Muuui amigo

“Disse Esaú: Peço-te que me deixes comer um pouco desse cozinhado vermelho, pois estou esmorecido… Disse Jacó: Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura” Gênesis 25:30-31.

Quase sempre que lemos essa parte da história, temos a tendência de criticar duramente o profano Esaú, que trocou uma bênção espiritual por um prazer momentâneo. Sem dúvida não podemos deixar isso de lado, mas, no momento, gostaria que pensássemos no amigo-da-onça que está sempre por perto, querendo se aproveitar das fraquezas, limitações e até da pobreza do próximo. Vejamos:

  1. Jacó tinha preparado um suculento prato. Se havia premeditado, não posso dizer, embora isso seja bem provável em se tratando de Jacó, o suplantador.
  2. Esaú chega da caça cansado e faminto e pede um pouco daquela comida ao irmão, o que é bem natural.
  3. Jacó, então, faz uma proposta indecente. Em vez de dar a comida, pede um preço por ela, mas não um preço qualquer. Ele pede o que Esaú tinha de mais precioso: a bênção da primogenitura.

Jacó era, sem dúvida alguma, o escolhido de Deus para ser um dos patriarcas de Israel, no entanto, esse fato não pode justificar o defeito de caráter desse homem que soube, e bem, aproveitar-se das fraquezas de seu irmão.

É uma pena que esse péssimo exemplo de Jacó seja um dos principais lemas dos poderosos do nosso século. Por isso o mundo está como está: os ricos se enriquecendo cada vez mais e, na maioria das vezes, às custas de salários injustos, exploração de menores, exploração dos menos favorecidos, exploração de mulheres, cobrando juros altíssimos, pisando na cabeça de quem quer que seja para poderem se autopromover. Em outras palavras, eles se aproveitam da fraqueza e da necessidade de seus próximos, quer dizer, eles são “muuui amigos”.

Infelizmente, irmãos, há muitas pessoas como Jacó, também entre os crentes, que se aproveitam da necessidade, fraqueza, ou até mesmo da boa vontade de seus irmãos para obterem vantagens, lucros e outras coisas mais. Em nome de que o crente tem que ser humilde, amando ao próximo como a si mesmo, pessoas se aproveitam dos bem-intencionados e levam vantagens, até mesmo no ministério.

Não darei nenhum tipo de exemplo para que não pensem que estou dando indireta para quem quer que seja, mas registro aqui um conselho a todos nós: Não podemos nos aproveitar da necessidade de alguém, para levarmos vantagem de uma maneira desleal. Não sejamos “muuui amigos”! É claro que há entre nós empresários, comerciantes, patrões e pastores que são justos e agem corretamente. Mas mesmo estes precisam estar sempre atentos para não virem um dia a fazer o mesmo.