A Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, a sigla em inglês) divulgou na semana passada os números do comércio global de músicas em 2010.
A conclusão, nada animadora para eles, é que mesmo as vendas em formato digital estão desacelerando. Mais uma vez, elegeram a pirataria como principal responsável pelo resultado.
Segundo a IFPI, as vendas online de músicas no ano passado foram onze vezes maiores que as de 2004. No entanto, tal crescimento tem diminuído drasticamente. Em 2008, ficou em 25%, em 2009 desceu para 12% e, em 2010, chegou a 6%. Ainda assim, no último ano, o formato digital representou 29% do setor – seu maior índice na história – ante 25% do período anterior. Ou seja, as vendas como um todo estão caindo.
O Brasil se destaca dentre os países onde o download ilegal de músicas é mais popular. Está em segundo – 44% dos usuários do país baixam conteúdo protegido pelo menos uma vez por mês – atrás da Espanha (45%). A situação é crítica, diz a IFPI, mesmo em regiões em que tal prática não costuma ser tão difundida. No Reino Unido, por exemplo, 76% das músicas foram obtidas a partir de serviços que não respeitam direitos autorais, de acordo com pesquisa da Harris Interactive.
“Estamos sendo desafiados”, afirmou o diretor executivo, Frances Moore. “Por volta de 95% do conteúdo protegido é roubado”. A Federação cita estudo da Universidade de Uppsala, na Suécia, cuja conclusão estima que, se não fosse a pirataria, as vendas de mídia física e de música digital estariam, respectivamente, 72% e 131% maiores.
Embora analistas afirmem que os artistas estão lucrando mais com shows, em parte devido à facilidade com que o conteúdo é distribuído pela Internet, a IFPI revelou que em
Futuro
A nova aposta da Indústria Fonográfica está nos serviços de assinatura – principalmente aqueles criados em parcerias de provedores com operadoras de celular. O relatório da IFPI afirma que mais de 750 mil pessoas na Europa pagam por um modelo do tipo da Spotify (streaming ilimitado), e 600 mil fazem o mesmo com o da Vodafone. Na França, 13% dos internautas usam o Deezer, site de streaming.
“Ainda há tempo para agir antes que as indústrias criativas sofram perdas catastróficas, mas nosso medo é quanto ao pouco que se foi feito até agora e à pouca disposição dos governos para responder aos que associam roubo à liberdade. Pensamos que os provedores deveriam se empenhar na luta contra a pirataria”, defendeu Brendan Barber, secretário geral de comércio do congresso britânico.
A confiança da IFPI está no alto potencial que a comercialização online de músicas ainda tem. Para avalizar tal esperança, ela revela dados como o índice de usuários que compram canções pela Internet nos Estados Unidos, apenas 16,5%, e na Inglaterra, só 14%.