orAÇÃO

“Senhor, diante de ti está todo o meu desejo, e o meu gemido não te é oculto.” (Salmo 38:9)

Fui desafiado há poucos meses atrás numa visita à uma irmã muito querida a publicar alguma coisa sobre a oração. Não há em toda Bíblia um compêndio tão completo sobre a oração quanto nos Salmos. Encontramos a oração de um Rei que, fugindo da perseguição de seu próprio filho disse, provavelmente em profunda contrição: “Eu, porém, invocarei a Deus, e o Senhor me salvará (55:15)”; ou em outra situação, quando preso por inimigos cruéis: “Em me vindo o temor, hei de confiar em Ti (56:3)”.

A Oração é a melhor maneira de exercitarmos nossa Comunhão com Deus e adquirirmos Intimidade com Ele.

a) É um momento de agradecimento. “Os teus votos estão sobre mim, ó Deus; eu te renderei ações de graças;” (SL 56:12). Frequentemente aguardamos que nossas orações sejam atendidas e que isto faça ebulir em nós um desejo de agradecer. Entretanto seria muito mais interessante que nossas vidas fossem permeadas por agradecimentos constantes. Se não temos imediatamente um motivo para agradecer, devemos lembrar de agradecer pelas bênçãos que nossos irmãos têm alcançado, como também pelas bênçãos que a igreja (comunidade) tem alcançado, ou mesmo agradecer o fato do Senhor atender nossos pedidos.

b) É um momento de adoração. “Então irei ao altar de Deus, a Deus, que é a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.” (SL 43:4) – Na Oração podemos adentrar à presença de Deus. Muitas pessoas não entendem a extensão disto e por isso desprezam uma vida de Oração, ou concentram-se suas forças em apenas pedidos, como se a oração fosse um serviço de 0800 em que eu ligo, faço minha solicitação, sento-me e aguardo a chegada do pedido. E ainda quando ele atrasa – julgamos -, ficamos irritados e nos sentindo desprezados.

c) É um momento de confissão. “Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. (Selá.)” (SL 32:5); “Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam.” (SL 86:5). Muita gente despreza esta qualidade e acabam por viver vidas de oração com pouco poder, uma vez que vidas com pecados a confessar, ainda que cristãos verdadeiros, não podem desfrutar de Comunhão Plena com o Senhor e o Seu Espírito. Confissão não deve ser um mero momento de `Senhor, perdoa meus pecados`. Imagine um criminoso na frente do juiz confessando seu erro da seguinte maneira: “Meritíssimo, cometi um crime.”, por mais correto que o tratamento usado fosse, o conteúdo não pôde ser chamado uma confissão. Se ele tivesse se manifestado assim: “Meritíssimo, roubei uma galinha”. Por mais simples que fosse seu crime, agora o coração do simples ladrão estava aberto. Confessar nossos pecados ao Senhor implica nesta ação de “dar nomes aos bois”.

d) É um momento de pedido. “O SENHOR o sustentará no leito da enfermidade; tu o restaurarás da sua cama de doença.” (SL 41:3). Há um comportamento bastante peculiar em nós que é o de pensarmos que Deus pensa como nós. Quando deparamos com uma situação que julgamos ser uma situação fácil, raramente pedimos ajuda ou opinião de alguém. Reservamos o auxílio de nossos amigos para uma ocasião que requeira mais atenção, um problema `de verdade`. Ao contrário deste comportamento, o Senhor quer que dependamos dEle nas mínimas coisas.

Propositadamente deixei a parte dos pedidos por último. Se você for estudar acuradamente o livro dos Salmos verá que na maioria deles, aquilo que se observa são Louvor, Adoração e Confissão, vindo em última análise os pedidos. A cristandade contemporânea tem vivido com uma necessidade constante de pedir (Talvez por interesse de uma sociedade consumista na qual inevitavelmente estamos incluídos). Só não devemos nos esquecer que as grandes respostas de Oração relatadas na Bíblia ocorreram quando o povo estava Louvando (seria um bom momento para reler a história da queda do muro de Jericó!).

A oração, conforme já dito, é uma forma de exercitarmos a Comunhão com Deus. Mas não é só isso. É uma maneira de exercitarmos a comunhão uns com os outros. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” (AT 2:42). É uma característica da Igreja Verdadeira o fato de seus membros estarem unidos em uma rede de oração uns pelos outros. “Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;” (RM 12:13). Fala-se muito hoje em Internet, Redes, Interligações com pessoas no mundo inteiro. A Igreja primitiva já fazia isto muito antes de existir o primeiro computador!!!! Devemos, portanto, incentivar mais os momentos de diálogos em nossas igrejas locais, para que possamos de fato conhecer as necessidades uns dos outros. Quem sabe seria uma boa idéia criar-se uma lista telefônica dos irmãos para que fosse acionada sempre que uma necessidade surja. Reuniões informais para oração devem ser incentivadas entre os jovens, irmãs e irmãos. Grupos pequenos de oração e compartilhamento de experiências. Agendas de Oração. Estes modelos nada mais são que sugestões. Vamos lá! Use sua criatividade para despertar seu grupo para a necessidade do exercício da oração .

Por mais profundo e completo o Estudo Bíblico seja, ou por mais que leiamos diversos livros sobre o poder da oração (somos capazes de enumerar vários muito bons!) ou sobre como vários irmãos têm vivido respostas fantásticas às suas orações, será completamente inútil se não cultivarmos uma rotina eficaz de oração. Não precisamos obrigatoriamente de muito tempo. Bastam 15 minutos por dia para fazer-se uma devocional adequada e passar alguns minutos em oração. As irmãs enquanto arrumam as coisas de casa ou fazem o almoço podem repetir palavras de louvor ao Senhor que são ótimas orações!!!! Os irmãos enquanto viajam para seus negócios podem orar enquanto lindas paisagens passam em seus olhos pela janela do ônibus. E o que dizer daquelas noites terríveis de insônia!!! Elas podem se tornar imensamente produtivas se ao invés de assistirmos televisão reclamando ou nos entupirmos de remédios nos ajoelharmos para orar pela nossa família que está dormindo e pela Igreja. Lembre-se que fazer é bem melhor que falar!!

Por fim, nunca se esqueça de assumir sua humanidade diante de Deus – não somos infalíveis! Davi no Salmo 38 reconhece isto. “Porque em ti, SENHOR, espero; tu, Senhor meu Deus, me ouvirás.” v.15. Embora sua confiança e esperança estivessem firmadas em Deus, ele assume que estava com um profundo medo. “Pois estou prestes a tropeçar; a minha dor está sempre perante mim. Confesso a minha iniquidade; suporto tristeza por causa do meu pecado… Não me desampares, Senhor, Deus meu, não te ausentes de mim”. v.17-18;21. Se você, maninho, não está conseguindo colocar isto em prática, compartilhe suas dificuldades com alguém e convide-o para ser seu parceiro de intercessão!