A primeira coisa a dizer é: Esqueça o que foi o filme Hulk de 2003. Se você está com medo de ver o novo O Incrível Hulk devido ao fracaso do filme anterior, pode ficar tranqüilo pois o estúdio fez questão de esquecê-lo. Na verdade, de certa forma ele foi respeitado pois o início do novo pode ser interpretado como uma continuação do antigo, mas eles não estão de nenhuma forma ligados. Então aqui vai a dica número 2: não é nem um pouco necessário ter visto o anterior para entender este. Mais do que isso: nem recomendo. O filme de 2003 é terrível!
As primeiras cenas da nova aventura são bem conhecidas pelos brasileiros: o doutor Bruce Banner (Edward Norton) está no Brasil a fim de buscar uma cura para sua transformação no raivoso monstro verde em momentos de excitação extrema. Vivendo escondido dos militares estadunidenses – chefiados pelo general Thunderbolt (William Hurt), que querem transformar sua mutação em arma – na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, Banner busca um pouco de paz, sem muito sucesso. Quando descobrem que ele está por aqui (com direito a ótima participação de Stan Lee [o criador do Hulk e de outras histórias de sucesso como Homem-Aranha, Homem de Ferro e Quarteto Fantástico], que sempre faz uma aparição em filmes de seus personagens, levando os fãs de quadrinhos às loucuras), os militares fazem de tudo para colocar suas mãos em Banner. Ele acaba recorrendo à ajuda da doce Betty Ross (Liv Tyler) para conseguir se livrar da perseguição e também dos raios gama em seu sangue.
“O Incrível Hulk” tem ótimas seqüências de ação e, mais do que isso, existe uma densidade psicológica no protagonista – um monstrengo incompreendido, como tantos que já passaram pelo cinema – e também no antagonista, personagem do ambicioso comandante Emil Blonsky (Tim Roth) que faz com que o longa seja tanto inteligente quanto repleto de ação.
Edward Norton foi um dos produtores deste filme. Como fã da série dos anos 80 (que começou em 1978) chamada também de “Incrível Hulk”, ele fez várias referências que muitos fãs vão notar, como o close no olhos no momento da transformação (sim, ele se transforma em Hulk – desculpe-me pelo spoiler), a música triste do final dos episódios e a participação do grandalhão Lou Ferrino, que fazia o monstro esmeralda da série.
Parece que finalmente conseguiram implacar o Hulk nas telonas, por isso já estamos à espera dos próximos, de preferência com Edward Norton como protagonista. Como fã, o ator o encarna de uma forma bastante digna. O que já era de se esperar, já que um personagem como este, tão cheio de nuances dramáticas, realmente pede um ator à altura e Norton, definitivamente, é. Calma, a seqüência ainda não foi anunciada, mas, se for pelo aperitivo dado em “O Incrível Hulk”, já esperamos a continuação.
A última coisa a dizer é: o filme é muito bom, mas para quem consegue comprar a idéia de um magricela se transformar num gigante verde com o dobro de sua altura e talvez umas 10 vezes o seu peso apenas num acesso de raiva. Caso essa idéia seja um tanto esquisofrênica pra você, passe longe das salas que estão exibindo “O Incrível Hulk”. Caso contrário, bom divertimento!