Mais de 70 crianças birmanesas, em sua maior parte cristãs, que fugiram para o lado tailandês da fronteira após ataques feitos pela milícia budista em junho, estão sendo pressionadas para retornar para o país.
De acordo com a agência International Christian Concern (ICC), na sexta-feira pela manhã, a polícia da fronteira tailandesa invadiu o orfanato Shekinah, na província de Mae Hong Son, anotou os nomes de todos os moradores em uma ficha e aconselhou que eles se preparassem para a deportação.
“Se as crianças voltarem, elas serão mortas. Isso não pode acontecer”, diz uma das responsáveis pelo orfanato.
Há relatos de que, apenas uma semana antes, 76 crianças entre 6 e 16 anos foram transferidas para um novo local, ao norte da Tailândia. Elas estão morando em casas de palha, em um terreno particular em uma floresta.
Depois de sua chegada à Tailândia em junho, as crianças foram temporariamente transferidas para outro orfanato, mas voltaram por causa de uma epidemia de malária.
Algumas das crianças são órfãs, pois seus pais foram mortos pelo Exército Budista Democrático Karen (DKBA, em inglês). As outras não sabem se seus pais estão vivos ou mortos.
“Apesar de serem muito novas, quando as crianças se reúnem em uma das cabanas para a oração diária, elas erguem suas mãos para o céu, pedindo para que Deus guarde suas vidas e a de seus parentes e amigos em Mianmar.”
A ICC explica que os refugiados estão entre os 4.000 integrantes do povo karen, de maioria cristã, que atravessaram o rio Moei em barcos depois que os soldados do DKBA atacaram seus vilarejos em Mianmar, no início de junho. O povo de etnia karen luta contra a repressão da junta militar birmanesa desde 1949.
“No último ano a perseguição religiosa no país piorou muito, e o regime continua sua política de restringir a prática religiosa, monitorando as atividades de organizações e aceitando a violência contra os líderes cristãos e suas comunidades.”
“Estamos orando para que as autoridades tailandesas respondam positivamente, protegendo os direitos básicos”, disse um voluntário.