Max Lucado

“Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco”

Marcos 6:31

Ernie Johnson Jr. conhece beisebol. Seu pai narrou os jogos da liga principal por três décadas, acompanhando o Braves de Milwaukee a Atlanta. Nos vinte e cinco anos desde que Ernie herdou o microfone, ele cobriu seis esportes em três continentes, narrando jogos explosivos e de roer as unhas, entrevistando os que perderam e os que venceram no último segundo.

Mas um jogo se sobressai de todos os outros. Não por causa de quem jogou, mas por causa de quem deixou de jogar. Ernie tinha nove anos e era um jogador da liga infantil, jogando zelosamente como interbases. Um batedor adversário acertou uma dupla por regra que passou por cima da cerca. Dois defensores externos pularam a cerca para recuperar a bola para que o jogo pudesse continuar. (Aparentemente a liga operava com um orçamento apertado).

Os dois times os esperaram voltar. Eles esperaram… e esperaram… mas ninguém apareceu. Os treinadores preocupados finalmente correram para fora do campo e escalaram a cerca. Os jogadores curiosos, inclindo o Ernie, os seguiram. Eles encontraram a dupla desaparecida a apenas alguns metros da cerca, com as luvas caídas no chão, a bola encontrada a seus pés, amoras e sorrisos em seus rostos.

Os dois jogadores se afastaram do jogo.

Quanto tempo faz que você fez o mesmo? Nós precisamos de recalibrações regularmente. Além disso, quem não poderia aproveitar algumas amoras? Mas quem tem tempo para colhê-las? Você tem transporte para pegar; negócios para conduzir; vendas para fechar; máquinas, organizações e orçamentos para administrar. Você tem que correr.

Jesus entende. Ele conheceu a agitação da vida. As pessoas enchiam o seu calendário com pedidos. Mas ele também sabia como se afastar do jogo.

Depois de resistir à tentação do diabo no deserto e da dura rejeição de sua cidade natal, Jesus viajou para Cafarnaum, onde os cidadãos lhe deram uma recepção calorosa.

“Todos ficavam maravilhados com o seu ensino” (Lucas 4:32).

“E as notícias a respeito de Jesus se espalharam por toda aquela região” (versículo 37 NTLH).

“Depois de anoitecer, todos os que tinham amigos enfermos, com várias doenças, os levaram a Jesus. Ele pôs as suas mãos sobre cada um deles e os curou” (versículo 40 NTLH).

Cristo poderia querer mais? Multidões encantadas, crentes recém-curados e milhares que irão para onde ele conduzir. Então Jesus…

Preparou um movimento?

Organizou uma equipe de comando?

Mobilizou uma sociedade de ação política?

Não. Ele dispensou os especialistas em relações públicas colocando a multidão no espelho retrovisor e mergulhando em uma vida na selva, um abrigo escondido, um edifício vazio, um lugar deserto.

O versículo 42 identifica o motivo: “as multidões… insistiram que não as deixasse”.

Mais de uma vez ele exerceu controle sobre a multidão. “Jesus viu a multidão em volta dele e mandou os discípulos irem para o lado leste do lago” (Mateus 8:18 NTLH).

Quando a multidão zombou do seu poder de ressuscitar uma menina, ele expulsou as pessoas do local. “Logo que a multidão saiu, Jesus entrou no quarto em que a menina estava, pegou-a pela mão, e ela se levantou” (Mateus 9:25 NTLH).

Depois de um dia de ensino, “Jesus deixou a multidão e voltou para casa” (Mateus 13:36 NTLH).

Apesar de estar rodeado por possivelmente vinte mil fãs, ele os despediu: “Então Jesus mandou o povo embora” (Mateus 15:39 NTLH).

Cristo repetidamente escapava do barulho da multidão a fim de ouvir a voz de Deus.

Ele resistiu à contra corrente do povo ancorando à rocha do seu propósito: usando sua singularidade (“pregar… noutras cidades também”) para demonstrar a importância de Deus (“o reino de Deus) em todos os lugares que ele pudesse.

E você não está feliz por ele o ter feito? Suponha que ele tivesse atendido à multidão e montado acampamento em Cafarnaum, raciocinando, “Eu achava que o mundo todo fosse meu alvo e a cruz meu destino. Mas a cidade inteira me diz para ficar em Cafarnaum. Podem todas estas pessoas estar erradas?”

Sim elas podem! Em oposição à multidão, Jesus virou as costas ao pastorado em Cafarnaum e seguiu a vontade de Deus. Fazer isto significava deixar alguns doentes sem cura e alguns confusos sem ensino. Ele disse não às coisas boas para que ele pudesse dizer sim à coisa certa: seu chamado sem igual.

Não é uma escolha fácil para qualquer um.

Pode ser que Deus queira que você saia de sua Cafarnaum, mas você está ficando. Ou pode ser que ele queira que você fique, mas você está saindo. Como você pode saber a menos que você silencie a multidão e se encontre com Jesus em um lugar deserto?

“Deserto” não necessariamente significa desolado, apenas quieto. Simplesmente um lugar para o qual você, como Jesus, vai. “Ao romper do dia, Jesus foi” (Lucas 4:42). “Ir” pressupõe uma decisão da parte de Jesus. “Eu preciso ir embora. Pensar. Refletir. Remapear o meu curso”. Ele determinava o tempo, escolhia um lugar. Com determinação, ele apertava o botão de pausa na sua vida.

O diabo implanta taxímetros nos nossos cérebros. Nós ouvimos o implacável tic, tic, tic nos dizendo para correr, correr, correr, tempo é dinheiro… culminando neste borrão que ruge chamado raça humana.

Mas Jesus ficava contra a maré, contrariando com estas palavras: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mateus 11:28). Siga o exemplo de Jesus, que “retirava-se para lugares solitários, e orava” (Lucas 5:16).

Deus descansou depois de seis dias de trabalho e o mundo não entrou em colapso. O que nos faz pensar que isso acontecerá se nós descansarmos? (Ou temos medo de que isso não aconteça?)

Siga Jesus para o deserto. Mil e uma vozes gritarão como macacos em bananeiras dizendo para você não ir. Ignore-as. Atenda-o. Deixe seu trabalho. Contemple o dele. Aceite o convite do seu Criador: “Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco” (Marcos 6:31).

