas vezes suados) braços. Enquanto ele me carregava para casa, ele colocava seu grande chapéu de palha em minha cabeça, e por um momento eu era um boiadeiro. Sentávamos no pórtico enquanto ele tirava suas botas oleosas que usava para trabalhar (nunca admitidas dentro de casa). Enquanto ele as tirava eu as colocava, e por um momento era um brigão. Então entrávamos e abríamos sua marmita do almoço. Qualquer sobra do almoço, que parecia que ele sempre tinha, era dividida entre mim e meu irmão.

Era demais. Botas, chapéus e lanches. O que mais poderia querer uma criança de cinco anos?

Mas suponha, por um minuto, que isso é tudo que tenho. Suponha que meu pai, ao invés de vir para casa, apenas mandasse algumas coisas para casa. Botas para eu brincar. Um chapéu para eu usar. Lanches para eu comer.

Seria suficiente? Talvez sim, mas não por muito tempo. Logo os presentes perderiam seu encanto. Logo, se não imediatamente, eu perguntaria, “Onde está o Papai?”

Ou pense em algo pior. Suponha que ele tenha me chamado e dito, “Max, eu não virei mais para casa. Mas mandarei minhas botas e meu chapéu, e todas as tardes, você pode brincar com eles.”

Nada feito. Não iria funcionar. Até uma criança de cinco anos sabe que é a pessoa, e não os presentes, que fazem uma festa ser especial. Não é a ornamentação; é o pai.

Imagine Deus nos fazendo uma oferta parecida:

Dar-te-ei qualquer coisa que você deseje. Qualquer uma. Amor perfeito. Paz eterna. Você nunca ficará com medo ou sozinho. Nenhuma confusão entrará em sua mente. Nenhuma ansiedade ou cansaço entrará em seu coração. Você não sentirá falta de nada.

Não haverá pecado. Não haverá culpa. Não haverá regras. Não haverá expectativas. Não haverá fracasso. Você nunca estará sozinho. Você nunca será machucado. Você nunca morrerá.

Porém você não verá minha face.1

Você iria querer isso? Eu também não. Não é o suficiente. Quem quer o céu sem Deus? O céu não é céu sem Deus. Uma eternidade sem morte e sem dor seria bom, mas inadequado. Fogos de artifício nos distrairiam, mas não é o que procuramos. O que queremos é Deus, queremos Deus mais do que entendemos. Não é que as regalias não sejam atraentes. Só não são suficientes. Não é que sejamos gananciosos. É apenas porque somos Seus e – Augustine estava certo – nossos corações estarão nervosos até que descansemos nEle.

Somente quando o encontrarmos estaremos satisfeitos. Moisés pode te contar.

Ele tinha a mesma porção de Deus quanto qualquer outro homem na Bíblia. Deus falou com ele em um arbusto. Deus o guiou com fogo. Deus maravilhou Moisés com as pragas. E quando Deus ficou bravo com os israelitas e retirou-se deles, Ele ficou perto de Moisés. Ele falou com Moisés “como qualquer fala com o seu amigo” (Êxodo 33:11). Moisés conhecia Deus como nenhum outro homem.

Mas isso não foi suficiente. Moisés ansiava por mais. Moisés anelava ver Deus. Ele até ousou pedir, “Rogo-te que me mostres a tua glória” (Êxodo 33:18).

Chapéu e lanche não eram suficientes. Uma coluna ardente e maná de manhã eram insuficientes. Moisés queria ver o próprio Deus.

Não é o que todos nós queremos?

Não é por isso que almejamos o céu? Podemos falar sobre um lugar onde não há lágrimas, não há morte, não há medo, não há noite; mas esses são só os benefícios celestiais. A beleza do céu é ver Deus. O céu é o coração de Deus.

E nosso coração só estará em paz quando O virmos. “Quanto a mim, em retidão contemplarei a tua face; eu me satisfarei com a tua semelhança quando acordar” (Salmos 17:15).

Satisfeitos? Isso é o que não estamos. Não estamos satisfeitos.

