Pela primeira vez em 50 anos da revolução cubana, a celebração de cultos e missas em penitenciárias cubanas recebeu autorização das autoridades. A experiência começa a partir deste mês.
A autorização foi anunciada, na quinta-feira, 10, em reunião da presidência do Conselho de Igrejas de cuba (CIC). A reunião teve a participação de líderes de diferentes denominações evangélicas, pastores e leigos.
Em 1988, ministros de igrejas tiveram autorização das autoridades de prestar acompanhamento àquelas pessoas presas que assim o desejassem. Agora, as autoridades permitiram a constituição de dois grupos de cinco pessoas, entre leigos e pastores, que serão encarregados de organizar a celebração dos serviços religiosos nas prisões.
O CIC nomeou o reverendo Francisco Rodes, diretor do centro Kairós, de Matanças, como capelão maior por sua vasta experiência neste tipo de trabalho. Além de organizar o trabalho de capelania evangélica na Ilha, Rodes vai ministrar cursos de capacitação para atuar nas prisões.
Afora as celebrações, pastores e capelães vão poder levar às prisões Bíblias, devocionários, hinários, até mesmo câmaras fotográficas para registrar esses momentos. Os cultos não poderão exceder, contudo, duas horas de duração, uma vez por mês. Ministrantes não poderão atuar de maneira sectária, a fim de evitar qualquer ação proselitista.
A nova medida faz parte da abertura religiosa que vem ocorrendo na ilha, de maneira paulatina, desde o histórico encontro entre 74 líderes evangélicos e o presidente Fidel Castro, em 1990.
O secretário executivo do CIC, reverendo anglicano Pablo Oden Marichal, declarou para a ALC que o organismo evangélico aceitará o desafio “com a convicção de que Deus vai nos ajudar a ser instrumentos de bênção e de regeneração para essas pessoas que, muitas vezes, a sociedade estigmatiza.”
O CIC não pretende apenas trabalhar com presos, mas também com seus familiares. “Penso que uma sociedade que tem medidas para ordenar a vida social e evitar delitos e crimes tem que ter, também, o entendimento necessário para evitar todo tipo de rejeição”, agregou Marichal.
Até o momento, apenas católicos e evangélicos foram autorizados a celebrarem missas e cultos nas prisões.