E enquanto você estiver lá, aprecie algumas amoras.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Testemunhas oculares da sua Majestade

O cristianismo, em sua forma mais pura, não é nada mais do que ver Jesus.

O exercício cristão, em sua forma mais pura, não é nada mais do que imitar Aquele que vemos.

Ver Sua Majestade e imitá-lo, essa é a essência do cristianismo.

Por cinquenta e um anos Bob Edens foi cego. Ele não conseguia enxergar nada. Seu mundo era uma sala escura de sons e cheiros. Ele tateou o seu caminho por cinco décadas de escuridão.

E depois, ele conseguiu enxergar.

Um cirurgião habilidoso realizou uma operação complicada e, pela primeira vez, Bob Edens pôde enxergar. Ele achou impressionante. “Eu nunca sonharia que o amarelo fosse tão… amarelo”, ele exclamou. “Eu não tenho palavras. Estou maravilhado com o amarelo. Mas o vermelho é a minha cor favorita. Simplesmente não consigo acreditar no vermelho.

“Posso ver o formato da lua – e o que eu mais gosto é ver um avião a jato atravessando o céu e deixando um rastro de vapor. E claro, o nascer do sol e o pôr do sol. E à noite eu olho para as estrelas no céu e para a luz piscando. Você nunca conseguiria saber o quão tudo é admirável”.

Ele está certo. Nós que vivemos uma vida com visão não conseguiríamos saber o quão admirável deve ser receber a visão.

Mas Bob Edens não é o único que passou uma vida perto de alguma coisa sem enxergá-la. São poucas as pessoas que não sofrem de alguma forma de cegueira. Surpreendente, não é? Podemos viver perto de alguma coisa por uma vida, mas a menos que tomemos tempo para focarmos nela, ela não se torna parte de nossas vidas. A menos que nós, de alguma maneira, tenhamos nossa cegueira retirada, nosso mundo é apenas uma caverna escura.

Pense nisso. Só porque alguém testemunhou mil arco-íris não significa que ele viu a grandeza de um. Alguém pode viver perto de um jardim e falhar em focar no esplendor da flor. Um homem pode passar uma vida com uma mulher e nunca parar para examinar a sua alma.

E uma pessoa pode ser extremamente boa e ainda assim nunca ver o Autor da vida.

Sermos honestos, éticos ou até mesmo religiosos não necessariamente significa que nós o veremos. Não. Nós podemos ver o que os outros veem nele. Ou podemos ouvir o que alguém diz que ele disse. Mas até que nós o vejamos por nós mesmos, até que recebamos a nossa própria visão, podemos achar que o vimos, tendo na realidade visto apenas uma forma vaga na penumbra cinzenta.

Você o viu?

Você já teve um vislumbre da Sua Majestade? Uma palavra é colocada em uma fenda receptiva do seu coração que faz com que você, brevemente, veja o seu rosto. Você ouve um versículo lido em um tom que você nunca tenha ouvido ou explicado de uma maneira que você nunca tenha pensado e mais uma peça do quebra-cabeça é encaixada. Alguém toca seu espírito dolorido como apenas alguém enviado por ele poderia fazer e aí está ele.

Jesus.

O homem. O Galileu bronzeado que falava com uma autoridade trovejante e amava com uma humildade infantil.

O Deus. Aquele que afirmou ser mais velho que o tempo e maior que a morte.

Foi-se a pompa da religião; dissipou-se a névoa da teologia. Momentaneamente é levantada a cortina opaca da controvérsia e da opinião. Os nossos erros cegos e egoísmos são apagados. E lá está ele.

Jesus.

Você o viu?

Os primeiros que o viram nunca mais foram os mesmos.

“Senhor meu e Deus meu!”, bradou Tomé.

“Eu vi o Senhor”, exclamou Maria Madalena.

“Vimos a sua glória!”, declarou João.

“Não estava queimando o nosso coração enquanto ele nos falava?” alegraram-se os dois discípulos a caminho de Emaús.

Mas Pedro expôs melhor. “Nós fomos testemunhas oculares da sua majestade”.

Sua Majestade. O imperador de Judá. A sublime águia da eternidade. O nobre almirante do Reino. Todo o esplendor do céu revelado em um corpo humano. Por um período tão curto, as portas da sala do trono foram abertas e Deus se aproximou. Sua Majestade foi vista. O céu tocou a terra e, como resultado, a terra pode agora conhecer o céu. Surpreendentemente um corpo humano abrigou a divindade. O santo e o terreno entrelaçados.

Já faz algum tempo que você o viu? Se as suas orações parecem gastas, provavelmente faz. Se a sua fé parecer estar vacilante, talvez sua visão dele tenha obscurecido. Se você não consegue achar força para encarar os seus problemas, talvez seja hora de encará-lo.

Um aviso. Alguma coisa acontece a uma pessoa que tenha testemunhado Sua Majestade. Ela se torna viciada. Um vislumbre do Rei e você é consumido por um desejo de ver mais dele e falar mais sobre ele. Esquentar o banco da igreja não é mais uma opção. A religião de má qualidade não será mais suficiente. A procura de sentido é desnecessária. Uma vez que você tenha visto a sua face você sempre almejará vê-la novamente.

A minha oração para este livro – sem apologias – é que o Divino Cirurgião use-o como um delicado instrumento cirúrgico para restaurar a visão. Que o que está fora de foco fique em foco e que a escuridão seja dispersa. E, que sussurremos o segredo do universo, “Nós fomos testemunhas oculares da sua majestade”.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Faça uma pausa intencionalmente

“Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco”. Marcos 6:31

Ernie Johnson Jr. conhece beisebol. Seu pai narrou os jogos da liga principal por três décadas, acompanhando o Braves de Milwaukee a Atlanta. Nos vinte e cinco anos desde que Ernie herdou o microfone, ele cobriu seis esportes em três continentes, narrando jogos explosivos e de roer as unhas, entrevistando os que perderam e os que venceram no último segundo.

Mas um jogo se sobressai de todos os outros. Não por causa de quem jogou, mas por causa de quem deixou de jogar. Ernie tinha nove anos e era um jogador da liga infantil, jogando zelosamente como interbases. Um batedor adversário acertou uma dupla por regra que passou por cima da cerca. Dois defensores externos pularam a cerca para recuperar a bola para que o jogo pudesse continuar. (Aparentemente a liga operava com um orçamento apertado).

