Pesquisa do instituto Unimer revelou que 61,7% dos panamenhos e das panamenhas consideram o casamento “coisa do passado”; 85,1% são contrários ao matrimônio entre pessoas do mesmo sexo.
O detalhe curioso é que são os moradores do interior que mais perdem o interesse pelo casamento. A rejeição à união entre pessoas do mesmo sexo é menor nas áreas urbanas, entre a população com mais de 35 anos.
O Unimer ouviu 1.207 pessoas. O resultado da pesquisa explica o notável aumento de divórcios no país. De 2004 a 2008, segundo dados da Controladoria Geral da República, foram contraídos 54,5 mil matrimônio no período e ocorreram 11,5 mil divórcios.
O desinteresse pelo casamento é reflexo de uma sociedade em que as pessoas não querem assumir responsabilidades, opinou o bispo José Domingo Ulloa.
A ativista de Direitos Humanos, Celia Moreno, e o artista plástico, Augstín Clement, detectam matizes econômicas na decisão de panamenhos e panamenhas de evitar a formalização do matrimônio, seja homo ou heterossexual.
A advogada e psicóloga Celia Moreno explicou que entre a população indígena e camponesa o casamento não é uma prática tradicional, pois entre eles a união é livre.
“É uma questão de crenças e de paradigmas”, disse Celia, frisando que o casamento é um “conceito burguês que procura na união de duas pessoas a transmissão de bens materiais para garantir o direito patriarcal, como o da herança”.
O ator panamenho Agustín Clement causou comoção na opinião pública, há semanas, ao anunciar a união formal que mantém com companheiro. “Para mim – disse – o casamento é um conceito meramente religioso”.
No Panamá, uniões de pessoas do mesmo sexo não são reconhecidas formalmente.