Abdul Rauf Farouk, líder do partido islâmico paquistanês JUI (Jamial Ulama Slam), encaminhou à Suprema Corte pedido para que a Bíblia seja proibida no país por “difamar o nome de alguns profetas”. O cristianismo e o islã são religiões abraâmicas.
Um desses profetas é Ló (também conhecido por Lot), da linhagem de Abraão. Gênesis 19:33-36 relata como as suas duas filhas o embebedaram para ter uma relação incestuosa com ele.
Outro é Jacó, também descendente direto de Abraão. Gênesis 29:23 diz que Lia, mulher de Jacó, lhe deu a sua criada Zilpa para que ele pudesse ter filhos.
Farouk argumentou que trechos bíblicos como esses são imorais, porque “minam a santidade dos santos”. “Isso é um insulto a todos os muçulmanos.”
Ele disse que o islã respeita os livros sagrados de todas as religiões, mas não aceita, nem nessas escrituras, calúnia contra os profetas.
Censura ao texto sagrado
O líder muçulmano afirmou que só desistirá de proibir a Bíblia caso esses trechos sejam suprimidos, mas ainda assim manterá a acusação de que o apóstolo Paulo distorceu as escrituras sagradas para criar uma falsa religião. “O cristianismo é um grande fonte de imoralidade que se estende à pornografia, dança e outros males”, disse ele em entrevista ao “La Razón”, da Espanha.
O Paquistão fica ao sul da Ásia e tem uma população de 170 milhões. É uma república islâmica cuja constituição prevê a liberdade religiosa.
A comunidade cristã reagiu com veemência contra a solicitação de proibição da Bíblia. O bispo John Alexander Malik, por exemplo, disse que o JUI está se intrometendo em religião alheia, além de “semear as sementes da discórdia”.
Ele disse temer que a iniciativa do fundamentalista Farouk seja o prenúncio de perseguições mais severas aos cristãos. O extremismo religioso no Paquistão tem aumentado após a captura e morte de Osama Bin Laden. Além disso, atitudes das autoridades paquistanesas têm recebido destaque na mídia, caso da condenação à morte da cristã Asia Bibi, por blasfêmia contra o profeta Maomé.