Amigos, não há ser humano vivo neste mundo que não tenha ouvido à exaustão que o tal rei do pop morreu. Não se fala em outra coisa. Houve emissoras que falaram no assunto por mais de quatro horas sem parar. Ou há uma monstruosa falta de assunto ou a mídia internacional pensa que o Planeta perdeu a mais influente e importante das pessoas do nosso século. Não foi isso. Ele era apenas uma celebridade. Já dissertei nesta coluna sobre a diferença entre fama e sucesso (artigo de 25/05/2007). Jackson tinha fama. Sucesso, nunca.
Entre as coisas curiosas da vida, entre as que efetivamente mais me intrigam, está esse incrível poder que a morte tem de transformar as pessoas. De repente, um sujeito asqueroso, respondendo volta e meia a denúncias de pedofilia, com problemas intermináveis com a justiça, endividado até o pescoço mesmo depois de ter acumulado uma fortuna impressionante através do lixo que chamava de “música”, só porque morreu vira um ícone, uma personalidade, um modelo, a pessoa mais importante do mundo. Simplesmente inexplicável.
É óbvio que lamento sua morte. Se Deus não tem prazer na morte do ímpio, então eu também não posso ter. É uma pena, especialmente por ele mesmo. Mas agora é tarde. Tarde demais. Não lamento, porém, por achar que a humanidade vai sentir sua falta irreparável. Para dizer a verdade, ficará até melhor. Um tresloucado que coloca em risco a vida de um infeliz bebê, balançando-o irresponsavelmente na sacada de um hotel, não é assim tão imprescindível. Sinto por sua alma. Perdida inapelavelmente pelas escolhas que fez em sua vida. Aliás, pagou com a vida pelo estilo de vida que escolheu.
Surgem agora os terapeutas, para explicar, para atenuar, para buscar no passado e na criação as respostas que não existem. Michael Jackson teve problemas na infância, sofreu rejeição, tinha traumas? Sim. Isto explica ou justifica suas decisões? Não!
Conheço outro menino que passou por tudo isso e muito mais. Embora fosse o dodói do papai, seus irmãos o odiavam e fariam qualquer coisa para se livrar ele. Acabaram fazendo mesmo. Seu nome era José. Foi tão mal tratado que chegou a ser vendido como escravo por seus irmãos e dado como morto pelo pai. Treze anos depois, chegou ao auge. E que auge! Tornou-se simplesmente o governador do império mais poderoso de sua época. Tornou-se mais poderoso e influente da terra até mesmo do que o próprio Faraó. E então enfrentou seu passado, tratou-o e tocou a vida pra frente. Seu sucesso não o tornou um maluco nem um molestador de crianças. Não fez dezenas de plásticas e não virou um excêntrico cheio de medos e manias.
José tinha um lastro. Sua vida não dependia da fama. Dependia de Deus. Agiu por fé, por convicção, por firmeza. Isto faz toda a diferença, não apenas para as celebridades, mas para todo e qualquer ser humano. Todos temos problemas. Eles nos afetam de maneiras diferentes. Reagimos a eles de maneiras diferentes. Em Deus, no entanto, todos eles podem ser derrotados. Crendo em Deus não ficamos isentos de problemas, mas descobrimos a maneira de não vivermos aprisionados a eles.
A morte de Michael Jackson não muda minha opinião sobre ele. Ele não tem mais como apagar nem como ser perdoado por seu passado e por sua história. M.J. foi um exemplo vivo e agora é um exemplo morto do desperdício que alguém pode fazer com a vida e as oportunidades que Deus e a vida nos dão. Ela só me faz pensar que quando e se eu tiver a chance de chegar aos 50 anos, gostaria de ter deixado para trás um legado mais positivo.
Que Deus tenha misericórdia de nós.