Capitão Fantástico (Capitain Fantastic, 2016) é um filme belíssimo. Obrigatório para pais que sempre se perguntam sobre a educação de seus filhos e seus limites. E interessante para quem não tem filho, pois questionará o sistema socioeconômico em que estão inseridos.
O filme conta a história de Ben (Viggo Mortensen, indicado ao Oscar pelo papel), um pai de família que cria 6 filhos de nomes únicos, inventados por ele e sua esposa, e que moram longe de toda a sociedade e seu sistema. Vivem na floresta, portanto caçam sua comida, cantam suas músicas, fazem suas atividades, lêem seus livros e estudam suas matérias de acordo com o cronograma do pai. Depois de um incidente, Ben toma a decisão de ir para a cidade grande por alguns dias onde as crianças precisarão se relacionar com outras pessoas, inclusive com os avós, tios e primos.
A rotina das crianças é intensa, recheada de leituras e atividades físicas e sem contato algum com objetos eletrônicos. Com todos esses estímulos (ou falta deles), cresceram super inteligentes e aprenderam não só a recitar frases e ideologias dos livros, mas também a argumentar suas ideias com relação ao que aprenderam, tanto que eles não podem usar a palavra “interessante” em suas opiniões pois é vaga e sem argumentação. Porém o ser humano foi condicionado a viver em comunidade e sociedade. Em Gênesis 2:18 Deus disse que não era bom o homem estar só. Precisava de companhia, alguém para auxiliar, confrontar e trazer dinâmica para a vida de Adão. E isso não se aprende por completo em uma leitura. Você precisa viver, conviver e conflitar para crescer. E logo eles descobriram isso.
Por mais que eles fossem extraordinários em assuntos teóricos de várias amplitudes (eles falam 6 idiomas, lêem Dostoievski e têm como seu “mentor” o filósofo americano Noam Chomsky, que se opõe profundamente ao sistema de “capitalismo de estado voltado para grandes empresas” praticado pelos Estados Unidos e seus aliados), eles não possuem habilidade no trato fino com as pessoas, o que os faz questionar a efetividade do plano criado pelos pais.
Assistir a este filme foi muito especial pra mim pois me fez refletir sobre a formação e as influências que as crianças estão tendo hoje em dia, se o sistema está certo ou errado, se está havendo formação de robôs “interessantes” e não seres que pensam e argumentam, sobre horas e horas perdidas em frente a eletrônicos e até sobre a obesidade que vemos em todas as esquinas de nossas ruas. Por mais que discorde de vários pontos de criação “riponga” em questão, me identifiquei muito mais com ele. 🙂