Perigo! Perigo!

Amigos, ela é um perigo. O maior perigo. Não brinque com ela, porque isso é mais perigoso do que brincar com fogo. No começo, você acha que está no controle, mas de repente, aparentemente de uma hora para outra, ela reverte a situação de tal maneira que o contexto se torna insustentável. Invariavelmente, o estrago é monumental. Muita gente que se deparou com ela acabou concluindo tristemente: “no começo, pensei que daria conta; quando dei por mim, já era. Ela tinha me ‘dado a volta’ e me deixado na mão”.

Eclética, entende de muitos assuntos. Desde que sejam assuntos de má índole e contra os bons costumes. 100% de tudo o que não presta. Se for imoral, ilegal, quer engorde quer não, mas desde que seja bem sujo, indecente e traga problemas, ela está dentro. É especialista em pecados de toda sorte. Não existe área obscura, não existe ponto indecente, não existe nada que possa corroer completa e inexoravelmente, a respeito do que esta pérfida senhora não tenha domínio absoluto. De bom, não espere nada dela. Ela não tem prazer algum nem é capaz de interferir na vida de alguém para promover o bem. “Exortar”, que é animar ou incentivar alguém a uma boa prática, é palavra absolutamente desconhecida e nunca foi usada por ela, pelo menos até hoje.

Age sempre como boa terrorista. Isso porque o grande trunfo do terrorismo é o efeito surpresa. Um terrorista pode se disfarçar do que quiser. De padre a mulher da vida, de empresário a piloto de avião, de gari a motorista de táxi. Qualquer cidadão acima de qualquer suspeita é, na verdade, um potencial terrorista. Quanto menos desconfianças levantar, mais disfarçado fica e, portanto, tanto mais fácil de levar a cabo seus intentos morredouros. Assim, ela chega sem aviso, quando menos se espera. Não respeita ninguém. Não importa se a vítima é jovem, velha, casada, solteira, se tem compromisso com Deus, se tem ministério, se tem algo a perder. Rigorosamente, quanto mais tiver a perder, maior é a intensidade do ataque. Para ela, quanto pior, melhor. Ela joga baixo, vem na sujeira. Seu compromisso é com a podridão e a miséria.

Grandes homens e mulheres tentaram ignorá-la ou ainda vencê-la sozinhos. Dançaram. Sucumbiram. Perderam. Acharam que conseguiriam segurar as pontas. Ficaram sem pontas. Biografias foram alteradas por sua causa. Famílias foram destruídas. Igrejas foram arrasadas. Vidas ficaram indelevelmente marcadas. Não pretendo tentar fazer melhor do que eles. Pode parecer o que for, mas o certo mesmo é gritar por socorro e, se possível, cair fora. Porque essa tal nunca está para brincadeira.

Amigos, eis a tentação. Ela é tudo isso e muito mais.

Então, nunca pense que você é invulnerável. Se o diabo ousou tentar o Filho de Deus, nascido de uma virgem e que veio ao mundo para tirar dele o pecado, não imagine que ele vai poupar você, que nem chega perto de tais e inigualáveis qualificações. Tem gente que acha que com ele não, com ele não vai acontecer nunca. Tem gente que acha que dá conta do recado. Que sabe até onde pode chegar. Que vê o que aconteceu com os outros e desdenha, apontando o dedo como se fosse impossível de acontecer com ele. Esses estão roubados. É uma questão de tempo.

Lembro sempre de uma antiga ilustração que ouvi algures. Constava de um empresário que, pretendendo contratar um motorista, selecionou depois de muito critério, alguns para a entrevista final. A pergunta para os três era a mesma e muito simples: “A quantos metros de um abismo você passa se estiver a 120 km/h comigo dentro do carro?” O primeiro, tentando impressionar, respondeu: “Senhor, sou capaz de passar a menos de meio metro”. O segundo, que ouvira a resposta do outro, precisava causar maior impacto no futuro patrão: “Sou capaz de passar a menos de 20 cm, patrão!”. O último respirou fundo, pensou um pouco e com toda honestidade respondeu: “Doutor, a 120 km/h, mesmo que o senhor não estivesse dentro do carro, de um abismo eu passo o mais longe possível”.

Foi esse o contratado.

Pensando bem:

“Você não pode evitar que um passarinho pouse na sua cabeça, mas pode evitar que ele faça um ninho nela.” Martinho Lutero