O exclusivismo cristão

Podemos resumir o “exclusivismo cristão” da seguinte maneira: Jesus Cristo é o Filho de Deus; Ele é o Senhor e Salvador e crer nEle é essencial para alcançar a salvação. As Sagradas Escrituras apontam uma série de textos que afirmam esta verdade, por exemplo:

“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3.16

“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Atos 4.12

Não é raro vermos manifestações calorosas dos mais variados segmentos religiosos acusando o cristianismo de ser uma religião intolerante, onde seus membros não passam de um bando de hipócritas arrogantes que afirmam que só existe um caminho. A mais recente explosão de manifestações ateístas teve como estopim a suposta indignação de Ariane Sherine, uma escritora de comédias da Inglaterra, que leu num site cristão que todo aquele que não crê em Jesus como redentor está condenado. Amplamente divulgada pela mídia, sua campanha ateísta não causou impacto apenas na Inglaterra, mas nos quatro cantos do planeta. Além de conseguir arrecadar cifras significativas para patrocinar sua jornada anti-Deus, Sherine tem o forte apoio de figurões ateus, como por exemplo, Richard Dawkins, autor de “Deus, um delírio”. [1]

Devido a manifestações como esta, muitos são os cristãos que sentem medo e vergonha de, no mínimo, declarar sua fé em Jesus Cristo como único caminho para Deus como medo de receber o rótulo de intolerante.

Nossa sociedade pós-moderna hipócrita vive a se questionar se é respeitável um cristão dizer que existe apenas um caminho para Deus. Perguntam-se como pode alguém sustentar tal idéia em nossos dias? Tenho acompanhado de longe os malefícios que a atual novela das oito da Rede Globo (Caminho das Índias) tem causado. Além de esconder a verdadeira face da Índia, encharcam os lares brasileiros com a religião Hinduísta, lançando modas quanto a roupas, adereços, maquiagem, termos, gírias e o pior, a religiosidade nociva (e pasme!) exclusivista radical do Hinduísmo. Com a desculpa de promover a cultura, manipulam as mentes incautas e aptas ao sincretismo religioso.

Diante desse quadro de tamanha diversidade religiosa e onde os pluralistas estão de plantão para impor sua cosmovisão, os cristãos acabam sendo taxados de intolerantes ao afirmar que só Jesus é o caminho. Logo, fica uma questão básica para podermos prosseguir nesta reflexão: é, verdadeiramente, ofensivo afirmar que só Jesus Cristo é o caminho? Pare, pense e prossiga.

O que é o exclusivismo?

Diz Norman Geisler no verbete exclusivismo da Enciclopédia de Apologética, no que tange o exclusivismo religioso:

“O exclusivismo religioso afirma que apenas uma religião pode ser verdadeira, e todas as outras opostas à única religião verdadeira devem ser falsas” [2]

Tal explicação lança uma luz e abre o caminho para o raciocínio (lembre-se, fé e razão não são inimigos!). Amado leitor, quando temos algo exclusivo, temos o seguinte quadro lógico: a afirmação da verdade condiciona tudo aquilo que lhe é oposto como algo falso. Pergunto então, só o cristianismo afirma ser exclusivista? Claro que não! Temos muitos grupos que se classificam como exclusivistas.

Os muçulmanos são exclusivistas de modo radical; além de reivindicar ser a única verdade teológica, crêem que quando seus credos expostos no Alcorão são anunciados noutra língua a mensagem pode ser dessacralizada. O ideal é que a mensagem seja proclamada no próprio idioma árabe. Os Budistas se revelam como detentores de um nobre caminho de crescimento espiritual distinto de todos outros (seus adeptos não gostam dos termos “religião” e/ou “filosofia”). Sidharta Gautama, fundador do Budismo rejeitou os ensinos do Hinduísmo, incluindo os a literatura dos Vedas e o sistema de castas. O próprio Hinduísmo – no momento tão aclamado nas terras tupiniquins – é tão exclusivista que toda e qualquer manifestação religiosa que vá contra ou que seja distinta aos ensinos relacionados ao carma, os Vedas, a crença na reencarnação e o sistema de castas são tidos como inimigos. Recentemente uma explosão de ódio contra cristãos resultou em expressivos números de mortos e asseverou ainda mais a perseguição de cristãos na índia, país cuja população é predominantemente hindu [3]. Até mesmo o Ateísmo acaba sendo um sistema exclusivista! Alegam que, por estarem “livres” de toda e qualquer concepção acerca de Deus, são o mais perfeito caminho a ser seguido.

