“Vai guardar esses brinquedos, quantas vezes vou ter que pedir?”
“Acho que vocês pensam que tem uma escrava aqui em casa, não aguento mais!”
“Tudo sou eu nessa casa: roupas, comida, sujeira… As vezes acho que vou enlouquecer!””
Isso lhe soa familiar? Pois é, essas são algumas das expressões que escutamos com frequência nas casas das melhores famílias. Sim, o serviço de casa é infinito e cansativo. A roupa na máquina, louça na pia e sujeira no chão parecem ter um superpoder de procriação! Você termina de limpar a pia e quando olha pra trás, ali está um chão sujo clamando por uma vassoura. Você termina de varrer o chão e então, lembra que tem meio quilo de roupa na máquina para estender. Você termina de estender a roupa e, logo em seguida, lembra que precisa começar a preparar o almoço. Você termina de almoçar, olha ao redor e tem a impressão que todos os brinquedos do bairro foram espalhados pelo chão da casa. Você recolhe os brinquedos e sua filha chama para ajudar na pesquisa da escola. Você ajuda na pesquisa da escola e lembra que precisa agendar o pediatra… Ufa! Qualquer um é capaz de enlouquecer com isso!
E não pense que aqui em casa é diferente, viu? Só estou falando sobre este assunto porque vivo isso há quinze anos (onze deles com filhos). E foi vivendo, errando, testando e aprendendo que descobri algo de muito valor: o combinado NUNCA sai caro. Percebi que, muitas vezes, me via sobrecarregada porque, de forma inconsciente, me negava a distribuir as tarefas da casa, afinal (pensava a bobinha aqui), ninguém nessa casa é capaz de lavar, cozinhar ou limpar melhor do que eu! Quanta bobagem!
Foi nessa caminhada que aprendi que qualquer pessoa é capaz de aprender uma tarefa, seja ela qual for, e que o meu jeito de fazer as coisas nem sempre será o melhor; Aprendi que as pessoas precisam de tempo pra aprender e que, na maioria das vezes, não são elas as demoradas, mas eu a impaciente; Aprendi que, se moro com um grupo de pessoas, todos ali são responsáveis em manter esse ambiente limpo, portanto, as tarefas precisam ser distribuídas forma justa, e é aí que entra o tal do combinado que não sai caro.
A maioria de nós tem a terrível mania de cobrar dos filhos e do(a) parceiro(a) coisas que não foram combinadas ou previamente conversadas. E isso sempre dá muito errado! Se deseja, de verdade, se ver livre da sobrecarga que as tarefas de casa colocam sobre os seus ombros, o primeiro passo é convidar sua galerinha para uma reunião. E não pense que essa será a única! A ideia deste primeiro encontro é listar TODAS as tarefas da casa (todas, todinhas) e separá-las em duas colunas: as tarefas que precisam ser feitas diariamente e as que são feitas periodicamente. Depois de terminada a lista, cada integrante passa a colocar de forma alternada o seu nome na frente das tarefas que pode executar, por exemplo:
Louça do almoço: mãe/ Louça do jantar: pai/ Louça do café: filho mais velho/ Lixo do banheiro: filho mais novo
Depois de distribuirem todas as tarefas, montem numa folha os quadros de cada integrante da família, cada um com suas respectivas tarefas, e fixem a folha num lugar bem visível. É preciso considerar, obviamente, as idades e os integrantes que trabalham fora. A distribuição precisa ser justa ok? Nos primeiros dias, é provável que todos lembrem e realizem suas funções com facilidade, mas pode acontecer de irem esquecendo ou deixando de fazer com o passar do tempo (digo por experiência própria). O importante aqui é não se desequillibrar, não perder as esperanças e principalmente: NÃO FAZER A TAREFA DO OUTRO. Coloquei em letras garrafais pois esse é o erro que a maioria de nós comete e que costuma estragar todo o processo. Se preciso for, repita mil vezes a frase: Fulano, você lembrou de tirar o lixo do banheiro? Mas nunca, jamais, faça por ele.
Testem o combinado por um mês e depois voltem a sentar juntos para ver se a lista precisa de adaptações (provavelmente precisará). Faça os ajustes necessários e prossigam com o combinado. Posso dizer à vocês que isso costuma dar MUITO certo. Tão certo que você vai passar a ter tempo livre para assistir os seus programas favoritos, praticar aquele hobby ou colocar em dia a sua lista de livros. E mais, vai deixar de ser aquela mãe (ou pai) chato que fica gritando ou reclamando o tempo todo.
Vai lá, faz o teste e volte daqui há um mês pra me contar! Tenho a impressão que vou receber boas notícias…