Amigos, anda meio sumido da mídia o outrora famoso repórter policial e apresentador de rádio e TV. Sua voz e impostação diferentes sempre foram sua marca registrada. Sua maneira de contar histórias é envolvente. Seu estilo é inconfundível. Bem, inconfundível, nem tanto. Lembrei-me esses dias de uma entrevista que ele concedeu no auge da carreira. Contou histórias, curiosidades da profissão, detalhes da vida pessoal. Lá pelas tantas, perguntado sobre como se sentia com tanta gente a imitá-lo nos programas de humor, ele revelou uma situação inusitada. Disse que certa vez uma rádio de São Paulo promoveu um concurso para ver quem imitava melhor o Gil Gomes. Ele achou a proposta engraçada, gravou uma fita de si mesmo e mandou para o programa. Só mesmo com ele. Adivinha o que aconteceu? Pegou o terceiro lugar! Os examinadores acharam que o Gil Gomes imitado era mais parecido do que o Gil Gomes real. Houve duas imitações que foram consideradas mais próximas do original. Interessante isso. Por um lado mostra como é fácil a gente se enganar. Como é fácil comprar gato por lebre. Sem uma avaliação mais criteriosa das situações, estamos sujeitos a muitas vezes comprarmos informações, conceitos e valores que parecem originais, mas não passam de uma fraude. Por isso é bom tomar muito cuidado com tudo o que a gente vê, ouve e lê. Cada dia que passa recebemos mais e mais informações e grande parte delas é gerada para confundir e atrapalhar a vida. Isto vai desde os e-mails com vírus e os clones de cartão de crédito até os falsos amigos, que miam como gatinhos siameses na nossa frente, mas picam como serpentes venenosas assim que têm uma chance. Como nos enganamos com as pessoas! Confiamos, damos uma chance, ajudamos, estendemos a mão, pensando saber com quem estamos lidando. E de repente, você vai ver, o cara é uma fraude. É uma fita de concurso. Por outro lado, a história contada por Gil Gomes mostra também como é fácil fazer passar-se por alguém e ludibriar os outros com uma imitação bem feita. Com que facilidade podemos viver um “personagem”. Copiamos as pessoas que admiramos nas suas ações, comportamentos, até no jeito de falar. Mas isso não faz de nós as pessoas que queremos ser. Às vezes a gente percebe que uma pessoa tem carisma, chega em qualquer lugar e vai se dando bem, é bem quista pela galera, pronto. Lá vamos nós tentando ser como ela. Mas não funciona assim. É melhor ser um original apagado do que um xérox vistoso. Representar um papel não é nada mais do que hipocrisia. Pode funcionar durante um tempo, mas não vai durar muito. Lembro-me de alguns anos atrás quando um pregador imitava os gestos, o jeito de falar, os jargões e até o jeito de vestir de alguém a quem admirava. Uma época, o “original” deixou a barba, o xérox deixou também. O “original” tirou a barba, o xérox tirou também. Só que tinha um problema: a cópia era tão mal feita que dava dó. O original era um orador nato, sabia usar bem as palavras, concatenar frases e pensamentos de maneira inteligente. O outro, na tentativa alucinada de imitá-lo, fazia papel de bobo. Todo mundo percebia que aquilo não era dele, não era natural. Virou alvo de chacotas. Ninguém mandou ser besta. Cuidado para não ser uma fita gravada para um programa de imitações. Seja você mesmo, seja original. Deus fez cada ser humano com uma impressão digital, que é para nos ensinar que somos únicos. Afinal, mesmo que você não goste de um Gil Gomes, vai gostar menos ainda de uma cópia que não resiste a uma análise mais criteriosa.