Uma multidão de extremistas hindus espancou o pastor independente Laxmi Narayan Gowda e tentou atear fogo nele depois de deixá-lo nu e exibi-lo em desfile público pelo subúrbio de Bangalore, capital do Estado de Karnataka, no dia 8 de junho.
Laxmi Gowda, que também é representante do Conselho Global dos Cristãos para a Índia (GCIC, sigla em inglês), está neste momento se recuperando em um hospital com numerosos inchaços e hematomas pelo corpo.
O ataque aconteceu por volta das 19h (horário local), em Hessarghatta, perto de Bangalore, quando um grupo de 50 pessoas invadiu a casa dele e violentamente ordenou que ele deixe a região, informou Sam Joseph, líder do Conselho Geral de Cristãos na Índia em Karnataka (AICC, sigla em inglês).
Pouco tempo depois o grupo voltou com mais 100 pessoas, encurralou o pastor Laxmi em um quarto da casa e começou a espancá-lo na frente da mulher dele e de dois filhos pequenos.
Milagre durante a agressão
Um dos agressores derramou querosene sobre o pastor e outros começaram a queimar Bíblias. Foi quando um deles atirou uma Bíblia que estava em chamas contra o corpo do pastor.
Milagrosamente o pastor não pegou fogo, apesar de seu corpo estar coberto de líquido inflamável, contou Sam Joseph ao Compass.
Os extremistas deixaram o pastor nu e penduraram uma placa ao redor do pescoço dele com os seguintes dizeres: “Eu sou um dos que estavam convertendo pessoas”.
Foi quando resolveram desfilar com ele pelas redondezas, para envergonhá-lo. “Nesse momento cerca de 1000 pessoas se juntaram para torturar o pastor”, contou Sam Joseph.
Estima-se que o ataque tenha sido liderado por extremistas do Bajrang Dal, braço mais novo do Vishwa Hindu Parishad (VHP).
A polícia local chegou apenas uma hora depois de os familiares do pastor telefonarem pedindo socorro.
Pelo menos 250 Bíblias foram queimadas pelos agressores, que também destruíram a mobília e os pertences da casa do pastor.
Omissão das autoridades
Até o presente momento a polícia não registrou um boletim de ocorrência sobre o caso. Quando a agência de notícias Compass falou com o inspetor R. Malesh, do posto policial de Soladevanhalli, ele alegou que o pastor não quis registrar queixa.
“Nós pedimos aos cristãos para que nos enviassem uma queixa por escrito, mas eles não quiseram fazer uma acusação formal contra os agressores”, disse ele.
O inspetor Malesh sustentou que a multidão de agressores era formada por moradores locais e não tinha qualquer ligação com grupos extremistas hindus.
Um dos vizinhos do pastor, que também o atacou, disse que havia feito aquilo porque não queria orações cristãs e encontros na casa ao lado.
Uma fonte local disse ao Compass, sob condição de anonimato, que o ataque foi previamente planejado e dirigido por um advogado não-identificado.
O advogado teria sugerido que o pastor fosse espancado por uma multidão, pois assim não teria como dar prosseguimento ao trabalho cristão, disse a fonte.
Antes de o pastor Laxmi Gowda aceitar a Cristo, há 15 anos, ele fez parte do Rashtriya Swayamsevak Sangh, uma organização ligada a numerosos grupos extremistas hindus na Índia.
“Os agressores aparentemente quiseram punir o pastor Laxmi por ter se convertido de uma ideologia nacionalista hindu para o cristianismo e alertar outros para não fazerem o mesmo”, disse a fonte.
O pastor Laxmi Gowda vem trabalhando na região nos últimos 12 anos. A fonte também contou que ele permaneceu firme em sua fé durante toda a agressão.
O doutor Sam Paul, secretário para Assuntos Públicos do Conselho Geral de Cristãos na Índia, disse que os ataques contra cristãos são conhecidos por todos no Estado de Karnataka.
Segundo ele, a situação está se tornando mais volátil desde que o partido secular Janata Dal, em coalizão com o partido nacionalista Bharatiya Janata, chegou ao poder por meio do Partido Congressista, em fevereiro de 2006.
“Os extremistas em Karnataka são incentivados pela polícia a cometerem novos ataques após uma determinada ocorrência. Há casos em que a polícia encoraja pessoas anti-sociais a perseguirem os cristãos”, disse ele.
Sam Paul também enfatizou que as pessoas na Índia precisam saber melhor sobre a verdadeira conversão, ou seja, que isso não significa tornar-se antinacional.
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