Os dois times os esperaram voltar. Eles esperaram… e esperaram… mas ninguém apareceu. Os treinadores preocupados finalmente correram para fora do campo e escalaram a cerca. Os jogadores curiosos, inclindo o Ernie, os seguiram. Eles encontraram a dupla desaparecida a apenas alguns metros da cerca, com as luvas caídas no chão, a bola encontrada a seus pés, amoras e sorrisos em seus rostos.

Os dois jogadores se afastaram do jogo.

Quanto tempo faz que você fez o mesmo? Nós precisamos de recalibrações regularmente. Além disso, quem não poderia aproveitar algumas amoras? Mas quem tem tempo para colhê-las? Você tem transporte para pegar; negócios para conduzir; vendas para fechar; máquinas, organizações e orçamentos para administrar. Você tem que correr.

Jesus entende. Ele conheceu a agitação da vida. As pessoas enchiam o seu calendário com pedidos. Mas ele também sabia como se afastar do jogo.

Depois de resistir à tentação do diabo no deserto e da dura rejeição de sua cidade natal, Jesus viajou para Cafarnaum, onde os cidadãos lhe deram uma recepção calorosa.

“Todos ficavam maravilhados com o seu ensino” (Lucas 4:32).

“E as notícias a respeito de Jesus se espalharam por toda aquela região” (versículo 37 NTLH).

“Depois de anoitecer, todos os que tinham amigos enfermos, com várias doenças, os levaram a Jesus. Ele pôs as suas mãos sobre cada um deles e os curou” (versículo 40 NTLH).

Cristo poderia querer mais? Multidões encantadas, crentes recém-curados e milhares que irão para onde ele conduzir. Então Jesus…

Preparou um movimento?

Organizou uma equipe de comando?

Mobilizou uma sociedade de ação política?

Não. Ele dispensou os especialistas em relações públicas colocando a multidão no espelho retrovisor e mergulhando em uma vida na selva, um abrigo escondido, um edifício vazio, um lugar deserto.

O versículo 42 identifica o motivo: “as multidões… insistiram que não as deixasse”.

Mais de uma vez ele exerceu controle sobre a multidão. “Jesus viu a multidão em volta dele e mandou os discípulos irem para o lado leste do lago” (Mateus 8:18 NTLH).

Quando a multidão zombou do seu poder de ressuscitar uma menina, ele expulsou as pessoas do local. “Logo que a multidão saiu, Jesus entrou no quarto em que a menina estava, pegou-a pela mão, e ela se levantou” (Mateus 9:25 NTLH).

Depois de um dia de ensino, “Jesus deixou a multidão e voltou para casa” (Mateus 13:36 NTLH).

Apesar de estar rodeado por possivelmente vinte mil fãs, ele os despediu: “Então Jesus mandou o povo embora” (Mateus 15:39 NTLH).

Cristo repetidamente escapava do barulho da multidão a fim de ouvir a voz de Deus.

Ele resistiu à contra corrente do povo ancorando à rocha do seu propósito: usando sua singularidade (“pregar… noutras cidades também”) para demonstrar a importância de Deus (“o reino de Deus) em todos os lugares que ele pudesse.

E você não está feliz por ele o ter feito? Suponha que ele tivesse atendido à multidão e montado acampamento em Cafarnaum, raciocinando, “Eu achava que o mundo todo fosse meu alvo e a cruz meu destino. Mas a cidade inteira me diz para ficar em Cafarnaum. Podem todas estas pessoas estar erradas?”

Sim elas podem! Em oposição à multidão, Jesus virou as costas ao pastorado em Cafarnaum e seguiu a vontade de Deus. Fazer isto significava deixar alguns doentes sem cura e alguns confusos sem ensino. Ele disse não às coisas boas para que ele pudesse dizer sim à coisa certa: seu chamado sem igual.

Não é uma escolha fácil para qualquer um.

Pode ser que Deus queira que você saia de sua Cafarnaum, mas você está ficando. Ou pode ser que ele queira que você fique, mas você está saindo. Como você pode saber a menos que você silencie a multidão e se encontre com Jesus em um lugar deserto?

“Deserto” não necessariamente significa desolado, apenas quieto. Simplesmente um lugar para o qual você, como Jesus, vai. “Ao romper do dia, Jesus foi” (Lucas 4:42). “Ir” pressupõe uma decisão da parte de Jesus. “Eu preciso ir embora. Pensar. Refletir. Remapear o meu curso”. Ele determinava o tempo, escolhia um lugar. Com determinação, ele apertava o botão de pausa na sua vida.

O diabo implanta taxímetros nos nossos cérebros. Nós ouvimos o implacável tic, tic, tic nos dizendo para correr, correr, correr, tempo é dinheiro… culminando neste borrão que ruge chamado raça humana.

Mas Jesus ficava contra a maré, contrariando com estas palavras: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mateus 11:28). Siga o exemplo de Jesus, que “retirava-se para lugares solitários, e orava” (Lucas 5:16).

Deus descansou depois de seis dias de trabalho e o mundo não entrou em colapso. O que nos faz pensar que isso acontecerá se nós descansarmos? (Ou temos medo de que isso não aconteça?)

Siga Jesus para o deserto. Mil e uma vozes gritarão como macacos em bananeiras dizendo para você não ir. Ignore-as. Atenda-o. Deixe seu trabalho. Contemple o dele. Aceite o convite do seu Criador: “Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco” (Marcos 6:31).

E enquanto você estiver lá, aprecie algumas amoras.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Faça o bem secretamente

“Gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens” (Mateus 6:5).

Esta é a definição prática de hipocrisia: “ser visto pelos homens”. A palavra grega para hipócrita, hypokrités, originalmente significava “ator”. Os atores do primeiro século usavam máscaras. Um hipócrita, portanto, é alguém que coloca uma máscara, um rosto falso.

Jesus não disse, “Não façam boas obras”. Nem instruiu, “Não deixe que suas obras sejam vistas”. Nós devemos fazer boas obras, e algumas obras, tais como benevolência ou ensino, devem ser vistas para terem impacto. Então sejamos claros. Fazer uma coisa boa é uma coisa boa. Fazer o bem para ser visto não é. Na verdade, fazer o bem para ser visto é uma ofensa grave. Aqui está por que.

