Será que precisamos viver num ringue?

“Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e, sim, deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente; disciplinando com mansidão os que se opõem…” II Timóteo 2:24-26

Quando eu era criança, meu pai assistia luta livre, por isso, meus irmãos e eu assistíamos com ele. Era impressionante ver aqueles golpes que os lutadores davam um no outro. Eles davam chutes, socos, gravatas, voadoras e muito mais. Hoje eu sei que se tratava de uma apresentação e que tudo era combinado, mas na época eu achava que era luta mesmo. Nós torcíamos muito pelo Ted Boy Marino, o preferido da garotada, pois ele fazia o papel de mocinho. Após o término das lutas, o tapete da sala de casa virava o ringue onde meus irmãos e eu nos degladiávamos. Às vezes, até meu pai participava da briga, quer dizer, da brincadeira, aí minha mãe pirava de vez.

Na adolescência comecei a assistir filmes de kung fu quando, no oeste americano, um mestiço, mais conhecido por “Gafanhoto”, tentava solucionar seus problemas com filosofias orientais, mas que, na verdade, resolvia mesmo na base da pancadaria.

Essa série da televisão me instigou a assistir filmes de karatê do então famoso Bruce Lee. Era incrível ver como ele, com seus golpes, conseguia derrotar dezenas de bandidos ao mesmo tempo. Outros filmes famosos e cheios de violência vieram depois, os quais batiam e ainda batem todos os recordes de bilheteria.

Depois não sabem por que existe tanta violência nesse mundo, pois a ficção se torna realidade, ou seria o contrário? Será que o nosso mundo precisa viver num ringue?

Ao ler as palavras de Paulo a Timóteo, fico pensando se, vez ou outra, a igreja de Jesus Cristo se esquece que não vivemos num ringue, e que somos amigos e não inimigos, que somos irmãos, e não adversários. Somos membros do mesmo Corpo. Paulo escreveu: “É necessário, é fundamental, é mister que o servo do Senhor…

  1. não viva a contender, e sim, seja brando para com todos – não é possível tratar os problemas com ira, com sentimento de rivalidade, como se houvesse uma disputa pra ver quem leva a melhor.
  2. seja e esteja apto para instruir – Sempre que as Escrituras falam de instrução e ensino, aprendemos que não se trata somente do que eu ensino com palavras, mas muito mais do que a minha vida ensina. O exemplo clássico é o de Jesus – “… todas as cousas que Jesus começou a fazer e a ensinar”. Atos 1:1.
  3. paciente – alguém que sabe esperar pelos bons resultados. Sabe que há tempo para plantar e outro para colher. Não força uma situação mas espera no Senhor.
  4. disciplinando com mansidão – Sabe ser firme com o pecado, mas é controlado pelo Senhor. Tem domínio próprio e luta para manter a ordem sem, contudo, ofender e ferir o pecador com palavras repletas de violência e até mesmo de ódio.

Na luta pela verdade, não precisamos lutar com as mesmas armas desse mundo tenebroso em que vivemos, mas com as armas do Senhor. Não, a Igreja não precisa viver num ringue, mas não precisa mesmo!