São sempre os mesmos

Amigos, eles mudam de número, mudam de penteado, mudam de partido, mas no fundo são sempre os mesmos. Há décadas que vejo as mesmas figurinhas carimbadas no horário eleitoral. Alguns são meras caricaturas de outrora. Não há nada de novo debaixo do sol. Geração após geração, e as coisas permanecem sem alterações significativas. Defendo a tese que afirma estarmos em meio a uma tão grave crise de identidade moral e de liderança que não conseguimos sequer produzir alternativas decentes para conseguirmos eleger o síndico no nosso prédio; que dirá aqueles que nos representarão no governo, redigirão nossas leis, decidirão sobre o destino dos nossos impostos, estabelecerão os princípios que regerão nossa política internacional, e tudo isso por longos quatro anos.

A não ser que esteja perdendo alguma coisa muito especial, não vejo nada que tenha aparecido como opção. Alguns cristãos andam deslumbrados com uma candidata magrinha que apareceu por aí, mas ela não me empolga por vários motivos. Agora, observe bem se tem alguma coisa nova.

Sempre tem alguém tentando se apropriar da história de quem já morreu: “Vote em mim porque sou filho do fulano, neto do cicrano, aluno do beltrano”.

Sempre tem alguém tentando se apropriar da religião: “vote em mim porque sou o pastor fulano ou o candidato do bispo tal”.

Sempre tem alguém tentando se apropriar da paixão esportiva: “vote em mim porque fui jogador desse ou daquele clube”.

Sempre tem candidato surfando na onda da popularidade musical: “vai ficar legal, tcham-tcham-tcham”.

Sempre tem alguém tentando se apropriar do lugar onde mora: “vote em mim porque eu sou de tal lugar assim, assim”.

Sempre tem alguém tentando se apropriar daquilo que já faliu: “vote em mim para fazermos uma revolução e para implantar este ou aquele sistema”

Sempre tem alguém tentando nos fazer de palhaços: “Pior do que tá não fica”.

Sempre tem alguém apelando para a imoralidade: “vote com prazer”.

Sempre tem alguém com coragem de não esconder seu passado: “você já me conhece”

Sempre tem alguém com cara de pau suficiente para mostrar que não serviu para nada mas que quer continuar por ali: “estou há 8 mandatos como deputado; conto com seu voto para continuar esse trabalho”.

Sempre tem alguém usando a internet para espalhar besteiras sobre candidatos, além de todas as que eles falam e escrevem por si mesmos.

Sempre tem alguém subindo no púlpito para demonizar alguns e sacralizar outros, tudo evidentemente de acordo com suas posições políticas e interesses nem sempre tão espirituais e dignos.

Há um esforço bem intencionado de pessoas sérias no sentido de fazer as pessoas se politizarem e votarem com consciência. Mas é uma tarefa difícil. Não será desta vez que conseguiremos ter um governo digno desse nome. A julgar pelo nível dos candidatos, já pode se saber o que vem por aí.

Só quero fazer duas perguntinhas aos pastores tão interessados agora no que andam chamando de “iniqüidade insustentável”: pobreza, miséria, desigualdade social, leis injustas e aplicação da lei ainda mais injusta, tudo isso não cabe no pacote de imoralidade? Somente aborto e casamento homossexual virou iniqüidade? Por que será então que os profetas do Antigo Testamento nunca mencionaram estas duas, mas falaram tanto contra aquelas outras?

E uma última, para encerrar: no tempo da ditadura militar, os pastores e líderes ensinavam que como cristãos tínhamos que orar pelas autoridades. Será que isso só vale quando apoiamos politicamente o governo ou será que esses mesmos que estão tão prontos a desmoralizar uns para eleger outros se esqueceram de que esta prática continua na Bíblia mesmo depois de passados os anos de chumbo?

Só para ilustrar que as coisas continuam como sempre.