A Missão Portas Abertas divulgou que os cristãos na antiga capital de Mianmar (ou Birmânia), Rangoon, encontram-se em estado precário depois que as autoridades locais proibiram a realização de cultos em casas e ameaçaram lacrar as congregações que não obedecessem à ordem.
Segundo denúncias, o comitê de Paz e Desenvolvimento do distrito de Kyauktada intimou pastores do centro da cidade para uma reunião em 5 início de janeiro e ordenou que não mais fizessem cultos em apartamentos residenciais.
Desde então, os cristãos birmaneses têm encontrato dificuldade para cultuar a Deus. “As autoridades avisaram-nos de que nossas igrejas seriam fechadas se continuássemos com os cultos”, disse um pastor do distrito de Pabedan, que compareceu à reunião.
Esse pastor, que pediu para não ser identificado, disse à agência de notícias Mizzima que quase 50 líderes e pastores que assistiram à reunião tiveram de assinar mais de cinco documentos prometendo acabar com os cultos nas casas.
“Nos documentos estava escrito que podemos ser punidos e encarcerados se não obedecermos à ordem, e que a igreja poderia ser fechadas”, disse o pastor.
Quando contatado por Mizzima, um funcionário do comitê de Paz e Desenvolvimento de Kyauktada confirmou a realização da reunião no dia 5 de janeiro, mas se recusou a entrar em detalhes.
Contudo, segundo o pastor, as autoridades intimaram mais de cem igrejas, a maioria localizada no centro de Rangoon, e informaram-nas sobre a nova ordem. “Recebemos a intimação no domingo”, disse o pastor. “Agora, não sabemos o que fazer com nossos cultos dominicais.”
O regime militar de Mianmar, há muito tempo, parou de emitir licenças a organizações religiosas e igrejas, forçando várias congregações de Rangoon a realizar seus cultos em apartamentos, que são alugados ou comprados nos nomes de proprietários particulares.
Segundo os líderes cristãos, há cerca de cem igrejas operando em apartamentos no centro de Rangoon. Um jovem cristão da cidade, em um e-mail, afirmou que a ordem praticamente impediu os cristãos de cultuar, pelo fato de a maior parte deles se reunir em residências.
“A ordem abrange 80% das igrejas de Rangoon. Apenas algumas têm seu próprio terreno. A maior parte aluga prédios, casas e escritório alugados”, explicou o jovem. “Precisamos de suas orações pela comunidade cristã em Mianmar”, acrescentou ele.
Enquanto a perseguição religiosa e a proibição de ritos religiosos são comuns em Mianmar, essa nova ordem, segundo outro pastor, é especificamente para impedir os cristãos de se reunirem regularmente.
Com população de 47,6 milhões (1,9 milhões são cristãos), Mianmar ocupa a 25ª posição na classificação de países por perseguição, da Missão Portas Abertas.