Nele a gente pode confiar

Amigos, vocês já passaram pela situação de esperar muito de alguém, de confiar muito em alguém e de repente perceber que não deveria ter feito isso de jeito nenhum? Aquele segredo, aquela confidência, aquele derramar do coração e dali a pouco, todos estão olhando para você, porque o seu amigo de confiança resolveu dar com a língua nos dentes e expôs você à “opinião pública”, última coisa que você precisava na vida.

Tem também aquele caso bastante freqüente de amigos que o deixam na mão na hora mais cruciante. Andam com você por muitos lugares floridos, riem e de divertem enquanto está tudo bem (ou pior, enquanto lhes interessa), mas quando chega a hora da angústia, estão ocupados demais, cansados demais, comprometidos demais com outros afazeres para se preocuparem com você. De uma hora para outra, aqueles que se diziam seus parceiros, se demonstram, na verdade, urubus implacáveis, dispostos inclusive a comer seus olhos cansados.

Sem contar que existem pessoas com quem negociamos ou tratamos profissionalmente cujas palavras ditas não se escrevem. Ouvi recentemente de alguém que sua palavra empenhada não tinha valor nenhum. Percebi que valia só o que estivesse assinado e ainda assim tomando-se extremo cuidado com as letrinhas miúdas do contrato. Chame um advogado antes de assinar. Quem de nós nunca recebeu uma promessa ou uma esperança de um chefe, que nunca se concretizou?

De tal maneira isso é uma realidade nos relacionamentos humanos, que muita gente não consegue mais confiar em ninguém. Acabam se fechando em si mesmos, tornando-se solitários. Depois de tanto apanhar, se cansam e desistem. Não conseguem encontrar sinceridade, lealdade, compromisso, credibilidade nem qualquer outras das qualificações mínimas necessárias para um relacionamento de honra. Buscaram entre amigos, familiares, colegas de trabalho. Para seu espanto, buscaram até mesmo nas igrejas cristãs. Ali, a decepção foi ainda maior, porque era de se esperar que amigos leais nesse ambiente fossem a regra, não a exceção. E acabaram por descobrir que isso não é verdade, uma vez que esta virtude não é automática, mas é fruto do desenvolvimento pessoal de uma vida que ande com Deus.

Jesus sabe o que isto significa. Ele sentiu na pele, literalmente, a dor da solidão, do abandono e da traição. Seus familiares foram atrás dele para fazê-lo parar de pregar, achando que estava louco. Seus melhores amigos dormiram no Jardim, enquanto ele angustiava sua alma na antessala da cruz. Com um beijo, sinal de amizade e apreço, outro amigo o vendeu. Seu líder mais preparado negou conhecê-lo, sob juramento. E sejamos francos: de certa maneira, até hoje Ele continua sendo traído e trocado, esquecido e desprezado por pessoas como eu e você, que juram amor eterno no culto de domingo à noite, mas que na primeira decisão da segunda-feira agem como se Cristo não existisse. Fazemos um pacto de caminhada até o fim e apenas alguns passos depois estamos andando sozinhos, porque deixamos o trilho por onde Ele vai. Então, Jesus Cristo sabe o que é a carência de uma amizade verdadeira e de um relacionamento sincero. Ele também viveu o mesmo drama.

Por isso mesmo, pode fazer duas coisas por nós a respeito do assunto. A primeira, Ele pode nos ensinar como sermos nós amigos leais e verdadeiros. Porque Ele é assim. Em Jesus Cristo a gente pode confiar, como cantamos tantas vezes. Ele nunca nos deixa na mão. Ele nunca está ocupado demais. Ele está conosco todos os dias. Nos bons ou nos ruins, quando chove ou faz sol, quando está frio ou quanto faz calor. Ele nos ama e pronto. Sem interesse. Sem segundas intenções. Quando quisermos aprender como ser amigos sinceros, é só fazer igualzinho a Jesus que vai dar certinho.

A segunda coisa é que Ele nos entende quando os outros não nos entendem. Ele não nos abandona, mesmo quando todos os demais viram as costas. Ele não fura quando todos esquecem os seus compromissos assumidos conosco. Ele não precisa de contrato assinado. Sua palavra vale. Ela é totalmente confiável. Por isso é que, mesmo se nos decepcionarmos com amigos cristãos, ainda assim não podemos alegar decepção com a fé cristã, uma vez que ela está posta sobre o Amigo Fiel.

Bem-aventurado é o homem que pode desfrutar desta amizade celestial. Ele nunca estará solitário, embora possa muitas vezes ser obrigado a ficar sozinho. Mais bem-aventurado ainda é aquele pode conhecer ao longo de sua caminhada pessoas que refletem o caráter de Cristo em suas vidas, de maneira que elas se tornam manifestações palpáveis e reais do Maior Amigo.

Pensando bem:

“Obrigado, Senhor, pelos amigos de verdade.”