A jornalista Tanya Datta, da “BBC News”, publicou recentemente uma ampla reportagem sobre a vida dos cristãos na Eritréia:
Paulus é um evangélico da Eritréia, um entre os inúmeros que tentam escapar para o pequeno Estado de Red Sea por causa da perseguição aos cristãos.
Ele mora atualmente no campo de refugiados de Shimelba, perto da disputada fronteira como norte da Etiópia.
Ali, no campo, na Igreja Evangélica Ebenezer, Paulus está livre para cultuar de uma forma que é impossível em sua terra natal.
Paulus é um refugiado eritreu que a reportagem da “BBC” encontrou, deitado contorcido no chão. Equilibrado em sua barriga, suas mãos agarravam seus pés por trás de suas costas, com as pernas curvadas para trás. É a demonstração de uma técnica de tortura conhecida coloquialmente como “o helicóptero”.
Era nesta posição dolorosa, declara ele à jornalista, que os soldados o mantiveram amarrado por 136 horas, na tentativa de forçá-lo a desistir de sua fé. O programa da BBC foi transmitido no dia 27 de setembro.
“Eles ficavam me dizendo para assinar um documento”, relembra Paulus, “e concordar em não participar das atividades da igreja ou expressar minha fé de qualquer forma. Disseram que eu seria desamarrado e solto no minuto seguinte se eu concordasse com o que eles diziam.”
Perseguição
Durante os últimos cinco anos, uma brutal campanha tem acontecido na Eritréia contra as minorias cristãs, focalizado principalmente nos movimentos pentecostais e evangélicos.
Casamentos, batismos, cultos da igreja e encontros de oração têm sido invadidos pelas forças de segurança. Visitantes ou membros das congregações têm sido perseguidos e detidos em grande número.
De acordo com a agência de notícias Compass, o relatório de uma ONG sobre perseguição de cristãos no mundo estimou que aproximadamente 2 mil pessoas estejam presas em toda a Eritréia por causa de suas crenças religiosas.
Esta posição contra as igrejas minoritárias da Eritréia seguiu-se a uma declaração do governo em maio de 2002 de que somente as quatro religiões mais antigas – ortodoxa, católica, luterana, e islâmica – receberiam sanção oficial.
As demais seriam convidadas a registrar e declarar suas fontes de recursos financeiros. Até hoje, nenhuma foi registrada.
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