A hipocrisia afasta as pessoas de Deus. Quando as almas ávidas por Deus entram em uma congregação de aspirantes a superastros, o que acontece? Quando os que procuram Deus veem cantores pomposos como artistas de Las Vegas… Quando eles ouvem o pregador – um homem de cabelo, roupas e palavras polidas – atuar para a multidão e excluir Deus… Quando os outros participantes se vestem para serem vistos e fazem muito dos seus dons e ofertas… Quando as pessoas entram em uma igreja para ver Deus, mas não conseguem ver Deus por causa da igreja, não pense nem por um segundo que Deus não reage. “Tomem cuidado especialmente quando tentarem ser bons para que vocês não façam disso uma apresentação teatral. Talvez seja uma boa cena, mas o Deus que fez vocês não estará aplaudindo” (Mateus 6:1 MSG).

A hipocrisia afasta as pessoas de Deus. Então Deus tem uma política de não tolerância. Deixe que os corpos frios e sem vida do casal fraudulento publiquem seu aviso intencional. Vamos levar a hipocrisia tão a sério como Deus a leva. Como nós podemos?

  • Não espere créditos pelas boas ações. Nenhum. Se ninguém notar, você não fica desapontado. Se alguém notar, você dá o crédito a Deus. Faça esta pergunta a você mesmo: se ninguém soubesse do bem que faço, mesmo assim eu o faria? Se não, você o está fazendo para ser visto pelas pessoas.
  • Dê doações financeiras em segredo. O dinheiro mexe com o falso dentro de nós. Nós gostamos de ser vistos ganhando-o. E nós gostamos de ser vistos dando-o. Então “quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita” (Mateus 6:3).
  • Não finja espiritualidade. Quando você for à igreja, não escolha um assento apenas para ser visto ou cante apenas para ser ouvido. Se você levantar suas mãos em adoração, levante mãos santas, não mãos chamativas. Quando você falar, não falsifique o seu vocabulário com expressões religiosas modernas. Nada enjoa mais do que um “Louve ao Senhor” falso, um “Aleluia” superficial ou um “Glória seja a Deus” fingido.

Conclusão: não faça da sua fé uma apresentação teatral. “Olhem para mim! Olhem para mim!” é um grito usado no parquinho, não no reino de Deus. Silencie as trombetas. Cancele o desfile. Chega de mencionar nomes. Se os elogios vierem, educadamente devie-os antes que você acredite neles. Destrua o desejo de ser notado. Desperte o desejo de servir a Deus.

Preste atenção no conselho de Cristo: “Lave primeiro o copo por dentro, e então a parte de fora também ficará limpa!” (Mateus 23:26 NTLH). Coloque foco na parte de dentro e a parte de fora cuidará de si mesma. Coloque os seus motivos diante de Deus a cada dia, a cada hora. “Ó Deus, examina-me e conhece o meu coração! Prova-me e conhece os meus pensamentos. Vê se há em mim algum pecado e guia-me pelo caminho eterno” (Salmos 139:23-24 NTLH).

Faça coisas boas. Apenas não as faça para ser notado. Você pode ser bom demais para seu próprio bem, você sabe.

“Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará” (Mateus 6:3-4).

Senhor, o senhor deixa claro em sua Palavra que odeia a hipocrisia, sobretudo porque ela afasta as pessoas do senhor. Então, Pai, eu oro que o senhor diminua a minha tendência natural a procurar reconhecimento pessoal por quaisquer coisas boas que o senhor permite que eu faça. Não quero ser falso, mas também não quero ser um caçador de glória. Encha-me com o seu Espírito e ensine-me a seguir o seu exemplo dando alegremente toda a glória a seu Filho. Em nome de Jesus eu oro, amém.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Quando a morte torna-se nascimento

Você, como todos os filhos de Deus, dá um último suspiro antes do próprio funeral. O que, pela perspectiva de Deus, não é nada para se angustiar. Ele responde a estes graves acontecimentos com esta grande notícia: “O dia da morte é melhor do que o dia do nascimento” (Eclesiastes 7:1). Agora há uma virada. O céu se alegra com uma reação de maternidade a funerais. Os anjos veem os enterros dos corpos do mesmo jeito que os avós monitoram as portas das salas de parto. “Ele sairá a qualquer minuto!” Eles mal podem esperar para ver a pessoa que está chegando. Enquanto nós dirigimos carros funerários e vestimos preto, eles estão pendurando fitas rosas e azuis e distribuindo charutos. Nós não nos angustiamos quando bebês entram no mundo. As hostes celestiais não choram quando nós o deixamos.

Ah, mas muitos de nós choramos ao pensar na morte. Você chora? Você teme a sua morte?

O seu medo de morrer está roubando a sua alegria de viver? Jesus veio para “libertar aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte” (Hebreus 2:15).

Se as Escrituras ostentassem uma lista dos mortos famosos, Lázaro estaria perto do topo. Ele morava em Betânia, uma aldeia pacata que ficava a poucos passos de Jerusalém. Jesus passava muito tempo ali. Talvez ele gostasse da comida da Marta ou da devoção da Maria. Uma coisa é certa: ele considerava Lázaro um amigo. A notícia da morte de Lázaro leva Jesus a dizer, “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá para acordá-lo” (João 11:11).

E agora, quatro dias após o funeral, Jesus chegou chamando. Literalmente chamando, “Lázaro, venha para fora!” Nós conseguimos imaginar Lázaro quando ele ouve essas palavras? Lázaro enviado pelo céu. Lázaro feliz no céu. Quatro dias em seus dias imensuráveis. A essa altura ele está fazendo amizade rapidamente com outros santos. O rei Davi mostra as harpas a ele. Moisés o convida para tomar chá com maná. Elias e Eliseu o levam para dar uma volta na carruagem de fogo. Daniel prometeu a ele um leão de uma história da Bíblia. Ele está a caminho para ouvi-lo quando uma voz explode pela cidade celestial.

“Lázaro, venha para fora!”

