A direita cristã quer interferir mais uma vez no currículo das instituições de ensino americanas. Após tentar banir as idéias evolutivas de Charles Darwin das aulas de biologia, evangélicos agora querem convencer as autoridades do Texas do papel do cristianismo na história dos Estados Unidos.
Mas os críticos vêem a medida como uma tentativa de introduzir ensinamentos religiosos nas escolas por meio de subterfúgios.
Segundo reportagem do jornal britânico The Guardian, o comitê de educação do Texas está considerando a proposta e já apontou um grupo de especialistas para revisar os currículos de história das escolas do estado. Se a ideia for aprovada, as crianças americanas deverão aprender que não haveria Estados Unidos se não fosse por Deus.
Entre os membros do grupo, está um padre radical cristão que diz estar lutando pela moral da alma americana.Outro membro é David Barton, fundador de um grupo de herança cristã denominado WallBuilders. De acordo com o jornal, ele defende que o currículo deve refletir o fato de a Constituição dos Estados Unidos ter sido escrita com Deus em mente e que “o governo existe primeiramente para proteger direitos divinos concedidos a cada indivíduo”.
No grupo de “especialistas” também está o reverendo Peter Marshall, que defende que a guerra do Vietnã e o furacão Katrina foram punições de Deus pela promiscuidade sexual e tolerância de homossexuais. “Diante de tantas evidências históricas da influência da fé cristã na fundação da América, é simplesmente inaceitável para padrões acadêmicos que, ao longo de estudos sociais [de modelos de currículos], eu só tenha encontrado uma referência do papel da religião no passado dos Estados Unidos”, escreveu Marshall em seu relatório.
As recomendações do grupo apontado pelo comitê de educação foram vistas como “preocupantes”. “Não acho que alguém discorde que a fé teve um papel na nossa história”, disse Dan Quinn, do Texas Freedom Network. “Mas é um exagero dizer que ela desempenhou o papel descrito por David Barton e Peter Marshall. Eles são absurdamente desqualificados como especialistas. É uma maneira muito enganosa e sorrateira de distorcer o currículo nas nossas escolas públicas”, avaliou.