Existem pessoas que tem o péssimo hábito de encontrar defeitos nas coisas que estão no controle dos outros.
Acham que se fossem os gestores, tudo sairia bem melhor.
O pior é que ficam apenas assistindo para ver o incêndio do circo e quando eventualmente não dá certo dizem aquela frase apática e insipida: “Eu sabia que isso não daria certo….” ou “O que a Igreja precisa é disso e daquilo…” – e soa estranho como se houvessem deixado de ser Igreja e tivessem assumido o papel de consultores celestiais.
Adão inaugurou esta prática de transferência de culpa: “A mulher que o Senhor me deu estava com defeito…” humrrum… (mal agradecido esse cara…) E a idéia dele foi logo pirateada pela mulher e até pelo demônio…
E de quem é a culpa?
“A culpa é minha e coloco em quem eu quiser” . Essa cômica frase se adequaria bem neste contexto
E, chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze.
E, comendo eles, disse: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair.
E eles, entristecendo-se muito, começaram cada um a dizer-lhe: Porventura sou eu, Senhor? Mateus 26:20-22
Interessante perceber que os discípulos não procuraram acusar o que estava sentado do seu lado… “Faaaala Senhor!!! “ “É desse Jeito…” ou “ “Eu desconfio muito desse sujeito…”
Eles questionaram sobre a possibilidade de suas próprias participações.
Numa equipe ou numa comunidade comungamos dos acertos e dos erros…
Até que ponto estamos somando ou dividindo?
Até que ponto aceitariamos a possibilidade de assumir culpa?
Espero que entendamos verdadeiramente o que representa o Cristianismo, pois ele envolve, em muitos níveis, Dar a outra face, Lavar pés, Cusparadas, Confronto, Confissão Publica, (não desvie-se ainda, faltam dois…) Sofrimento e até Morte.
O jovem profeta Jeremias tinha tudo pra achar que havia algo errado e encontrar culpados novos em folha pra transferir seus desacertos… Apanhou muito e Deus insistia que ele deveria profetizar… Quebrou o jarro em cacos e também quebrado… Seus lamentos, escritos em terra estranha, principalmente a partir do Capitulo 3:22, representam bem que ele entendeu, a ausência de culpados e o proposito divino de tudo aquilo:
As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;
Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.
A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto esperarei nele.
Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca.
Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR.
Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.
Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele.
Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança.
Dê a sua face ao que o fere; farte-se de afronta.
Pois o Senhor não rejeitará para sempre. Lamentações 3:22-31
José subiu em direção do trono descendo para um poço, para uma exposição escravagista, para o serviço doméstico e para a administração carcerária.
Ele poderia listar muitos culpados, porém no elenco do filme e em seu roteiro, não haviam culpados, todos tinham seu papel de importancia e estavam encenando perfeitamente a peça bem conduzida pelo deus de seus pais.
O Salmo 139 é uma canção que mostra um homem desnudando-se diante do Senhor, culminando com os 2 últimos versículos, onde o Rei Davi demonstra humildade e a simples possibilidade de alguma ter parcela de participação de culpa:
23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; 24 vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno.
Gostaria muito de testemunhar mais pessoas com este comportamento.
Aprendi com meus pastores a admitir erros publicamente. Percebi que isso não só me aliviava, como me referenciava junto aos meus liderados.
Ha muitos “presidentes” de si mesmos que não admitem defeitos. Deus fará um “recall” em sua vidas.
O fato é que declarações verbais de fé não resistem ao cotidiano do testemunho de vida.
Assuma agora seu papel no enredo da graça e peça perdão por alguma culpa, peça perdão pela simples e cruel omissão, pelo desleixo ou pelas infames reincidências.
Perdoe-nos, Deus!
por Júnior Firmino