Afastamo-nos da mesa de Ação de Graças e damos tapinhas em nossas barrigas redondas. “Estou satisfeito,” nós declaramos. Mas olhe para nós poucas horas depois, de volta à cozinha tirando a carne do osso.

Acordamos depois de uma boa noite de sono e pulamos da cama. Não poderíamos voltar a dormir mesmo que alguém nos pagasse. Estamos satisfeitos – por um momento. Mas olhe para nós por volta de doze horas mais tarde, rastejando de volta para os lençóis.

Tiramos as férias de uma vida inteira. Planejamos por anos. Economizamos por anos. E vamos. Saciamo-nos com sol, diversão e boa comida. Mas não estamos nem no caminho de volta para casa antes de temermos o fim da viagem e começar a planejar outra.

Não estamos satisfeitos.

Quando somos crianças dizemos, “Se eu fosse adolescente.” Quando somos adolescentes dizemos, “Se eu fosse adulto.” Quando somos adultos, “Se eu fosse casado”. Quando somos casados, “Se eu tivesse filhos.” Quando somos pais, “Se meus filhos fossem grandes.” Em uma casa vazia, “Se os filhos nos visitassem.” Quando somos aposentados em uma cadeira de balanço com as juntas endurecidas e com a vista fraca, “Se eu fosse criança novamente.”

Não estamos satisfeitos. O contentamento é uma virtude difícil. Por quê?

Porque não existe nada na Terra que possa satisfazer nosso desejo mais profundo. Desejamos ver Deus. O folhear da vida está sussurrando o boato que veremos – e não ficaremos satisfeitos até que vejamos.

Não conseguimos estar satisfeitos. Não porque somos gananciosos, mas porque estamos famintos por algo que não se encontra nesta Terra. Somente Deus pode satisfazer. Filipe estava certo quando disse, “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (João 14:8).

Aliás, é neste ponto que mora o perigo. “Não poderás ver a minha face,” Deus disse a Moisés, “porquanto homem nenhum pode ver a minha face e viver” (Êxodo 33:20).

Os rabinos do século XVIII sabiam do risco de ver Deus. Rabbi Uri chorava todas as manhãs quando saía de casa para orar. Ele chamava seus filhos e sua esposa para perto de si e chorava como se nunca mais fosse vê-los. Quando o perguntavam por quê, ele dava esta resposta, “Quando começo minhas orações, clamo ao Senhor. Depois oro, “Senhor, tenha misericórdia de nós.” Quem sabe o que o poder de Deus vai fazer em mim naquele momento depois de eu o ter invocado e suplicado por misericórdia?” 2

Segundo a lenda, o primeiro índio americano a ver o Grand Canyon se amarrou em uma árvore apavorado. De acordo com a Escritura, qualquer homem com o privilégio de dar uma olhada em Deus sentiu o mesmo.

Completamente aterrorizado. Lembra-se das palavras de Isaías depois de sua visão de Deus? “Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!” (Isaías 6:5).

Por ver Deus, Isaías estava aterrorizado. Por que tal medo? Por que ele estremecia tanto? Porque ele era cera diante do sol. Uma vela em um furacão. Um peixinho no Niagara. A glória de Deus era enorme. Sua pureza muito genuína. Seu poder muito grande.

A santidade de Deus ilumina a pecaminosidade do homem.

Para entender isto, vamos imaginar que você está em um teatro. Você nunca tinha ido em um antes e você está curioso. Você remexe atrás do palco, olha as luzes, brinca com as cortinas e examina as estacas. Então você vê um camarim.

Você entra e senta-se à mesa. Você se olha no grande espelho na parede. O que você vê é o que você sempre vê quando olha seu reflexo. Nenhuma surpresa. Depois você percebe que o espelho está emoldurado com lâmpadas. Há um interruptor na parede. Você clica.

Uma dúzia de luzes brilham no seu rosto. De repente você vê o que não tinha visto. Defeitos. Rugas. Toda verruga e marca são realçadas. A luz iluminou suas imperfeições.

Foi o que aconteceu com Isaías. Quando viu Deus, ele não olhou com admiração. Ele não aplaudiu com estima. Ele caiu para trás em terror, chorando, “sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios!”