Está evidente que se grupos religiosos diversos fazem uso do argumento que o cristianismo é arrogante por ser definido como o único sistema de crenças genuíno (atestado não por homens, mas pela Palavra de Deus que mostra o único caminho em Jesus Cristo), existem muitos outros “arrogantes” se auto-proclamando detentores da verdade divina. O cristianismo não é o único sistema de crença exclusivista, mas é o único que tem o Crucificado, Jesus Cristo, e isso faz toda a diferença. Os mestres, gurus e fundadores de religiões não foram para cruz, só Ele foi. Simples assim. Quem complica é o homem.

Apenas um caminho

Estou plenamente convencido pelo testemunho do Espírito Santo, que atesta a verdade bíblica e coerente de Deus no meu coração, que tão somente Jesus Cristo é o caminho. Jesus disse que quem com Ele não ajunta, espalha (Lucas 11.23). Logo os que não estão com Ele, estão contra Ele. Jesus veio ao mundo para pagar o preço do pecado, fazer do homem um ser verdadeiramente livre para que pela graça todo homem possa ser salvo ao recebê-Lo como seu Senhor e Salvador.

A mensagem cristã é simples, e talvez seja por isso que muitos homens a rejeitam. O homem religioso é fascinado por pompas, ritos, cerimônias sofisticadas e fetiches, só que Cristo destruiu tudo isso com a autoridade e poder divino dEle (veja mais sobre a divindade de Jesus em Apologia da Divindade de Cristo).

O plano que Deus traçou à humanidade é transmitido de modo coerente. A Palavra de Deus demonstra isso. Os discípulos do Senhor, em todo Novo Testamento falam acerca da supremacia de Cristo. Antes de estarmos em Cristo estávamos separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. (Efésios 2.12). O plano divino para a humanidade fica muito claro quando observamos a epístola de Paulo aos Romanos. Como creio que a forma que Moreland e Craig sistematizaram tal plano é muito coerente, cito suas palavras:

“Paulo explica que o poder e a divindade de Deus são conhecidos por meio da ordem criada a nosso redor, de modo que os homens dão indesculpáveis (Romanos 1.20), e que Deus escreveu sua lei moral no coração dos homens, de modo que eles são moralmente responsáveis diante dele (Romanos 2.15). Embora Deus ofereça vida eterna a todo aquele que responde de maneira apropriada à revelação geral divina na natureza e à consciência (Romanos 2.7), o triste fato é que, em vez de adorar e servir o Criador, as pessoas ignoram a Deus e zombam de sua lei moral (Romanos 1.21-32). A conclusão: todos os homens estão debaixo do poder do pecado (Romanos 3.9-12). A situação piora à medida que Paulo prossegue explicando que ninguém pode redimir a si mesmo por meio de uma vida reta (Romanos 3.19,20). Felizmente, porém, Deus providenciou um meio de fuga: Cristo morreu pelos pecados da humanidade, satisfazendo assim as exigências da justiça divina e facilitando a reconciliação com Deus (Romanos 3.21-26). Por meio da morte expiatória de Cristo, a salvação é disponibilizada como dom a ser recebido pela fé. A lógica do Novo Testamento é clara: a universalidade do pecado e a singularidade da morte expiatória de Cristo implicam não haver salvação à parte de Cristo.” (destaque do autor) [4]

Concluindo, as religiões diversas podem ter bons ensinos, uma moral elevada, gurus excelentes, códigos de ética rígidos e que surtam efeitos práticos, mas apenas Jesus Cristo morreu na cruz e cumpriu com as exigências que eram necessárias para que o caminho para Deus fosse aberto. Jesus, apenas Ele é o caminho!

Notas:

[1] Folha de São Paulo – www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u487153.shtml – consulta em 06/02/2009

[2] GEISLER, Norman L. Enciclopédia de apologética. Editora Vida. São Paulo, SP: 2002. p.332

[3] Portas Abertas – www.portasabertas.org.br/noticias/noticia.asp?ID=4928&Palavra=orissa&mode=allwords – consulta em 06/02/2009

[4] MORELAND, J.P. & CRAIG, Willian Lane. Filosofia e Cosmovisão Cristã. São Paulo, SP: 2005. p.742