Amigos, o ano começou agitado. As inundações e deslizamentos provocados pelas chuvas no litoral sul fluminense e as enchentes nunca vistas em vários pontos do país são uma pequena amostra do que teremos, cada vez mais intensamente, daqui para frente. Frio nunca visto na Europa, chuvas nunca vistas na América. Não temos como fugir de um fato: estamos no fim dos tempos. A expressão, desgastada e ridicularizada, não deveria surpreender aqueles que têm a Bíblia como regra de fé.
Pobres energúmenos, achando que conseguem salvar a Terra com uma conferência de 15 dias. Não pelas implicações e interesses políticos simplesmente. Vai chegar o momento em que um líder mundial vai conseguir isso, movido pelo poder de Satanás. Dá até pena ver jornalistas do mundo inteiro dando suas opiniões, especialistas falando do que pode ou não pode acontecer e até ver muito crente preocupado com o futuro do planeta. Pensam eles que é possível reverter o quadro. A teoria religiosa da evolução enfrenta, mais do que nunca, uma difícil encruzilhada: como explicar um quadro que evolui para o caos completo e absoluto?
A igreja de Cristo parece igualmente ter-se esquecido do alerta dado no começo da era cristã pelo apóstolo Pedro (este era apóstolo de verdade, com “A” maiúsculo; não era um desses falsários que a si mesmos de declaram apóstolos no mundo hodierno), a respeito do futuro do planeta e do presente de nossas vidas:
Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas. Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que pessoas não deveis ser em santidade e piedade, aguardando, e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão? (2 Pedro 3:10-11)
Esquecemos esta mensagem. Naquilo que convencionamos chamar de “Cristianismo”, tão distante do que originalmente prezavam os primeiros discípulos de Jesus, não há espaço para considerar a vida presente à luz e sob a perspectiva da vida futura. Estamos ocupados demais com coisa de menos para nos preocuparmos com as implicações para hoje do que esta terra espera amanhã. Não duvido que muitos cristãos vivem hoje como os ímpios escarnecedores dos tempos de Pedro que diziam tolamente “Onde está a promessa da sua vinda?” (2 Pedro 3:4).
Discutimos modelos, construções, gestão de projetos. Isso quando não brigamos por causa da nova cor do estofo das cadeiras do templo ou disputamos acirradamente o melhor lugar para a bateria no púlpito ou no palco. Disputamos membresia a tapa. Quase morremos quando perdemos um membro da igreja para outra igreja, mas não nos importamos quando perdemos tempo em coisas sem importância que a nada levam. Escrevemos artigos furiosos quando achamos que “a identidade do Novo Testamento” está ameaçada, ainda que esta expressão nada mais signifique do que “estão fazendo as coisas do jeito que eu não gosto”. Criamos e extinguimos associações, missões, entidades, institutos. Promovemos eventos, congressos, seminários, workshops, conferências e acampamentos. Fazemos escala, orçamento, currículo, programação, calendário de atividades. Brigamos ardorosamente a respeito do melhor estilo de música a ser usado. Debatemos picuinhas teológicas. Estamos muito, muito ocupados. Só não temos mais tempo para a mensagem da vinda do Senhor. Isto não empolga mais. Não dá IBOPE. Não enche auditórios. Quem vai dar dinheiro para um projeto como esses? Qual é o glamour que traria para um profeta da destruição?
Sim, é verdade, há os fanáticos de plantão. Há aqueles que querem ver o cumprimento da profecia em cada mosca que voa. O Hitler, o Gorbatchov, o Papa, o Bush, o Obama, o Lula, todos eles já foram a Besta. Também é verdade, muita coisa citada no parágrafo anterior tem o seu lugar, tem o seu papel e importância. Muita coisa, vejam bem. Nem tudo. Mas, isoladamente, fora do contexto profético, sem considerar o que realmente ainda está por acontecer, nada disso tem qualquer valor. Vira mera filosofia de vida. Vira especulação religiosa. Vira a vida mais infeliz dentre todas as vidas possíveis. Não faz sentido.
Será que na virada no ano algum cristão sensato lembrou-se de pensar que este pode ser nosso último ano? Que “a nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos (Romanos 13:11)? Que em função da proximidade do fim dos tempos, bem como do fim do nosso tempo, é preciso aproveitar mais do que nunca os instantes que nos restam? O que aprendo com Pedro é que devo viver um tipo de vida diferente, em função do que sei que vai acontecer com este planeta e com a humanidade toda. O argumento é simples: se tudo isso um dia vai acabar numa explosão atômica, que alternativa me resta a não ser viver uma vida santa e piedosa? Este é o único tipo de vida que consegue efetivamente influenciar e salvar o mundo.
Vida santa e piedosa é uma vida de acordo com os padrões divinos. É viver imitando Deus. É viver colocando em prática o pensamento de Deus sobre tudo o que nos envolve. Isto pode causar uma verdadeira revolução.
A começar, talvez, no que hoje chamamos de “igreja”. Um dos fatores que os levou a abandonar a mensagem profética no sentido dos seus efeitos práticos para a vida de agora é exatamente o nosso conceito religiosista, templário, engessado e institucional de Deus. Deus se torna defensor de nossos ideais. Torna-se um membro honorário da nossa igreja, não mais o Dono da igreja. Organizamos uma festa e convidamos Deus para honrá-la, como as adolescentes que pagam para artistas famosos dançarem com elas na celebração dos seus 15 anos. Fomos reduzindo Deus a nossos gostos pessoais. Aquilo que não gostamos, Deus também não gosta. Aquilo que não queremos, “não está no tempo de Deus”. As práticas que não nos são simpáticas, “estão fora dos princípios”. E assim vamos nos tornando escravos de nossos próprios e falidos pensamentos.
Tudo isso nos leva a ver a vida com óculos que distorcem completamente nosso propósito. O futuro não importa mais. O desejo ardente da vinda do dia de Deus é substituído pelo desejo ardente do nosso próximo projeto pessoal ou eclesiástico. A expectativa da vinda do Senhor vira pó ante a expectativa da nossa próxima atração programada.
Oremos para que Deus faça arder dentro de nós como nunca o intenso desejo da vinda do Senhor. Este é um grande começo para o fim do mundo.