Aí criançada! Minha estréia na nossa seção de cinema não poderia ser mais difícil. O que dizer de Constantine? Todo mundo já tá acostumado com aquele esquemão clássico dos filmes de ação: “O mocinho desconfia que alguma coisa horrível está pra acontecer, conhece a mocinha no meio do caminho. A mocinha é sequestrada pelo vilão e no último minuto o mocinho detona o vilão, beija a mocinha e tudo acaba bem”. O roteiro deste não é tão manjado assim. Muda um pouquinho. Adiciona-se um personagem “bad boy” (muitíssimo melhor e mais profundo que qualquer um do Vin Diesel), demônios, anjos, toneladas de misticismo, bruxaria e afins. Bom… pra mim acaba aqui.
Tecnicamente, digamos, o filme é dos bons. Boa fotografia, som, efeitos, ritmo, mas não tem como não se incomodar com um filme que fala de céu e inferno, questiona e faz julgamentos perigosíssimos sobre Deus e Sua vontade, justifica a bruxaria e autentica, neste contexto, o papel da igreja católica (se alguém assistir vai entender o que quero dizer), tentando explicar a nossa relação com demônios, anjos e afins. Até cita a Bíblia, mas passa longe das suas verdades. Isso tudo é muito perigoso. É brincar com fogo.
Vamos admitir: este tema fascina. É um campo fértil para especulações das mais malucas, invenções e suposições espetaculares. Nos quadrinhos então (de onde o personagem veio) este tema é muito recorrente. Dá pra viajar muito. E este é, ao meu ver, o maior problema. Tenho amigos que gostam desses temas e lêem de tudo sobre isso. O problema é que a Verdade – o que realmente importa para nós – se torna muito relativa. Uma verdade bíblica tem o mesmo peso de algo proposto por um conto macabro. Com tantas “verdades”, por que a Bíblia é que estaria correta? “Vamos abrir a nossa mente! Por que não podemos propor uma nova possibilidade?” – esta é a mensagem.
Pesando tudo isso, concluo que não gostei do filme. Da mesma forma que não gosto de O Exorcista ou qualquer outro filme de terror que exalta as trevas. E este filme ainda vai além, ao dar um arzinho “cool” aos seus seguidores. Não é algo bom para se ver, é só mentira, como a maioria dos filmes são, mas este mente sobre coisas importantes. E, infelizmente, influencia as pessoas. Não posso recomendar. Temos que saber quando abrir nosso coração e quando fechá-lo também.