“Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte.” Filipenses 1:20
Passei parte da manhã em oração. Mais uma vez, a presença do Senhor dentro de mim me fez sentir paz, tranqüilidade e quebrantamento. Terminando o período que havia proposto para mim, almocei e dirigi-me ao compromisso profissional que tinha à tarde. Ao chegar no ponto do tróleibus, encostei-me na coluna do ponto e comecei a observar o movimento na rua. Pessoas, carros, céu. Barulho excessivo para uma tarde tão linda, ensolarada. De repente, senti um esbarrão e um jovem de não mais que 25 anos sentou no espaço vazio ao meu lado. Fiquei na minha. Chegou o ônibus, entrei e sentei-me logo à porta e passei meu olhar para fora da janela. O pensamento estava longe. Naquele momento, em um certo sorriso. Senti também quando alguém sentou do meu lado de forma abrupta. Olhei para o lado e não acreditei quando vi o mesmo jovem que, minutos antes, esbarrara em mim. Respirei fundo e, por instantes, a beleza da tarde havia ido embora. O rapaz estava nervoso e se mexia muito. Vestia uma blusa surrada pelo tempo e uma calça rasgada, além de um par de chinelos. Fiquei irritado com sua presença ao meu lado. Voltei minha atenção para a rua bem na hora que vi uma placa numa igreja com os dizeres: só Jesus Cristo salva. Vejam só, que idiota estava sendo. Os sinais estavam claros. O que tinha feito pela manhã? E o que tenho feito em relação à edificação do reino do Senhor? Tenho sentido um grande amor por almas perdidas e o desejo de trazê-las para Cristo.
Meu ponto estava próximo. Teria de decidir, pois o rapaz caíra em sono profundo durante esse breve tempo que meditei no que fazer. O ponto estava mais próximo. O que fazer? Meu compromisso profissional martelava minha mente. O ponto estava próximo, muito próximo. Decidi! Iria até o ponto em que o rapaz descesse, pediria desculpas e falaria sobre Jesus. E fiz isso. Meu ponto passara e agora estava a serviço de meu Senhor. Pedi estratégias e comecei a pensar nas pessoas que falara tempos antes em situações como aquela do presente momento. Lembrei-me da Nilza deitada no chão da praça, do Marcondes indo ao prostíbulo, dos catadores de papelão Jaime e Daniel, entre outros, e orei por todos.
Voltei a mim no terminal de tróleibus de São Mateus, muito distante de onde eu desceria. O rapaz acordou e descemos juntos. Na estação, chamei-o e conversamos. Seu nome era Rodrigo, veio de Pernambuco há 10 anos e morava na Penha. Vendia balas no trânsito porque estava desempregado há muito tempo. Enquanto isso, o tempo não parava e, dentro do terminal, movimento, pessoas passando por nós, muito barulho e até a temperatura havia caído. Conversamos bastante, conheci um pouco do sofrimento dele e falei sobre como poderia aliviar suas dores se entregasse sua vida ao único que, de fato, mudaria sua história: Jesus Cristo. Ele disse que precisava muito falar com alguém para não fazer uma bobagem, me agradeceu, disse que não precisava, mas que agradecesse a Deus pela oportunidade que tivemos. Perguntei se poderia orar por ele, disse que sim e ali, naquele vai-e-vem interminável, oramos. Nos despedimos e cada um continuou sua história. Se Deus havia falado comigo de manhã, à tarde mais uma vez me mostrou o quanto ainda tenho que aprender. Voltei para Santo André num tróleibus lotado de gente, cheguei quase duas horas atrasado, mas valeu a pena. Creio que existem muitos “Rodrigos” que esbarram em nós, querendo apenas um pouco de atenção.
Deus seja louvado e a Ele toda honra e glória, sempre!