A santidade de Deus realça nossos pecados.

Considere as palavras de um outro profeta. “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém.” (Apocalipse 1:7, ênfase do Max).

Leia o versículo em outra versão. “Vejam! Ele vem chegando, rodeado de nuvens; e todo olho O verá – incluindo-se aqueles que O traspassaram. E as nações se lamentarão de tristeza e de terror quando Ele vier. Sim! Amém! Que assim seja!” (Apocalipse 1:7 – Bíblia Viva).

A santidade de Deus realça o pecado do homem.

Então, o que fazemos? Se é verdade que “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14), para onde nos dirigimos?

Não podemos sair da luz. Não podemos clicar no interruptor. Não podemos voltar ao acinzentado. Mas aí será tarde demais.

Então, o que podemos fazer?

A resposta é encontrada na história de Moisés. Leia com atenção, com muita atenção, os versículos seguintes. Leia para responder esta questão – o que Moisés fez para ver Deus? Leia devagar o que Deus diz. Você pode perder.

“Eis aqui um lugar junto a mim; aqui, sobre a penha, te porás. E quando a minha glória passar, eu te porei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. Depois, quando eu tirar a mão, me verás pelas costas; porém a minha face não se verá.” (Êxodo 33:21-23).

Você percebe o que Moisés estava para fazer? Nem eu. Você percebeu quem fez o trabalho? Eu também.

Deus fez! Deus é ativo. Deus deu a Moisés um lugar para ficar. Deus colocou Moisés na fenda. Deus cobriu Moisés com Sua mão. Deus passou. E Deus Se revelou.

Por favor, destaque o ponto. Deus equipou Moisés para O olhar rapidamente.

(Santo Moisés!)

Tudo o que Moisés fez foi pedir. Mas, ah, como ele pediu.

Tudo o que podemos fazer é pedir. Mas, ah, devemos pedir.

Somente pedindo nós recebemos. E somente procurando nós achamos.

E (preciso fazer a aplicação?) Deus é Aquele que vai equipar-nos para nosso momento eterno no Filho. Ele não nos deu uma pedra, o Senhor Jesus? Ele não nos deu uma fenda, Sua graça? E Ele não nos cobriu com Sua mão, Sua mão perfurada?

E o Pai não está a caminho para nos pegar?

Assim como meu pai vinha na hora certa, também Deus virá. E assim como meu pai trazia presentes e satisfação, o Seu também trará. Mas, por mais esplêndidos que sejam os presentes celestiais, não é por eles que esperamos.

Esperamos para ver o Pai. E isso será o suficiente.

Notas

1Com autorização de Augustine, Ennarationes in Psalmos, 127.9, como citado em Peter Kreeft, Heaven, 49.
2Annie Dillard, The Writting Lift (New York: Harper and Row, 1989), 9.

Guia de estudo

Pontos a considerar

“Quem quer o céu sem Deus? O céu não é céu sem Deus.”

1. Por que o céu pára de ser céu sem Deus?

2. Você iria querer viver em tal lugar? Explique.

“Porque não existe nada na Terra que possa satisfazer nosso desejo mais profundo. Desejamos ver Deus. O folhear da vida está sussurrando o boato que iremos – e não iremos estar satisfeitos até que estejamos.”

1. Você concorda com a explicação do Max de por que é difícil alcançar o contentamento?

2. Há outras razões de por que pode ser difícil alcançá-lo?

“Por ver Deus, Isaías estava aterrorizado. Por que tal medo? Por que ele estremecia tanto? Porque ele era cera diante do sol. Uma vela em um furacão. Um peixinho no Niagara. A glória de Deus era enorme. Sua pureza muito genuína. Seu poder muito forte. A santidade de Deus ilumina a pecaminosidade do homem.”

