O governo egípcio convocou seis pessoas envolvidas na publicação de um artigo em uma revista, a “Egito First”, a comparecerem ao tribunal, no dia 23 de outubro, para um interrogatório.
De acordo com a ONG Defensores dos Perseguidos(www.advocatesforthepersecuted.org), Nashaat Nady Nour, dono da El Horreya, a empresa que imprimiu a revista, e cinco integrantes da revista – Hassan Mohamed Ismail, Adib Ghobrial, Samir Fadel Ibrahim, Gamal Mohamed Abo Zeid e Mahmoud al-Afifi – foram convocados.
Ismail é o secretário-geral da Organização de Direitos Humanos União Egípcia e diretor da ONG Defensores dos Perseguidos. Em 1990, ele foi preso, sofreu torturas e outros tipos de abusos ao enfrentar a acusação de ter perturbado a unidade social do Egito.
Ele foi libertado um ano depois, quando a Anistia Internacional e 30 membros do Congresso dos EUA apelaram pela liberdade dele.
David Joseph, presidente da ONG Defensores dos Perseguidos está preocupado com o bem-estar dos seis que foram chamados para o interrogatório. “O direito de liberdade de expressão e o direito para expressar idéias nunca foram tão ruins no Egito como atualmente. A comunidade mundial precisa prestar mais atenção ao que está acontecendo no Egito e nos outros países árabes do Oriente Médio”, disse ele.
A primeira edição da revista, publicada em fevereiro de 2007, discutiu o tema das minorias religiosas no Egito, uma questão especialmente importante para os cristãos do país, além de trazer casos dos bahais e dos muçulmanos xiitas.
O grupo diz que há só três religiões oficialmente reconhecidas no Egito: o islã, o cristianismo e o judaísmo. Todos os cidadãos, ao chegarem aos 16 anos de idade, têm que ter uma religião declarada na carteira de identidade nacional.
Se o documento identificar o islã como a religião do titular, a mudança do status religioso torna-se virtualmente impossível. Partidários do bahaísmo estão limitados pela lei a declararem uma das três religiões oficiais.
A tradução para o inglês do artigo publicado na revista descreve por que as minorias religiosas no Egito enfrentam problemas.
“Se o estado não é uma personalidade legal neutra e abraçou uma certa religião ou ideologia, não espere de sua Constituição nada menos que discriminação, divisões, racismo e sectarismo”, dizia um trecho do texto.
O artigo continua: “Assim, os direitos e deveres das outras minorias religiosas ficaram desiguais à maioria religiosa, a ponto de ficarem quase sem cidadania. A personalidade legal, chamada de Estado, se tornou uma personalidade com uma religião, em nosso amado Egito.”
O escritor do artigo discorda do modo prático da democracia no Egito e observa que não estão protegidas as propriedades privadas das minorias religiosas.
“No Egito, o sonho democrático está se transformando em um pesadelo, como se vivêssemos com uma faca apunhalada nas costas”.