Todos conhecem essa voz. Ninguém se pergunta, Quem é esse? Os anjos param. Exércitos de habitantes da cidade santa viram-se para o rapaz de Betânia, e alguém diz, “Parece que você está voltando para outra viagem a serviço”.

Lázaro não questiona o chamado. O entendimento perfeito vem com um passaporte celestial. Ele não contesta. Mas se ele contestasse, quem o poderia culpar? Seu corpo celestial não sabe o que é febre. Em seu futuro não há medo. Ele habita em uma cidade livre de cadeados, prisões e Prozac. Sem a existência de pecado e de morte, pregadores, médicos e advogados estão livres para adorar. Alguém poderia culpar Lázaro por dizer, “Tenho que voltar?”

Mas ele não questiona a ordem. Nem qualquer outra pessoa. As viagens de volta têm sido frequentes nos últimos tempos. A filha do chefe da sinagoga. O menino de Naim. Agora Lázaro de Betânia. Lázaro vira-se para a porta de saída raramente utilizada. A mesma, suponho, que Jesus usou uns trinta anos antes. Com um aceno e um piscar de olhos, ele é reunido com seu corpo acordando sobre uma placa fria em uma sepultura talhada na parede. A pedra da entrada foi movida e Lázaro tenta fazer o mesmo. Embrulhado como uma múmia, ele se senta rigidamente e sai do túmulo com a graça do monstro Frankenstein.

As pessoas olham e se espantam.

Nós lemos e podemos perguntar, “Por que Jesus deixou que ele morresse apenas para chamá-lo de volta?”

Para mostrar quem comanda o show. Para pôr termo às cartas do cemitério. Para exibir a força anulável Daquele que dançou watusi no pescoço do diabo, que ficou de cara com a cara pegajosa da morte e declarou, “Você chama isso de beco sem saída? Eu chamo de escada rolante”.

“Lázaro, venha para fora!”

Essas palavras, incidentalmente, foram apenas um aquecimento para o grande dia. Ele está preparando uma evacuação de sepultura a nível mundial. “João, venha para fora!” “Maria, venha para fora!” “José, venha para fora!” “Jacó, venha para fora!”. Sepultura após sepultura se esvaziará. O que aconteceu com Lázaro acontecerá conosco. Só que a nossa reunião do espírito com o corpo acontecerá no céu, não no Cemitério Memorial de Betânia.

Quando isto acontecer – quando os nossos corpos terrestres perecíveis forem transformados em corpos celestiais que nunca morrerão – então finalmente as Escrituras se tornarão realidade:

“A morte foi destruída pela vitória.

Onde está, ó morte, a sua vitória?

Onde está, ó morte, o seu aguilhão?”

(1 Coríntios 15:54-55)

Com Cristo como seu amigo e o céu como seu lar, o dia da morte torna-se mais doce do que o dia do nascimento.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Quando a graça vai fundo

O filho pródigo caminha pela trilha. Seu cheiro de porco faz com que os transeuntes passem longe dele, mas ele não percebe. Com os olhos no chão, ele ensaia seu discurso, “Pai” – sua voz quase inaudível – “pequei contra o céu e contra ti. Não sou digno de ser chamado teu filho”. Ele repete as frases se perguntando se deveria falar mais, menos ou fazer uma meia volta para o curral. Afinal, ele descontou o fundo e jogou o nome da família no lixo. No último ano ele acordou com mais garganta seca, dores de cabeça, mulheres e tatuagens do que um astro do rock. Como seu pai poderia perdoá-lo? Talvez eu pudesse oferecer para pagar os cartões de crédito. Ele está tão focado no planejamento da penitência que não consegue ouvir o som de seu pai… correndo!

O pai abraça o garoto coberto de lama como se ele fosse um herói de guerra voltando. Ele ordena aos empregados para trazerem uma túnica, anel e sandálias, como quem diz, “Nenhum garoto meu irá parecer com um cuidador de chiqueiro. Acendam a churraqueira. Tragam as bebidas. É tempo de festa!”

Enquanto isso, o irmão mais velho fica amuado na varanda. “Ninguém nunca me deu uma festa”, ele murmura de braços cruzados.

O pai tenta explicar, mas o filho invejoso não escuta. Ele se sente ofendido, encolhe os ombros e resmunga algo sobre graça barata, sela seu cavalo e sai cavalgando. Mas você já sabia disso. Você leu a parábola do pai gracioso e do irmão hostil (veja Lucas 15:11-32).

Mas você ouviu o que aconteceu depois? Você leu o segundo capítulo? É fascinante. O irmão mais velho resolve arruinar o perdão. Se o Pai não vai exigir justiça do menino, eu vou.

“Bonita túnica, irmãozinho”, ele lhe diz um dia. “Melhor mantê-la limpo. Uma mancha e o Pai enviará você para a tinturaria com ela”.

O mais novo o dispensa, mas quando vê seu pai novamente, ele rapidamente verifica se sua túnica está manchada.

Alguns dias depois o irmão mais velho adverte sobre o anel. “Que joia que o Pai deu para você. Ele prefere que você a use no polegar”.

“No polegar? Ele não me disse isso”.

“Algumas coisas nós simplesmente devemos saber”.

“Mas ele não vai caber no meu polegar”.

“Qual é o seu objetivo – agradar o nosso pai ou o seu conforto pessoal?” o monitor espiritual zomba, indo embora.

O irmão mais velho não acabou. Com a simpatia de um auditor da Receita Federal com má digestão, ele provoca, “Se o Pai o vir com os cadarços desamarrados, ele pegará as sandálias de volta”.

“Ele não pegará. Elas foram um presente. Ele não pegaria… pegaria? O ex-pródigo então se inclina para amarrar os cadarços. Enquanto ele amarra, ele vê uma mancha em sua túnica. Tentando esfregá-la até sair, ele percebe que o anel está em outro dedo, não no polegar. É quando ele ouve a voz de seu pai. “Oi, Filho”.

Ali o menino se senta, vestindo uma túnica manchada, cadarços desamarrados e um anel no lugar errado. Dominado pelo medo, ele responde com um “Desculpa, Pai”, vira-se e corre.

