No Vale das Sombras

In the Valley of Elah, o enigmático título original do longa No Vale das Sombras, refere-se ao local (hoje parte de Israel) onde, de acordo com a Bíblia, teria ocorrido o confronto entre Davi e Golias. Só por aí já dá para termos uma idéia da vertente seguida

por Paul “Crash” Haggis neste seu novo filme. Assim como o rei Saul mandou um garoto enfrentar um gigante armado com cinco pedras, o governo americano tem mandado meninos fantasiados de soldados para sofrer todo tipo de dano no Iraque. E a que custo? O dano físico é apenas a parte mais visível. Mas e quanto aos traumas que uma experiência como essa causa no emocional de alguém que ainda nem abandonou a adolescência?

Algo chamou-me muito a atenção. No começo do filme, o ator principal vê um oficial novato hasteando a bandeira de cabeça para baixo enganadamente e, descendo do carro, diz que quando a bandeira está dessa maneira significa um sinal internacional de socorro. Seria como dizer “estamos ferrados, venham nos salvar!”. No desenrolar do filme essa idéia é melhor trabalhada chegando ao final quando Paul Haggis, diretor do longa, fecha o drama maestralmente.

Eu acredito que há uma bandeira hasteada de cabeça para baixo em cada coração humano gritando e denunciando a todos que precisamos de ajuda, que estamos perdidos. Nosso atos dizem isso… nosso individualismo denuncia isso… no fundo do coração sabemos que o ser humano, se deixado ao seu bel prazer, acabará consigo mesmo, depois de terminar a grande degradação no meio em que vive.

Jesus veio à Terra justamente para corrigir esse futuro catastrófico que escolhemos seguir. Ele não veio para aquele que se acha achado, encontrado, salvo e são. O Médico dos médicos, Senhor dos senhores veio buscar e salvar o perdido, o doente, o quebrado, o desmoralizado, o perseguido por causa da justiça, o excluído, o escanteado. Ele é a nossa bandeira e a menos que entreguemos a direção de nossa vida a Ele, continuaremos com uma bandeira hasteada de cabeça para baixo em nossos coração que dirá sempre: “Eu sou um perdido”.