1. Defina a santidade de Deus.

2. Por que ela aterrorizou Isaías?

Sabedoria da Palavra

  • Leia Êxodo 33:12-23. Você faria o pedido de Moisés registrado no versículo 18? O que significa que ele não poderia ver a “face” de Deus? Como isto está relacionado à santidade de Deus?
  • Leia Isaías 6:1-7; Hebreus 12:14; Apocalipse 1:12-18. Como as pessoas normalmente reagem à santidade descoberta de Deus? Por que isto é assim? O que isso sugere sobre a maneira como devemos nos relacionar a Deus?
  • Leia Salmos 17:15. O que finalmente nos satisfará, de acordo com Davi? Por que isto deveria nos satisfazer?

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

O dom da tristeza

Céu: a maior expectativa de Deus

Finalmente, o momento! Você pode imaginá-lo?

Céu! Estamos prestes a entrar em Sua presença!

Não merecemos isso. Não somos dignos disso.

Podemos até surpreender os anjos.

Os anjos compõem a música. A música não se parece com nenhuma que já temos ouvido. De repente, silêncio. Agora, luz – cegante luz – enquanto o Maestro entra no cenário.

Logo, andaremos com Ele, conversaremos com Ele e adoraremos enquanto Ele conduz.

Logo Deus, o Autor da Vida e Autor da Esperança, falará nosso nome – um nome tão misterioso e cheio de promessa que só Ele sabe. É nosso nome – um novo nome – um nome totalmente só nosso para ser somente nosso para todos os dias que passarmos no Céu.

… nossa maior expectativa.

É o final da jornada.

É o começo da vida eterna.

É o momento que você não quer perder.

O dom da tristeza

Vive ali, dentro de você, no profundo do seu ser, um pequeno bem-te-vi. Ouça. Você o ouvirá cantar. Sua cantiga lamenta o anoitecer. Seu solo sinaliza a alvorada.

É a canção do bem-te-vi.

Ele não ficará em silêncio até que o sol seja visto.

Esquecemos que ele está ali, é tão fácil ignorá-lo. Outros animais da alma são maiores, mais barulhentos, exigem mais, são mais imponentes. Mas nenhum é tão constante.

Outras criaturas da alma são mais rapidamente alimentadas. Mais facilmente satisfeitas. Nós alimentamos o leão que ruge por poder. Nós acariciamos o tigre que precisa de afeto. Colocamos rédeas no garanhão que resiste ao controle.

Mas o que fazemos com o bem-te-vi que anseia pela eternidade?

Pois esta é a canção. Essa é a tarefa. Fora do cinza ele canta uma canção dourada. Empoleirado no tempo, ele gorjeia um verso atemporal. Piando através do abrigo da dor, ele vê um lugar indolor. Desse lugar ele canta.

E apesar de tentarmos ignorá-lo, não o podemos. Ele é nós, e sua canção é nossa. A canção do nosso coração não será silenciada até vermos a alvorada.

“Pôs na mente do homem a idéia da eternidade” (Eclesiastes 3:11), disse o homem sábio. Mas não é necessário uma pessoa sábia para saber que a humanidade anseia por mais do que a Terra. Quando vemos dor, sentimos pena. Quando vemos fome, perguntamos por quê. Mortes sem sentido. Lágrimas sem fim, perda desnecessária. De onde elas vêm? Para onde conduzirão?

Não há mais para vida do que para morte?

E assim canta o bem-te-vi.

Tentamos calar essa voz pequena e terrível. Como um pai silenciando uma criança, colocamos um dedo em lábios encolhidos e requeremos silêncio. Agora estou muito ocupado para conversar. Estou muito ocupado para pensar. Estou muito ocupado para questionar.

E então nos ocupamos com a incumbência de estarmos ocupados.

Mas ocasionalmente ouvimos sua canção. E ocasionalmente deixamos a canção sussurrar para nós que há algo mais. Deve haver algo mais.

E enquanto ouvirmos a música, seremos confortados. Enquanto estivermos tristes, procuraremos. Enquanto soubermos que há um país longe daqui, teremos esperança.

O único desastre definitivo que pode nos acontecer, vim a perceber, é sentir que estamos em casa na Terra. Enquanto formos forasteiros, não podemos esquecer nossa verdadeira pátria.1

A tristeza na Terra desenvolve uma fome pelo céu. Favorecendo-nos com uma profunda insatisfação, Deus possui nossa atenção. A única tragédia, então, é estar satisfeito prematuramente. Contentar-se com a Terra. Estar feliz em uma terra estranha. Ligar-se por casamento com os babilônios e esquecer Jerusalém.