Muitos deveres. Manter a túnica sem mancha, o anel no lugar certo, as sandálias amarradas – quem poderia atender tais padrões? A preservação dos presentes começa a desgastar o jovem. Ele evita o pai que não consegue agradar. Ele deixa de usar os presentes que não consegue conservar. E ele ainda começa a sentir saudade dos dias mais simples do chiqueiro. “Ninguém me perseguia lá”.

Esse é o resto da história. Está se perguntando onde eu encontrei? Na página 1.892 da minha Bíblia, no livro de Gálatas. Graças a alguns irmãos mais velhos legalistas, os leitores de Paulo foram do recebimento da graça para a observância da lei.

“Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo” (Gálatas 1:6-7).

Ladrões de alegria também se infiltraram na igreja romana. Paulo teve que lembrá-los, “As pessoas são declaradas justas por causa de sua fé, não por causa de suas obras” (Romanos 4:5).

Os cristãos filipenses ouviram a mesma bobagem. Os irmãos mais velhos não estavam dizendo a eles para usarem o anel no polegar, mas estavam insistindo, “vocês precisam ser circuncidados para serem salvos” (Filipenses 3:2).

Até mesmo a igreja de Jerusalém, a principal congregação, ouviu a solene repetição do Conselho do Controle de Qualidade. Era dito aos crentes não judeus, “Se vocês não forem circuncidados conforme o costume ensinado por Moisés, não poderão ser salvos” (Atos 15:1).

As igrejas sofriam do mesmo mal: bloqueio da graça. O Pai pode deixá-lo na porta, mas você deve merecer seu lugar à mesa. Deus efetua o pagamento para sua redenção, mas você paga as prestações mensais. O céu fornece a canoa, mas você deve remar se quiser ver a outra margem.

Suas obras não o salvam. E suas obras não o mantêm salvo. A graça o faz. Da próxima vez que o irmão mais velho começar a rosnar mais do que dobermans gêmeos, desamarre suas sandálias, coloque o anel em seu dedo e cite o apóstolo da graça que disse, “Pela graça de Deus, sou o que sou” (1 Coríntios 15:10).

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Quando Cristo voltar

Se nós resumíssemos nossas emoções a respeito da volta de Cristo em uma palavra – quais palavras ouviríamos? Qual palavra você usaria?

Desconforto? Provavelmente uma escolha popular. Foi dito a você que seus erros serão revelados. Foi dito a você que seus segredos serão conhecidos. Livros serão abertos e nomes serão lidos. Você sabe que Deus é santo. Você sabe que você não é. Como a ideia da sua volta poderia trazer alguma coisa senão desconforto?

Além disso, há todas aquelas expressões – “a marca da besta”, “o Anticristo” e “a batalha do Armagedon”. E quanto a “guerras e rumores de guerras”? E o que foi que o camarada disse na TV? “Evite todos os números de telefone com os dígitos 666”. E aquele artigo da revista divulgando o novo senador como o Anticristo? Desconforto, para dizer o mínimo.

Ou talvez desconforto não seja a sua palavra escolhida. Negação talvez seja mais precisa. (Ou talvez seja com a negação que você lida com o desconforto?) A ambiguidade não é uma companheira agradável. Nós preferimos respostas e explicações e o fim dos tempos parece insuficiente em ambas. Consequentemente, você opta por não pensar nisso. Por que refletir sobre o que você não consegue explicar? Se ele vier, tudo bem. Se não, tudo bem. Mas estou indo dormir. Tenho que trabalhar amanhã.

Ou que tal esta palavra – desapontamento? Pode ser que esta o surpreenda, a menos que você a tenha sentido; então você contará. Quem sentiria desapontamento com a ideia da vinda de Cristo? Pode ser uma futura mãe – ela quer segurar seu bebê. Pode ser um casal de noivos – eles querem casar-se. Pode ser um soldado no exterior – ele quer ir para casa antes de ir para casa.

Este trio é apenas uma amostra das muitas emoções sentidas com a ideia da volta de Cristo. Outros podem estar obcecados. (Estes são os camaradas com cartazes, códigos e profecias é-melhor-você-acreditar). Pânico. (“Venda tudo e vá para as montanhas!”)

Eu me pergunto o que Deus gostaria que sentíssemos. Não é difícil achar a resposta. Jesus a disse claramente em João 14: “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim… voltarei e os levarei para mim” (versículos 1, 3). É um cenário simples. O Pai foi embora por um tempo. Mas ele voltará. E até lá, ele quer que seus filhos estejam em paz.

Eu quero o mesmo para as minhas três filhas.

Eu as deixei na noite passada para que pudesse escapar e terminar este livro. Com um beijo e um abraço, eu saí pela porta e prometi voltar. Eu queria deixá-las? Não. Mas este livro precisava de algum tabalho e a editora precisava de um manuscrito, então aqui estou eu – em um esconderijo – batendo em um teclado de computador. Nós aceitamos o fato de que um período de separação é necessário para terminar o trabalho.

Enquanto estamos separados, quero que elas se sintam desconfortáveis? Quero que elas temam a minha volta? Não.

E quanto à negação? Eu ficaria feliz em ouvir que elas tiraram a minha foto do móvel, o meu prato da mesa e estão se recusando a discutir sobre a minha chegada? Eu acho que não.

E quanto ao desapontamento? “Ah, espero que o papai não venha antes de sexta à noite – eu realmente gostaria de ir àquela festa do pijama”. Eu sou um pai tão antiquado a ponto de a minha vinda estragar a diversão?

Bem, talvez eu seja. Mas Deus não é. E, se ele tem o seu jeito conosco, pensamentos sobre a sua volta não desapontarão seus filhos. Ele, também, está longe da sua família. Ele, também, prometeu voltar. Ele não está escrevendo um livro, ele está escrevendo história. Minhas filhas não entendem todas as complexidades do meu trabalho; nós não entendemos todos os detalhes do dele. Mas e a nossa missão nesse meio tempo? Confiar. Logo o último capítulo será escrito e ele aparecerá na porta. Mas até lá Jesus diz: “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim”.

Este é o desejo de Deus.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Nos braços quentes de Deus

E quanto aos meus entes queridos que morreram? Onde eles estão agora? No período entre a nossa morte e a volta de Cristo, o que acontece?

