Na semana passada, Laurence Wagih Emil, 15, escapou de seus seqüestradores muçulmanos, horas depois de a terem drogado em um ônibus público. Enquanto estava no cativeiro, ela foi ameaçada de estupro e de se converter ao islamismo caso a sua família não deixasse a cidade de El-Mahala el-Kobra, no Delta do Nilo.
Às 22 horas do dia 3 de outubro, a adolescente cristã egípcia fugiu da sala onde era mantida refém, no subúrbio de Helwan, ao sul do Cairo. Seus seqüestradores estavam fora, quebrando o jejum do Ramadã com a refeição da noite.
A garota pediu ajuda aos moradores de Helwan para contatar seus pais na cidade de El-Mahala el-Kobra, a cem quilômetros ao norte de Cairo. No começo daquele dia, cerca de mil pessoas da comunidade cristã de El-Mahala el-Kobra haviam feito um protesto, exigindo a libertação de Laurence.
Laurence conseguiu telefonar para seus pais com a ajuda dos moradores de Helwan. Um deles a levou até a polícia, e os policiais a escoltaram até a base de Helwan da Investigação de Segurança do Estado (SSI, sigla em inglês), a polícia secreta do Egito.
Os tios da garota, que moram no Cairo, foram logo a Helwan para localizá-la, mas eles tiveram que aguardar na SSI enquanto a polícia conversava com Laurence, de 1 às 4 horas da manhã do dia 4 de outubro.
Segundo Laurence, os policiais foram amigáveis e lhe ofereceram um sanduíche e um refrigerante. Mas, 15 minutos depois, ela disse que não conseguia se mexer, embora estivesse totalmente consciente.
“Você deve dizer que tomou um ônibus na praça Tahrir [no centro de Cairo] e encontrou um rapaz chamado Fadi, que a levou para dormir na casa dele na companhia da mãe dele. Diga isso, caso contrário você não vai ver mais seus pais”, disseram os policiais à Laurence.
A agência de notícias Compass confirmou que, depois que Laurence conseguiu mover seus membros, a polícia a fez assinar essa declaração de que ela havia se encontrado com um amigo em Cairo. Então ela foi entregue à sua família.
“Laurence estava em um estado deplorável”, disse o advogado Nader Amrousi Saleh, que estava com Laurence quando ela assinou a declaração na sala do promotor público. Nader disse ao semanário egípcio “Watani”: “Queríamos que ela saísse. Ela está bem agora”.
Conforme o “Watani”, os pais da garota cristã fizeram comentários similares. “Minha filha voltou inteira. Isso é tudo o que importa. Faremos o que a Segurança do Estado nos pediu para fazer”, disse o pai de Laurence, Wagih.