Não estamos alegres aqui porque não estamos em casa aqui. Não estamos alegres aqui porque não é para nós sermos felizes aqui. Somos “como peregrinos e forasteiros” (1 Pedro 2:11).

Pegue um peixe e coloque-o na praia.2 Assista suas guelras ofegarem e suas escamas secarem. Ele está feliz? Não! Como você o deixa feliz? Você o cobre com uma montanha de dinheiro? Você pega para ele uma cadeira de praia ou óculos de sol? Você traz para ele uma revista Playfish e um martini? Você o vestiria com barbatanas trespassadas e sapatos sociais?

Claro que não. Então como você o faz feliz? Você coloca-o de volta em sua base. Você coloca-o de volta na água. Ele nunca será feliz na praia simplesmente porque ele não foi criado para a praia.

E você nunca será completamente feliz na Terra simplesmente porque você não foi criado para a Terra. Ah, você terá momentos de alegria. Você terá instantes alegres. Você conhecerá momentos ou até dias de paz. Mas eles simplesmente não se comparam com a felicidade que existe adiante.

Fez-nos para Ele e nossos corações ficam impacientes até que descansem nEle.3

Descanso nesta Terra é um descanso falso. Tome cuidado com aqueles que te induzem a encontrar a felicidade aqui; você não a encontrará. Previna-se do falso médico que promete que a felicidade está só por um regime, por um casamento, por um emprego, ou por uma transferência. O profeta denunciou pessoas assim, “Também se ocupam em curar superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jeremias 6:14).

E não estará tudo bem até chegarmos em casa.

Novamente, temos nossos momentos. O recém-nascido em nosso peito, a noiva em nosso braço, a luz do Sol atrás de nós. Mas mesmo esses momentos são simplesmente pedaços de luz penetrando a janela do céu. Deus diverte-se conosco. Ele nos castiga. Ele é romântico conosco. Esses momentos são aperitivos para o prato que está por vir.

“As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam” (1 Coríntios 2:9).

Que versículo de tirar o fôlego! Você enxerga o que ele diz? O céu está além de nossa imaginação. Não podemos imaginá-lo. Em nosso momento mais criativo, em nosso pensamento mais profundo, em nosso nível mais alto, ainda não podemos sondar a eternidade.

Tente isto. Imagine um mundo perfeito. “O que quer que isto signifique para você, imagine. Isto significa paz? Então imagine tranqüilidade absoluta. Um mundo perfeito envolve alegria? Então crie sua maior felicidade. Um mundo perfeito terá amor? Se sim, então determine um lugar onde o amor não tem fronteiras. O que quer que signifique céu para você, imagine-o. Tenha-o firmemente fixado em sua memória. Delicie-se nele. Sonhe com ele. Deseje-o muito.

E então sorria enquanto o Pai lembra-o, as coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.

Qualquer coisa que você imagine está inadequada. Qualquer coisa que alguém imagine está inadequada. Ninguém tem chegado perto. Ninguém. Pense em todas as músicas sobre o céu. Todas as pinturas de artistas.

Todas as lições pregadas, poemas escritos e capítulos esquematizados.

Quando se trata de descrever o céu, somos todos felizes fracassados.

Está além de nós.

Mas também está dentro de nós. A canção do bem-te-vi. Deixe-o cantar. Deixe-o cantar na escuridão. Deixe-o cantar ao amanhecer. Deixe sua música lembrá-lo que você não foi feito para este lugar e que há um lugar feito só para você.

Mas até lá, seja realista. Reduza suas expectativas na Terra. Isto não é o céu, então não espere que seja. Nunca haverá um noticiário sem más notícias. Nunca haverá uma igreja sem mexerico ou competição. Nunca haverá um carro novo, esposa nova ou bebê novo que possa dar-lhe a alegria que seu coração almeja. Somente Deus pode.

E Deus dará. Seja paciente. E escute. Escute a canção do bem-te-vi.