A Escritura é surpreendentemente reservada sobre esta fase das nossas vidas. Quando fala sobre o período entre a morte do corpo e a ressurreição do corpo, a Bíblia não grita; ela apenas sussurra. Mas na confluência destes sussurros, uma voz firme é ouvida. Esta voz impositiva nos garante que, na morte, o cristão entra imediatamente na presença de Deus e desfruta de comunhão consciente com o Pai e com aqueles que se foram antes.

Não é esta a promessa que Jesus fez ao ladrão na cruz? Mais cedo o ladrão havia censurado Jesus. Agora ele se arrepende e pede misericórdia. “Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino” (Lucas 23:42). Provavelmente, o ladrão esteja orando para que seja lembrado em algum tempo distante no futuro quando o reino vier. Ele não esperava uma resposta imediata. Mas ele recebeu uma: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso” (versículo 43). A principal mensagem desta passagem é a ilimitada e surpreendente graça de Deus. Mas uma mensagem secundária é a translação imediata do salvo à presença de Deus. A alma do crente viaja para casa enquanto o corpo do crente aguarda a ressurreição.

Alguns não concordam com este pensamento. Eles propõem um período intermediário de purificação, “um tanque de armazenamento” no qual somos punidos por causa dos nossos pecados. Este “purgatório” é o lugar onde, por um tempo indeterminado, nós recebemos o que os nossos pecados merecem para que possamos receber justamente o que Deus preparou.

Mas duas coisas me incomodam a respeito deste ensinamento. Primeira, nenhum de nós consegue suportar o que os nossos pecados merecem. Outra, Jesus já suportou. A Bíblia ensina que o salário do pecado é a morte, não o purgatório (veja Romanos 6:23). A Bíblia também ensina que Jesus se tornou o nosso purgatório e levou o nosso castigo: “Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas” (Hebreus 1:3). Não há purgatório porque o purgatório aconteceu no Calvário.

Outros acham que enquanto o corpo está enterrado, a alma está adormecida. Eles obtêm sua convicção bastante honestamente. Por sete vezes em duas epístolas diferentes, Paulo usa o termo dormir para se referir à morte (veja 1 Coríntios 11:30; ! Co 15:6,18, 1 Co 20; 1, Tessalonicenses 4:13-15). Alguém certamente poderia deduzir que o tempo entre a morte e a volta de Cristo é passado adormecido. (E, se este fosse o caso, quem poderia reclamar? Nós certamente poderíamos aproveitar o descanso!)

Mas há um problema. A Bíblia se refere a alguns que já haviam morrido e eles apenas estão adormecidos. Os seus corpos estão dormindo, mas as suas almas estão completamente acordadas. Apocalipse 6:9-11 se refere às almas dos mártires que clamam por justiça na terra. Mateus 17:3 fala de Moisés e de Elias, que apareceram no Monte da Transfiguração com Jesus. Até Samuel, que voltou da sepultura, foi descrito vestindo um manto e tendo a aparência de um deus (1 Samuel 28:13-14). E quanto à nuvem de testemunhas que nos rodeiam (Hebreus 12:1)? Estes não poderiam ser os heróis da nossa fé e os entes queridos das nossas vidas que se foram antes?

Eu acho que sim. Quando está frio na terra, podemos obter conforto sabendo que os nossos entes queridos estão nos braços quentes de Deus. Nós não gostamos de dizer adeus para aqueles que amamos. Tudo bem nós chorarmos, mas não há necessidade de nos desesperarmos. Eles tinham sofrimentos aqui. Eles não têm sofrimentos lá. Eles lutavam aqui. Eles não têm lutas lá. Você e eu podemos nos perguntar por que Deus os levou para casa. Mas eles não. Eles entendem. Eles estão, neste exato momento, em paz na presença de Deus.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Quando você estiver com pouca esperança

Água. Tudo o que Noé consegue ver é água. O sol da tarde desce nela. As nuvens são refletidas nela. Seu barco está cercado por ela. Água. Água ao norte. Água ao sul. Água a leste. Água a oeste. Água.

Ele enviou um corvo em uma missão de exploração; ele nunca retornou. Ele enviou uma pomba. Ela voltou exausta e tremendo, sem ter encontrado um lugar para abrigar-se. Então, nesta manhã, ele tentou novamente. Com uma oração ele a soltou e observou até o pássaro não ser maior do que um pontinho em uma janela.

Todos os dias ele esperava a volta da pomba.

Agora o sol está se pondo, o céu está escurecendo e ele veio olhar uma última vez, mas tudo o que ele vê é água. Água ao norte. Água ao sul. Água a leste. Água a…

Você conhece o sentimento. Você já esteve onde Noé estava. Você conhece a sua quota de dilúvios. Inundado por tristeza no cemitério, estresse no escritório, raiva por causa da incapacidade em seu corpo ou pela incapacidade de seu cônjuge. Você viu a água do dilúvio subir e você já deve ter visto sol se pôr sobre suas esperanças também. Você esteve no barco de Noé.

E você precisou do que Noé precisava; você precisou de alguma esperança. Você não está pedindo um resgate de helicóptero, mas o som de um seria bom. A esperança não promete uma solução imediata, mas a possibilidade de uma eventual solução. Algumas vezes tudo o que precisamos é um pouco de esperança.

Isso era tudo o que Noé precisava. E foi tudo o que Noé recebeu.

Aqui está como a Bíblia descreve o momento “Ao entardecer, quando a pomba voltou, trouxe em seu bico uma folha nova de oliveira” (Gênesis 8:11).

Uma folha de oliveira. Noé já teria ficado feliz em ter o pássaro, mas ter a folha! Esta folha era mais do que folhagem; era uma promessa. O pássaro havia levado mais do que um pedaço de uma árvore; ele levou esperança. Pois não é isso o que é esperança? Esperança é uma folha de oliveira – evidência de terra seca depois de um dilúvio. Prova ao sonhador de que sonhar vale a pena.

Para todos os Noés do mundo, para todos os que procuram no horizonte um grão de esperança, Jesus declara, “Sim!” e ele vem. Ele vem como uma pomba. Ele vem trazendo fruto de uma terra distante, do nosso futuro lar. Ele vem com uma folha de esperança.

Você recebeu a sua? Não pense que a sua arca está isolada demais. Não pense que seu dilúvio é grande demais. Receba sua esperança, sim? Receba-a porque você precisa dela. Receba-a para que você possa compartilhá-la. Receba sua esperança, sim? Receba-a porque você precisa dela. Receba-a para que você possa compartilhá-la.

