Não sei se te contaram na escola dominical, mas o Papai Noel era um pastor local que saiu no braço com um presbítero que falou bobagens sobre Jesus. O velho Noel nasceu da inspiração de uma figura importantíssima da História da Igreja, o bispo Nicolau de Bari. Mesmo não tendo nenhum trenó com renas ou a roupa vermelha, Nicolau era conhecido pela sua generosidade.
Conta a tradição que, ainda jovem, Nicolau soube que um dos vizinhos tinha se visto obrigado a prostituir as suas três filhas. Segundo algumas versões, Nicolau jogou três sapatos cheios de ouro pela janela do quarto daquele pai, tentando assim remediar a sua situação. Outras versões dizem que o santo teria lançado o ouro pela chaminé da casa, de onde ele foi cair dentro das meias que as jovens tinham deixado para secar junto ao fogo.
Apesar da generosidade que desce das chaminés e enche as meias terem tornando-se tradição no natal, esse não é a contribuição do bispo para essa data. Enquanto bispo, Nicolau participou de um dos mais importantes concílios ecumênicos da igreja, o de Nicéia em 325 d.C. Nessa ocasião, a divindade de Cristo e a doutrina da Trindade estava sob ataque de um presbítero de Alexandria, chamado Ário.
Ário argumentou durante todo o concílio e os bispos o ouviam atentamente – menos Nicolau. Em determinado momento, o bispo perdeu a paciência e atacou Ário, dando-lhe um tapa em pleno concílio. A heresia lhe parecia inadimissível, e isso o tirou do sério. O Papai Noel raiz nos ensina o zelo pela forma correta de falar a respeito de Jesus. Era impossível para ele ouvir parado alguém desfigurar a pessoa de Cristo.
Não quero que nesse Natal você saia batendo em ninguém que fale que Jesus não é Deus. Mas, em uma época em que tantas pessoas retratam Jesus à sua imagem e semelhança (fazendo dele de militante a miliciano), é inspirador saber o Papai Noel raiz não era um velho barrigudo dirigindo um trenó, mas um pastor zeloso que não tolerava falso ensino. Não deixe essa tradição morrer!