Um choro de bebê corta a noite escura. É o nascimento mais esperado da História da humanidade. Um menino nos nasceu. Não apenas a seus pais, mas a todos nós. Um Filho se nos deu, posto que já existia desde a eternidade. Foi gestado por nove meses no ventre de uma mulher virgem, mas era esperado e anunciado por milênios.
Era, como se cuidava, filho de Maria e de José. Mas seus pais sabiam a história inteira. A verdadeira versão é inacreditável aos céticos, simplista aos intelectuais, alienante aos filósofos, assustadora aos poderosos, descabida aos religiosos. Não é questão de ser Natal, é questão de ser Jesus.
O menino é Emanuel. Deus Conosco. O Eterno e Todo-poderoso Criador e Sustentador do Universo agora está envolto em panos, deitado numa cocheira em um desconhecido estábulo na periferia na insignificante Belém de Judá. Sua mãe daqui a pouco vai amamentá-lo. Vai trocar suas fraldas. Vai dar banho e depois mimá-lo com canções infantis, embalando seu sono. Quem poderia imaginar um Deus Soberano cabendo num pequenino corpo humano em desenvolvimento? Suas pequenas mãozinhas de recém-nascido contraem-se num espasmo típico. Um dia, elas sustentarão o peso dos pecados do mundo inteiro. Mas nessa noite, elas ainda dependem totalmente dos cuidados de Maria.
E o menino é tomado nos braços pelo homem piedoso e conhecedor dos desígnios de Deus: “Agora posso morrer em paz, porque meus olhos viram a tua salvação”. Não era apenas mais um garotinho judeu cumprindo o ritual sagrado da religião dos seus antepassados; Ele é o Sol nascente das alturas. Enquanto tantos ainda buscam nos astros a direção para suas vidas, ele é o Criador que ilumina e energiza todo o Universo.
E o menino cresceu. Da manjedoura foi ao Egito, do Egito a Nazaré. Aprendeu o ofício de seu pai e até os 30 anos tornou-se um reconhecido carpinteiro. Todos queriam seus serviços, porque ele era profissional do tipo que não engana, não enrola, não mente e cobra o justo. Nunca houve erro nas suas palavras nem nos seus atos.
Então, o menino já homem feito, passa a manifestar o verdadeiro sentido e propósito da sua vida. Ele, que tinha tudo para se tornar uma celebridade, fazer fama e sucesso, torna-se um Mestre revolucionário para pessoas simples. Seus ensinos não são como o dos demais rabinos de sua época. Ele tem autoridade no que fala, porque vive o que prega. Sua pregação exige um alto padrão de comprometimento: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue; dia a dia tome a sua cruz e siga-me”. Nada menos do que isso. Para seguir Jesus ou você aceita-o por completo e se envolve totalmente, ou você não serve.
Chega o dia. Ele veio para dar vida em abundância. Mas para isso, ele tem que dar a sua própria vida. Falar do Natal sem falar da Cruz é o mesmo que contar a história de qualquer outro ser humano. Porque se Ele tivesse nascido como nasceu, vivido como viveu, mas não tivesse morrido como morreu, não haveria esperança, nem salvação, nem futuro para a raça humana.
E o homem Jesus foi crucificado num monte chamado Calvário. Foi submetido à vergonha, à zombaria, ao desprezo, às dores indescritíveis. Mais ainda, foi desamparado pelo Pai, com quem teve desde sempre ampla, geral e irrestrita comunhão e amizade. Entregou seu espírito. Morreu. Foi baixado da cruz e colocado num túmulo novo.
Mas esse também não era o fim da história. Ao terceiro dia, Jesus ressuscitou. Quebrou as cadeias da morte e saiu vitorioso daquele lugar, que absolutamente não combinava com o Autor da vida. Ele está vivo. Deus o coroou e o fez Senhor e Cristo. Ao nome de Jesus todo joelho tem que se dobrar, nos céus, na terra e debaixo da terra. Não há outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos.
É tempo de celebrar. Não o Natal. Não os presentes e as festas. Nem mesmo o menino deitado numa manjedoura.
Mas o Salvador.