- Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas.
Tem gente que enxerga as coisas de longe. Os que nasceram ou foram criados na roça de alguma maneira desenvolvem maior sensibilidade do que os que nasceram na cidade. Parecem conseguir ver mais rapidamente alguns sinais da natureza. Eles sempre sabem quando vai chover ou fazer frio. Imagino que alguns desses conhecimentos sejam fruto da observação cuidadosa da repetição dos ciclos da vida, que um dia alguém resolveu fazer e depois foi passando de pai para filho.
Quando Jesus falou a essas pessoas, elas entenderam rapidamente que a parábola da figueira tinha a ver com sensibilidade, com percepção. Não de um tipo místico, esotérico, mas de algo que brota do conhecimento prático das coisas. A figueira era árvore comum naquelas regiões. Não é à toa que Jesus a utiliza mais de uma vez em seus ensinamentos. Quando os ramos da figueira começam a brotar, prepare o bronzeador: o verão está chegando.
Há outros, porém, que não estão acostumados e nem tem conhecimento deste ramo (nos dois sentidos). Eu, por exemplo, não tinha a menor idéia do que significavam os brotos novos de um pé de figo antes de ler esta parábola. Aliás, eu sempre pensei que figo dava em lata. Não entendo nada disso. Se estiver em um pomar e alguém me pedir para apanhar uns figos, sou capaz de voltar com uma fruta-do-conde na mão. Por isso, eu não posso antecipar a chegada do verão olhando para as folhas de uma figueira. Não desenvolvi essa noção. Não tem a ver com o meu contexto.
E aí está a grande lição que Jesus quis nos mostrar: os planos de Deus a nosso respeito não acontecem sem aviso. Mas se você quer entender os sinais da vinda do Senhor, precisa desenvolver intimidade com Ele e então vai descobrir nas coisas mais simples ao seu redor que Deus está agindo e que Seu plano está sendo implementado. Vai descobrir que a situação do mundo em que vivemos não está sem controle, mas que ela revela que Deus está prestes a fazer o que Ele prometeu que faria: disparar mais uma fase do Seu plano eterno. No entanto, se você se comportar como um caipira da cidade, que só conhece figo na prateleira do supermercado, vai ficar por fora. O verão vai chegar e você não vai nem se dar conta disso. Precisa entender como funcionam os ramos renovados da figueira. Precisa sair da sua zona de conforto e dedicar-se a conhecer mais de Deus, sua Palavra e seu modus operandi. Precisa aprender a andar com os olhos abertos, comparando o que leu e aprendeu com o que vê e escuta. Os sinais estão aí. É necessário aprender a discerni-los.
Um professor que conheço disse-me uma vez que o pregador que se preza deve aprender a pregar com a Bíblia na mão direita e o jornal de hoje na esquerda. Ele tem toda razão. O que ele quer dizer é que Deus é atual. Deus é para hoje, embora ele tenha sido o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Tudo o que ele disse no passado revela o meu presente e altera o meu futuro. A teologia é relevante. Teologia que se aprende no domingo e que não pode se aplicar na segunda é uva embotada. É fruta que amarra a boca. Nossa geração precisa aprender mais de Deus para entender mais os sinais de Deus.
Que bom que um acontecimento de tamanha grandeza pode ser conhecido até pelos seres humanos mais simples. Uma verdade tão gigantesca pode ser explicada por um pé de fruta cujos ramos estão brotando. Basta que a gente atenda ao chamado à vigilância e se empenhe minimamente para entender os avisos que nos cercam a cada dia, anunciando que o relógio de Deus não pára.
Que ninguém alegue que não sabia que a vinda do Senhor era iminente se esta o pegar de surpresa, porque os sinais estão aí para quem quiser ver.
Aí é que está. É para quem quiser ver. Você quer?
Pensando bem:
Deus é para hoje, embora ele tenha sido o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.