No período de férias com a família eu salvei a vida do meu filho de dois anos e meio, o Leonel. Ele estava à beira da piscina, sentado na borda com os dois pezinhos dentro d’água. Eu me coloquei estrategicamente atrás dele, mais ou menos a um metro de distância, o que considerei uma distância segura para evitar possíveis emergências. Tudo estava tranqüilo até o Leonel tentar virar o corpo para pegar um brinquedo. Como você já pode imaginar, ele acabou caindo na água. Mais depressa quanto pude (isso não é tão depressa assim), me ajoelhei na sua direção, enfiei o braço para dentro da água, agarrei seu bracinho e o puxei de volta para a superfície, com um susto enorme estampado no rosto, mas nada tão grande que o impedisse de estar sentado no mesmo lugar na manhã seguinte.
Bem, você pode dizer que isso não foi nada, mas como todo pai, eu passei o dia satisfeito com minha façanha. Afinal não é todo dia que salvamos a vida dos nossos filhos. Isso foi o que pensei de imediato, mas logo comecei a perceber que o que aconteceu foi algo comum e que se repete todos os dias com todas as pessoas. Até lembrei algumas vezes em que fui salvo por meu pai ou minha mãe e nunca considerei isso algo digno de destaque. E para falar a verdade, o meu filho nem se lembra mais do ocorrido. Os filhos são assim mesmo, não é? Eu fui assim e meu filho age da mesma maneira, até porque o meu amor por ele não permite que ele nem mesmo tenha a noção completa dos riscos que uma piscina oferece a um garotinho de pouco mais que dois anos de idade.
Do mesmo jeito que meu filho já nem se lembra mais da minha façanha, tenho pensado que algumas vezes ele também salvou a minha vida sem que eu tenha percebido. Não de me afogar numa piscina, mas de cair em pecado.
Eu digo isso não porque me esqueci que a principal motivação para eu não pecar é o próprio Deus que, com Seu amor, me constrange a viver uma vida santa, mas, sim, porque o amor que eu tenho por meu filho serve como uma força gravitacional que me mantém perto da pureza que Deus requer de mim. Eu me lembro do exemplo do nosso irmão José do Egito, que fugindo do assédio sexual, respondeu para a mulher de Potifar que “seu marido me colocou sobre tudo na sua casa, e não me negou nada a não ser a ti” (Gênesis 39. 8 e 9). Parafraseando, ele poderia ter dito assim: “há alguém que espera uma conduta digna de mim. Há alguém que merece minha confiança. Há alguém que não espera que eu o traia e eu não vou decepcionar essa pessoa.” Por isso o meu filhinho tem salvo a minha vida do pecado em diversas ocasiões. E cada vez que me vejo diante da tentação, o próprio Espírito de Deus me lembra que eu tenho um filhinho e uma esposa que eu amo muito e a quem não posso e não quero decepcionar. O amor que tenho por eles é uma barreira bem forte para que o pecado não me domine. Quando penso em meu filhinho e vejo algum caso de adultério, eu peço forças para Deus para que essa desgraça nunca aconteça em minha família. O amor que tenho por ele me faz pensar “dez vezes” antes de cair em tentação. Eu não quero ser o causador de lágrimas de amargura em seu rostinho.
Por isso, talvez o Leonel tenha salvo a minha vida mais que eu a dele. E isso é maravilhoso para mim. Deus, em Sua sabedoria sem igual, colocou em minha vida pessoas que amo tanto e que, justamente por causa do amor que sinto por elas, sou empurrado para longe do pecado. Isso é também salvar a vida, sim, pois a Palavra de Deus continua nos lembrando que “o salário do pecado é a morte” (Romanos 6. 23).
Senhor, obrigado por Sua misericórdia em minha vida. Obrigado por ter posto diante de mim pessoas tão queridas que são, juntamente com a Tua Graça, a força que preciso para viver uma vida completamente do Teu agrado.
por Clóvis Jr.