Notas

1 Augustine, Confessions i. i., como citado em Peter Kreeft, Heaven: The Hearts Deepest Longing (San Francisco: Editora Ignatius), 1989,49. A idéia para este texto sobre o bem-te-vi foi tirada da narração de Kreeft de “The Nightindale in the Heart,” 51-54.
2 Com reconhecimento a Landon Saunders por esta idéia.
3 Malcolm Muggeridge, Jesus Rediscovered (New York, Doubleday, 1979), 47-48 como citado em Peter Kreeft, Heaven, 63.

Guia de estudo

Pontos para refletir

“A tristeza na Terra desenvolve uma fome pelo céu. Favorecendo-nos com uma profunda insatisfação, Deus possui nossa atenção. A única tragédia, então, é estar satisfeito prematuramente. Contentar-se com a Terra. Estar feliz em uma terra estranha. Ligar-se por casamento com os babilônios e esquecer Jerusalém.”

  1. De que maneira a insatisfação pode ser considerada um exemplo de graça?
  2. O que significa “ligar-se por casamento com os babilônios e esquecer Jerusalém.”? Alguma vez você já foi tentado a fazer isto? Explique.

“E você nunca será completamente feliz na Terra simplesmente porque você não foi criado para a Terra. Ah, você terá momentos de alegria. Você terá instantes alegres. Você conhecerá momentos ou até dias de paz. Mas eles simplesmente não se comparam com a felicidade que existe adiante.”

  1. Por que o Max diz que não fomos criados para a Terra?
  2. Qual seria o problema de vir a ser completamente feliz na Terra?

“Reduza suas expectativas na Terra. Isto não é o céu, então não espere que seja. Nunca haverá um noticiário sem más notícias. Nunca haverá uma igreja sem mexerico ou competição. Nunca haverá um carro novo, esposa nova ou bebê novo que possa dar-lhe a alegria que seu coração almeja. Somente Deus pode.”

  1. De um modo prático, como podemos reduzir nossas expectativas na Terra?
  2. Dê alguns exemplos.

Sabedoria da Palavra

  • Leia Eclesiastes 3:11. O que significa dizer que “pôs na mente do homem a idéia da eternidade”? Como isto se manifesta?
  • Leia 1 Pedro 2:11. Como um “peregrino” ou um “forasteiro” vive diferentemente dos nativos? Como o pecador deseja a guerra contra a alma? De que maneira viver como um forasteiro ajuda nesta batalha?
  • Leia 1 Coríntios 2:9-10. Por que esta é, provavelmente, a melhor descrição do céu que podemos entender? Esta passagem lhe dá esperança? Explique.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

O Deus que não desistirá

Nem todos no mundo de Jesus deram-Lhe calorosas boas-vindas. Nem todos O receberam com encanto. E muitos não só O ignoraram, eles O rejeitaram.

Isaías profetizou sua recepção assim: “Era desprezado, e rejeitado dos homens” (Isaías 53:3).

João resumiu a rejeição de Jesus com estas palavras: “Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam “ (João 1:10-11).

Como Cristo tolera um tratamento como este? Em qualquer momento Ele poderia ter dito, ”Desisto. Já chega.” Por que Ele não o fez? O que o deteve de desistir?

Fico curioso por saber se Lee Ielpi entende a resposta. Ele é um bombeiro aposentado, um bombeiro da cidade de Nova Iorque. Ele dedicou vinte e seis anos à cidade. Mas em 11 de setembro de 2001, ele deu mais. Ele deu seu filho. Jonathan Ielpi também era bombeiro. Quando as Torres Gêmeas caíram, ele estava lá.

Os bombeiros são uma sociedade fiel. Quando um morre fazendo o dever, o corpo fica onde está até um bombeiro que conhece a pessoa possa vir e quase literalmente pegá-lo. Lee fez da descoberta do corpo do seu filho sua missão pessoal. Ele escavou diariamente com dúzias de outras pessoas um cemitério de 64.749,44 metros quadrados. Em uma terça-feira, 11 de dezembro, três meses depois do desastre, seu filho foi encontrado. E Lee estava lá para levá-lo.

