O governo venezuelano anunciou que vai expulsar do país a organização religiosa norte-americana “Novas Tribos”, que está na Venezuela há 60 anos, por considerá-la uma “verdadeira penetração imperialista”, disse o presidente Hugo Chávez na quarta-feira (12).
A medida foi anunciada dois meses depois que o telepregador norte-americano Pat Robertson pediu ao governo dos Estados Unidos para liquidar fisicamente com o presidente Hugo Chávez, pois ele consistiria uma “ameaça de terror para os Estados Unidos”.
Ainda que Robertson tenha se desculpado publicamente pela afirmações e a Casa Branca se pronunciado contra as opiniões do evangelista, o governo venezuelano começou a investigar as missões religiosas de origem norte-americana presentes no país, e, no final de agosto, decidiu não outorgar novas nem renovar vistos a missionários norte-americanos.
Chávez entende que os religiosos dessa organização integram a Agência Central de Inteligência (CIA) norte-americana, e disse que recentemente recebeu relatório sobre suas atividades nas savanas e no Orinoco, indicando “que ela obtém informação sensível e estratégica, e exploram os índios”.
Novas Tribos iniciou seu trabalho na Venezuela em 1946. Atualmente, está presente em 12 tribos, com 160 missionários entre norte-americanos e autóctones, em Estados como Amazonas, Apure, Bolívar e Monagas.
Seu trabalho consiste em pregar o Evangelho, estabelecer igrejas nas tribos indígenas, traduzir a Bíblia para línguas autóctonas e desenvolver programas educativos, de alfabetização, saúde e projetos agrícolas. A sede da organização fica em Sanford, Flórida, Estados Unidos.
Chávez disse ontem, em ato comemorativo ao Dia da Resistência Indígena e de entrega de terras a comunidades indígenas, celebrado na localidade de Barranco Yopal, que solicitou relatório ao ministro do Interior e Justiça, Jesse Chacón, sobre as atividades das missões fundamentalistas norte-americanas no país.
“Elas têm plantas para a energia solar, plantas elétricas, sistemas de rádio para se comunicar, têm pistas bem conservadas onde vêm aviões do exterior sem passar por aduana nas zonas onde os indígenas vivem na pobreza”, sustentou Chávez. Ele frisou que a medida é irrevogável.
“Que comecem a recolher seus pertences, não queremos atropelá-los, porque se vão daqui e do último rincão em que estiverem”, disse.
ALC tentou entrar em contato, via internet, com representantes de Novas Tribos na Venezuela, mas só recebeu respostas gravadas. No entanto, pastores consultados pela ALC disseram que a intervenção era abusiva e que nos 60 anos de presença na Venezuela nenhum missionário foi preso por realizar atividades de espionagem. Os aviões, disseram os pastores que preferiram não se identificar, pertencem a Assas do Socorro e Novas Tribos paga pelos deslocamentos aos locais onde desenvolvem seus ministérios.