Amigos, é possível que a maioria dos meus queridos leitores não tenham tido o privilégio de conhecer uma extraordinária figura, meu grande amigo Todd Aitken. Depois de lutar durante cerca de 20 anos contra uma doença rara e degenerativa, Todd passou à presença do Senhor na madrugada do dia 12 de outubro último, nos Estados Unidos, onde morava.
Todd me ligava sempre. Nos últimos meses, quando soube que eu tinha ficado desempregado, passou a ligar mais frequentemente. Sua intenção era sempre muito clara: dar uma força ao amigo, uma vez que ele estava passando pela mesma situação de ter que se readaptar a uma condição profissional. Queria saber de que forma podia me ajudar. Ele perdera seu último emprego há alguns meses atrás, porque seu patrão queria forçá-lo a que participasse de alguns negócios ilícitos, com o que ele não podia concordar. Apesar de saber que teria grande dificuldade de encontrar uma nova posição, devido à sua doença física, Todd preferiu abrir mão do emprego a tergiversar com o pecado. Seus valores eram realmente valores. Sua fé tinha que ser vivida inclusive no seu ambiente profissional. No entanto, nossa condição não era igual. Eu não sofro dores constantes, não tomo remédios fortes e nem sempre tenho a paciência de conviver com reveses sem reclamar. Quem não o conhecesse e apenas ouvisse sua voz e suas risadas no telefone, jamais diria que era alguém naquelas condições que estava ligando.
Na última vez que nos falamos, duas semanas antes de sua partida, o papo rolou por mais de uma hora. Falamos a respeito de tudo. Família, filhos, trabalho, igreja, eleições, planos para trabalharmos juntos em alguns projetos. As únicas menções que fez à sua condição física, já, então, muito mais comprometida do que poderia imaginar, foram para dizer que simplesmente ele estava tentando se adequar à realidade. Apesar das dores e restrições, 24 horas por dia, de saber que seu quadro era praticamente irreversível, sua atitude nunca mudou. Nunca o ouvi reclamar. Nossas conversas eram sempre “pra cima”. Ríamos muito, fazíamos piada de tudo. Quando você pensar em reclamar da vida, lembre-se do meu amigo. Como diria Charles Swindoll, “a vida é 20% circunstâncias e 80% atitude”. Todd ensinou esta lição na prática e eu quero aprender com ele.
Alguém diria que ele tinha os olhos no futuro. Eu diria que era mais. Muito mais. Ele tinha a certeza e a segurança da eternidade e vivia sob a perspectiva da convicção de que sua história não estava limitada aos 45 anos que Deus lhe concedeu para viver entre nós. Nosso desejo era que Todd fosse curado e permanecesse conosco muito tempo. Ele amava a vida. O Senhor tinha outro desejo, outro plano. Sabemos que Sua vontade é sempre a melhor, embora nossa condição humana e limitada nem sempre consiga compreendê-la. Não sei se o que vou dizer é teologicamente correto, uma vez que o céu é um lugar perfeito, que não tem como ser melhorado. Porém, quem conheceu Todd sabe que ele tinha uma capacidade especial de tornar o lugar onde estava num lugar melhor. Por isso, arriscaria dizer que desde a última madrugada, o céu ficou mais rico com a chegada desse cara.
Ele vai fazer muita, mas muita falta por aqui. Nós, seus amigos e irmãos, o entregamos às mãos do Senhor a quem ele tanto amou e serviu, simplesmente por sabermos que sua passagem foi um verdadeiro descanso para seu corpo. Temos a certeza da Palavra que nunca mais Todd precisará lutar com dores e sofrimentos. Cremos na Palavra que diz “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem de suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.”
Não apenas isso, mas cremos também no Pastor bondoso que anda conosco em todo o tempo, conforta também os corações dos que aqui ficaram, familiares em especial, enxugando suas lágrimas até que chegue o dia em que elas serão secas pela vitória final do Autor da vida.
Felizmente podemos dizer, não como um paliativo para a dor e a saudade, mas como uma certeza insofismável que o Espírito Santo, pela Palavra nos infunde: “Até breve, amigão! Já, já a gente se encontra. E nunca mais será do mesmo jeito. Nossos corpos serão transformados, toda dor ficará no passado e lágrimas não rolarão mais.”