Um missionário que trabalha com as mulheres do abrigo Amani Ya Juu, em Nairóbi, nos mandou este relato por email:
“A violência continua explodindo a cada dia. Entretanto, no meio de todo medo e violência, sabemos que Deus continua sendo Deus e que podemos contar com Ele. A cada manhã, antes de começarmos nosso dia em Amani, nós oramos, e essa manhã, as mulheres começaram a dar graças a Deus pelas orações respondidas.
Elas ainda encontram várias coisas pelas quais agradecerem mesmo durante tudo o que temos passado. O Salmo 57:7 diz: “Meu coração está firme, ó Deus, meu coração está firme; cantarei ao som de instrumentos!” O coração dessas mulheres está firme, mesmo durante os momentos de desespero.
As mulheres oraram por suas necessidades – segurança, materiais de primeira necessidade e para que Deus ajude os quenianos a se amarem uns aos outros e a viverem em paz – que vejam que são todos criados por um Deus, todos quenianos, não pessoas de tribos diferentes.
Os missionários contam que as divisões no Quênia são profundas. “Mas alguém disse ‘estamos orando por um milagre’. Um milagre é algo que apenas Deus pode fazer. É exatamente disso que o Quênia precisa – algo que só Deus pode fazer. Precisamos que vocês orem conosco por isso”.
Batalha espiritual
“Nós sabemos quem está por trás dessa conspiração. Essa é uma batalha espiritual – não humana – mas sustentada por mãos humanas. A batalha é do Senhor e nós somos seus guerreiros de oração”.
Outra missionária em Nairóbi disse que coisas parecidas aconteceram por todo o Quênia. No domingo passado, o culto da manhã na igreja onde eles dirigem o louvor estava mais cheio do que o normal.
“Mesmo com essas palavras, o ambiente parecia extraordinariamente melancólico quando começamos a cantar. Ainda assim, podíamos perceber a sinceridade das pessoas enquanto cantávamos em uma mistura de inglês e swahili. ‘De onde vem o meu socorro? Yesu!’
Mesmo aqueles que só conhecem palavras em swahili do desenho da Disney ‘O Rei Leão’ podiam entender a resposta – Jesus! Depois, a equipe de louvor nos levou a cantar ‘Ó Senhor, seja engrandecido. Seu nome é sobre todo nome, seja engrandecido até as alturas’”.
A missionária disse: “Começou uma transformação, as vozes se tornaram mais fortes e nós adentramos no louvor e na adoração! Eu olhava em volta e percebia que cada pessoa que cantava ou tinha passado por ameaças, violência ou despejo durante as últimas semanas ou, como eu, tinha amigos próximos ou familiares, não apenas conhecidos, na mesma situação. Ainda assim, a alegria que eu sentia era incrível!”
Chegada de Bíblias
Ela continuou: “Mais uma vez nós ouvimos como os membros da igreja se posicionaram essa semana em relação aos esforços de socorro. Uma entrega especial fora anunciada essa tarde – a chegada de Bíblias dos Gideões Internacionais. Vários membros da igreja ajudarão a distribui-las em vários lugares onde os refugiados estão.
Um diácono, um homem pertencente aos que alguns chamam de tribo wahindi (asiática) contou um testemunho peculiar. Semana passada, ele contara aos membros de seu clube, constituído de homens asiáticos, sobre os esforços que a nossa igreja estava fazendo para aliviar a situação da guerra.
Ele compartilhou com aqueles homens que nossos esforços se baseavam em Isaías 60:1: ‘levante-se’. O grupo decidiu trabalhar junto com nossa igreja porque confiou no que estamos fazendo. O diácono compartilhou que a maioria de seus colegas membros do clube não é cristão e não entendeu totalmente o que o versículo queria dizer, mas eles adotaram essa frase maravilhosa como seu slogan! Nosso Deus trabalha de maneira misteriosa”.
Um momento muito especial também aconteceu quando um diácono citou 2Cr 7:14 e usou como um guia para a oração da manhã. “Enquanto orávamos, percebi que não gostaria de estar em outro lugar e que não gostaria de perder o que Deus está fazendo aqui no Quênia neste momento!”
Cultos não têm hora para acabar
A missionária disse que lá não existe um tempo pré-estabelecido para o culto como acontece conosco no Brasil e que várias vezes ele dura mais de duas horas – como aconteceu naquela manhã. “Nós ouvimos o sermão que havia sido planejado e mais um pequeno sermão sobre quem é a verdadeira fonte de paz: ‘Tu, Senhor, guardarás em perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque em Ti confio (Is 26:3)”.
Não precisávamos que ninguém nos lembrasse que as armas que estão sendo usadas no Quênia são as mesmas utilizadas durante os tempos bíblicos! Ao final do culto, citamos o verso 10 do Salmo 46 em uma só voz: ‘Parem de lutar! Saibam que eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações’. Eu não desejo que ninguém passe pelo que estamos passando no Quênia, mas gostaria que experimentassem a unidade e a presença de Deus que experimentamos naquela manhã em nosso culto”.
A missionária conclui: “Sei que meu foco está apenas em uma igreja, mas tenho certeza de que as reações, as respostas e os compromissos feitos em nossa congregação naquela manhã se repetiram por todo o país enquanto os cristãos se reuniam para adorar a única fonte de verdadeira paz!
Salmo 46
Obrigada por orar por nós nesta última semana e obrigada pela certeza que temos de que continuarão orando. Ao invés de dar a vocês novos motivos de oração, quero pedir-lhes que leiam o Salmo 46, da mesma maneira que estaremos fazendo e use-o como um guia de oração pelo Quênia e outros lugares que estão passando por conflito”.