Ele não desistiu. O pai não desistiu. Ele se recusou a virar e sair. Por quê? Porque seu amor por seu filho era maior do que a dor da busca. O mesmo não pode ser dito sobre Cristo? Por que Ele não desistiu? Porque o amor por suas crianças era maior do que a dor da jornada. Ele veio para puxá-lo para fora. Seu mundo havia desmoronado. É por isso que Ele veio. Você estava morto, morto para pecar. É por isso que Ele veio. Ele ama você. É por isso que Ele veio.

Esse é o porquê dEle ir até às últimas conseqüências da encarnação. “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21).

Por que Jesus fez isso? Há apenas uma resposta. E a resposta tem uma palavra. Amor. E esse amor de Cristo “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Coríntios 13:7).

Pense nisso por um momento. Beba disso por um momento. Beba profundamente. Não tome só um golinho. É hora de devorar. É hora de deixar Seu amor cobrir todas as coisas em sua vida. Todos os segredos. Todas as feridas. Todas as horas de maldade, minutos de angústia.

As manhãs que você acordou na cama de um estranho? Seu amor cobrirá isso. Os anos que você espalhou prejuízo e soberba? Seu amor cobrirá isso. Todas as promessas quebradas, drogas tomadas, centavo roubado. Toda palavra cruzada, palavrão e palavra áspera. Seu amor cobre todas as coisas.

Permita. Descubra com o salmista “quem te coroa de benignidade e de misericórdia” (Salmos 103:4). Imagine um caminhão de lixo gigante cheio de amor. Você está atrás dele. Deus levanta a caçamba até o amor começar a escorregar. Devagar no começo, depois descendo, descendo, descendo até você ficar escondido, enterrado, coberto com seu amor.

“Ei, onde você está? “ alguém pergunta.

“Aqui, coberto de amor.”
Deixe Seu amor cobrir todas as coisas.

Faça isso por Ele. Para a glória de Seu nome.

Faça isso por você. Pela paz do seu coração.

E faça isso por eles. Pelas pessoas em sua vida. Deixe Seu amor cair sobre você para que o seu possa cair sobre elas.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Eu elogio o que é certo?

No verão anterior à minha oitava série fiz amizade com um garoto chamado Larry. Ele era novo na cidade, então eu o encorajei a jogar pelo time de futebol americano da nossa escola. Ele poderia conhecer alguns garotos e, sendo um companheiro, poderia até fazer parte da turma. Ele concordou.

O resultado foi um cenário boa notícia–má notícia. A boa notícia? Ele passou. A má notícia. Ele ganhou minha posição. Fui rebaixado para a reserva. Tentei ficar feliz por ele, mas foi difícil.

Dentro de poucas semanas na temporada, Larry caiu de uma moto e quebrou um dedo. Lembro o dia que ele parou na porta da frente mostrando sua mão enfaixada. “Parece que você vai ter que jogar.”

Tentei ficar triste por ele, mas foi difícil. A passagem foi muito mais fácil para Paulo escrever do que foi para eu praticar. “Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram.” (Romanos 12:15).

Você quer medir a intensidade de seu amor por alguém? Como você se sente quando essa pessoa tem sucesso? Você se alegra? Ou fica com inveja? E quando ele ou ela erra? Tem uma infelicidade? Você realmente fica triste? Ou você se agrada secretamente?

O amor nunca celebra a infelicidade. Nunca. Gosto do jeito que Eugene Peterson interpreta a passagem: “O amor… não festeja quando outros arrastam-se, [mas] tem prazer no florescer da verdade.” J. B. Phillips é igualmente descritivo: “O amor… não se exulta com a maldade das outras pessoas. Pelo contrário, ele compartilha a alegria daqueles que vivem pela verdade.”

Você sabe que seu amor é real quando você chora com aqueles que choram e alegra-se com aqueles que se alegram. Você sabe que seu amor é real quando você sente pelos outros o que seu Pai celeste sente por você. Lembre-se, o amor “se regozija com a verdade” (1 Coríntios 13:6).

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

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