O que você acha que Noé fez com a dele? O que você acha que ele fez com a folha? Ele a jogou ao mar e se esqueceu dela? Você acha que ele a colocou em seu bolso e a guardou para um álbum? Ou você acha que ele soltou um grito, reuniu as tropas e a passou como um Diamante de Esperança que ela era?

Certamente ele gritou. Isso é o que você faz com esperança. O que você faz com as folhas de oliveira? Você as passa adiante. Você não as coloca em seu bolso. Você as oferece para aqueles que você ama. O amor sempre espera. “O amor… tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Coríntios 13: 4-7).

O amor tem esperança em você.

O jovem aspirante a autor estava precisando de esperança. Mais de uma pessoa disseram para ele desistir. “É impossível ser publicado”, um mentor disse. “A menos que você seja uma celebridade nacional, as editoras não conversarão com você”. Outro avisou, “Escrever leva muito tempo. Além disso, você não quer todos os seus pensamentos no papel”.

No começo ele escutou. Ele concordou que escrever era um desperdício de esforço e voltou sua atenção para outros projetos. Mas de alguma forma a caneta e o bloco se tornaram uísque e Coca para o viciado em palavra. Ele preferia escrever a ler. Então ele escreveu. Quantas noites ele passou naquele sofá no canto do apartamento remanejando os verbos e os substantivos? E quantas horas sua esposa se sentou com ele? Ele trabalhando as palavras. Ela bordando em ponto cruz. Finalmente um manuscrito estava terminado. Cru e carregado de erros, mas terminado.

Ela lhe deu um empurrão. “Envie. Que mal tem?”

Então foi enviado. Postado para quinze editoras diferentes. Enquanto o casal esperava, ele escrevia. Enquanto ele escrevia, ela bordava. Nenhum esperava muito, ambos tinham esperança de tudo. As respostas começaram e encher a caixa de correio. “Sinto muito, mas não aceitamos manuscritos não solicitados”. “Precisamos devolver seu trabalho. Boa sorte”. “Nosso catálogo não tem espaço para autores não publicados”.

Eu ainda tenho essas cartas. Em algum lugar em um arquivo. Encontrá-las demoraria algum tempo. Encontrar o bordado em ponto cruz da Denalyn, entretanto, não demoraria. Para vê-lo, tudo o que faço é levantar meus olhos deste monitor e olhar na parede. “De todas essas artes nas quais o sábio alcança excelência, a principal obra-prima da natureza é escrever bem”.

Ela me deu o bordado quando a décima quinta carta chegou. Uma editora disse sim. Essa carta também está emoldurada. Qual dos dois é mais significativo? O presente da minha esposa ou a carta da editora? O presente, sem dúvida. Dando o presente, Denalyn deu esperança.

O amor faz isso. O amor oferece uma folha de oliveira à pessoa amada e diz, “Tenho esperança em você”.

O amor também é rápido em dizer, “Tenho esperança para você”.

Você pode dizer essas palavras. Você é um sobrevivente de dilúvio. Pela graça de Deus você encontrou seu caminho para a terra seca. Você sabe o que é ver a água baixar. E por isso, por você ter passado por um dilúvio e sobrevivido para contar sobre ele, você está qualificado a dar esperança para outra pessoa.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

Simão de Cirene carrega a cruz de Jesus

“Certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo, passava por ali, chegando do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz” (Marcos 15:21).

Simão resmunga em voz baixa. Sua paciência é tão escassa quanto o espaço nas ruas de Jerusalém. Ele esperava uma Páscoa tranquila. A cidade está tudo menos calma. Simão prefere seus campos abertos. E agora, ainda por cima, os guardas romanos estão abrindo caminho para algum quem-sabe-que-dignitário marchar com seus soldados e andar pomposo com seu garanhão pelo povo.

“Lá está ele!”

A cabeça de Simão e uma dúzia de outras se viram. Em um instante eles entendem. Não é nenhum dignitário.

“É uma crucificação”, ele ouve alguém sussurrar. Quatro soldados. Um criminoso. Quatro lanças. Uma cruz. O canto interno da cruz está apoiado sobre os ombros do condenado. Sua base arrasta no chão. Seu topo balança no ar. O condenado equilibra a cruz o melhor que pode, mas tropeça por causa do seu peso. Ele empurra seus pés e joga-se para frente antes de cair de novo. Simão não consegue ver o rosto do homem, apenas uma cabeça envolta por ramos espinhosos.

O rosto carrancudo do centurião fica mais agitado a cada passo reduzido. Ele amaldiçoa o criminoso e a multidão.

“Anda logo!”

“Pouca chance disso acontecer”, Simão diz para si mesmo.

O carregador da cruz para ofegante na frente de Simão. Simão estremece com o que vê. A viga esfregando nas costas já em carne viva. Riachos carmesins riscando o rosto do homem. Sua boca aberta por causa da dor e da falta de ar.

“O nome dele é Jesus”, alguém fala baixinho.

“Anda!”, manda o executor.

Mas Jesus não consegue. Seu corpo se inclina e seus pés tentam, mas ele não consegue se mover. A viga começa a balançar. Jesus tenta equilibrá-la, mas não consegue. Como uma árvore recém-cortada, a cruz começa a cair em direção à multidão. Todos se afastam, exceto o lavrador. Simão instintivamente estende suas mãos fortes e pega a cruz.

Jesus cai com o rosto no chão e fica ali. Simão empurra a cruz de volta ao seu lado. O centurião olha para o Cristo exausto e para o corpulento espectador e precisa apenas de um instante para tomar a decisão. Ele pressiona a parte plana de sua lança nos ombros de Simão.

“Você! Leve a cruz!”

Simão ousa contestar, “Senhor, eu nem conheço o homem!”

“Não me importa. Tome a cruz”.

Simão resmunga, equilibra a madeira em seu ombro e sai da multidão para a rua, do anonimato para a história e torna-se o primeiro em uma fila de milhões que tomarão a cruz e seguirão Cristo.

Ele fez literalmente o que Deus nos chama para fazer figurativamente: tomar a cruz e seguir Jesus. “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23).

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com

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