A nossa insatisfação com as polarizações não pode ser somente crítica. É necessário pensarmos os critérios mínimos que orientarão uma forma de servir ao bem comum que não seja marcado pelas disputas polarizadas.
Um dos ingredientes constituintes das polarizações são os compromissos religiosos com pessoas e partidos — que passam a funcionar como falsos deuses na vida de muitos. Isso significa que, necessariamente, precisamos colocar como condição fundante de uma nova forma de fazer política o amor ao Deus verdadeiro. Precisamos santificar Cristo em nosso coração (1Pe 3.15) para evitarmos as seduções dos falsos deuses políticos.
Em segundo lugar, se a política polarizada é uma expressão de reducionismo social, precisamos de uma visão multiforme da realidade. É necessário abrir mão de todo maniqueísmo político e passar a enxergar os processos sociais de diferentes modos.
Esse princípio é uma consequência do primeiro. Se Jesus é o nosso Senhor, e toda a autoridade foi lhe dada, então não existe nada nos céus e na terra que possa ser divinizado por nós. Nada poderá estar no lugar que somente a Trindade ocupa — seja a iniciativa privada, o Estado, o mercado, a família, a igreja, e qualquer outra entidade transformada em ênfase política ou partidária.
Todas as esferas sociais estarão submissas à soberania de Jesus e só terão valor político relativo — uma vez que só Ele tem soberania absoluta. Isso não significa desvalorizar essas entidades. Antes, estamos colocando-as em seus lugares de valor devido.
Por fim, a Igreja assumirá sua condição de militante. Na teologia Reformada, o estado em que o povo de Deus se encontra é militante e padecente. Somente no retorno de Cristo seremos triunfantes. Até lá, vamos sinalizando os valores do reinado de Cristo entre os seres humanos, anunciando o dia da justiça até que ele chegue.
Enquanto isso, permaneceremos em uma santa militância, não permitindo que nenhuma falsa esperança reivindique a fidelidade do nosso coração.