Amigos, se você não foi convidado para a festança de Ronaldinho e a Bocarelli no castelo francês, não fique triste. Pode ir preparando o traje de gala, porque logo, logo vem outra cerimônia por aí. A “união” já chegou ao fim, se é que algum dia começou. Que nem o Passarela, que tinha vindo para ficar. Ficou. 3 meses. Tevez veio para jogar “hasta la muerte”, mas já pediu para ir embora.
O que há em comum entre estas histórias, além de serem protagonizadas por personalidades do esporte? É que estas atitudes são o símbolo da nossa geração. Não somos mais incentivados a termos vínculos. Já faz algum tempo que o importante não é mais a palavra empenhada, o contrato assinado ou o projeto esboçado. O que vale é “o que eu estou sentindo no momento”. E como “o que importa é ser feliz”, segundo a Xuxa e mais um monte de idiotas que pensam e agem dessa maneira, quando não estou me “sentindo” mais feliz, eu pego meu boné e vou embora. Chuto tudo para o alto, dou as costas a qualquer coisa para fazer o que me deu na telha. Em tudo. Do contrato do jogador ao casamento. Da faculdade ao ministério.
Não são apenas as celebridades que pensam assim. O ser humano comum faz a mesma coisa. A única diferença é que isso não sai na televisão nem nas revistas de fofocas. Não repercute na mídia. Mas a atitude está lá. Não sei quem dita o comportamento de quem, se as celebridades refletem o que a sociedade vive ou se é a sociedade que se espelha nelas e acha bonito fazer igual. O fato concreto é que a superficialidade em tudo o que se faz é a marca do momento. Quanto menos compromisso, melhor.
Casamento agora é contrato de risco, renovável de briga em briga. Vem daí o “ficar”. Daí a idéia do “sexo-seguro”. O importante é você se dar bem. Use e descarte. Igual luva de farmacêutico.
Amizade agora é uma questão de quanto você pode levar nisso. Enquanto há algum interesse, a amizade prossegue. Quando não tem mais nada para tirar, tchau, tchau, passe bem.
Daí vêm também aquelas coisas que a gente se compromete a fazer e que vai deixando no fundo da gaveta, mesmo sabendo que tem alguém esperando. É a história do eletricista que demora 15 dias para atender o chamado; do carpinteiro que combina os móveis para maio e entrega em junho, mas do outro ano; do aluno que não entrega o trabalho no dia; do vício maldito de chegar atrasado em tudo quanto é compromisso.
Daí, também, a idéia de “ser crente em casa”, do negócio de “o importante é estar bem com Deus, não com a igreja”, como se uma coisa não tivesse nada a ver com a outra. Nada de levar as coisas muito a sério. Isso “estressa”. O único compromisso é com a gratificação pessoal e imediata.
Estamos no tempo do virtual, no disk-tudo, da praga horrorosa dos atendimentos eletrônicos. Não queremos relacionamentos, porque eles cobram um preço. Não se aprofunda no conhecimento de nada e de ninguém sem investir tempo, lágrimas, dinheiro e esforço, sem correr riscos, sem sofrer decepções e perdas. Não estamos mais dispostos a isso.
Já houve tempo em que este era um problema da sociedade sem Deus. Hoje é o problema do que eu chamaria, tristemente, de uma igreja sem Deus. Porque cristianismo sempre foi coisa de gente comprometida. O camarada se convertia a Cristo, era batizado quase que ato contínuo. O batismo era um símbolo (obviamente que continua sendo até hoje) de um compromisso de vida e morte do cristão com seu Senhor. Durante muito tempo, era mais de morte do que de vida. Identificar-se com Jesus era quase assinar a sentença de martírio. Não era brincadeira. Não era para qualquer um. Era só para gente que estava disposta a levar Deus até às últimas conseqüências.
Agora não. Como eu disse esses dias por aqui, ser “gospel” é ser da “galera de Cristo”; é um vai-da-valsa que dá até medo. Por isso é que tem tanta gente no meio do povo de Deus que já acha que tudo isso que está acontecendo ao nosso redor é normal.
Mas não é mesmo! Não foi para isso que Deus nos resgatou em seu Filho Jesus. Não foi para vivermos moldados e conformes ao padrão ditado de fora para dentro. Foi justamente para nos arrancar pelas raízes deste sistema perverso e maligno, que prioriza coisas e atividades ao invés de pessoas e relacionamentos, que Cristo deu a sua vida por nós. Se fosse para continuar tudo com está, não precisaria disso.
No tempo de Ezequiel, Deus buscou um homem que se colocasse na brecha em favor daquele povo. Que conseguisse falar ao coração deles para que voltassem para Deus e deixassem os ídolos. Penso que no nosso tempo Deus continua buscando essa pessoa. Gente que comece a redescobrir o valor que se esconde por trás de uma vida comprometida com Deus e com o seu próximo. Jovens que renunciem à geração Internet, que tem preguiça até de escrever as palavras inteiras, e estabeleçam para si mesmos o padrão do compromisso e da fidelidade em todas as coisas.
Gente que deixe para a história coisa melhor do que jogadores e modelos têm para deixar.