Amigos, o brado foi tão forte, a liberdade tão ampla, que nunca mais voltei a ela. Iniciei, animado uma nova série no mês de agosto. Estamos em novembro e eu não escrevi mais nada. Findou o inverno, chegou o verão e fiquei afônico!
Nunca fiquei tanto tempo longe de Colunet. A vergonha foi tanta que ameaças de retorno foram sufocadas algumas vezes. Nem tenho coragem de pedir desculpas. Não colaria.
Entre as coisas que ocuparam meu tempo nessas longas semanas está o projeto Efeito Estufa, que os freqüentadores assíduos de Irmãos.com certamente já conheceram. Trata-se de uma escola bíblica virtual, que pode ser acessada no endereço www.vigiaieorai.com.br/efeitoestufa.
Aproveito meu retorno, enquanto espero meu vôo para Vitória no aeroporto de Congonhas, para falar um pouquinho a respeito deste projeto e desafiar meus leitores, que foram efetivamente aqueles que me levaram a ele, a considerar a possibilidade de inscreverem-se para o primeiro módulo.
Desde que Colunet foi lançada, há quase 6 anos, algumas coisas vêm chamando a minha atenção: a repercussão dessas crônicas, em lugares tão distantes e diferentes como o Japão e Goiânia. Uma outra coisa foi que algumas pessoas sempre me cobraram que os artigos fossem mais “consistentes biblicamente”. No início, esta crítica me perturbava, porque entendo que não se é bíblico apenas quando ministramos um estudo bíblico, mas também quando abordamos os fatos do cotidiano a partir da perspectiva dos conceitos da Palavra de Deus, cuja proposta é exatamente a desta coluna.
Já mencionei aqui minha surpresa e discordância frontal em relação àqueles que não conseguem enxergar como a política, o esporte, as relações humanas, os conflitos sociais estão relacionados com a nossa espiritualidade. Defendo a idéia de que tudo o que nos rodeia afeta nossa relação com Deus, de alguma maneira. Por isso abordo todo tipo de assunto.
Mas acho também que devemos estudar a Bíblia sistematicamente. Quem me conhece e acompanha meu ministério entre as igrejas sabe que este é o meu “prato predileto”. Amo o estudo da Palavra de Deus. Dedico-me a isso e procuro fazer o melhor que posso quando tenho a oportunidade de transmitir esses estudos em igrejas, acampamentos, grupos de estudo e discipulados pessoais. Sempre, porém, com o devido cuidado de não tornar o estudo bíblico um fim em si mesmo. Explico.
Muitas igrejas são tão preocupadas em ensinar a Bíblia, que acabam quase que idolatrando o estudo em si, por mais estranho que isso possa parecer. Digo isso em razão da evidência de que alguns ensinadores não estão interessados em como aquelas informações transmitidas estão chegando às pessoas que freqüentam seus estudos. Não há preocupação sequer em saber quando foi absorvido, se houve comunicação efetiva. O interesse é basicamente conteudista. Eles gostam de apresentar 24 lições no livro de Gênesis e 36 no de Êxodo. Gostam de explicar o significado das palavras no grego e no hebraico. E especialmente gostam de deixar na cabeça dos ouvintes uma porção de coisas que nunca vão sair de lá. Nesses estudos não se fala sobre a vida real. Falamos de coisas etéreas, distantes, de conceitos teológicos corretos, porém inaplicáveis no dia-a-dia. Disso não gosto.
Meu contato com um estilo diferente de ensinar a Bíblia, fazendo o Curso de Treinamento de Líderes do Instituto Haggai (“a quem honra, honra”), me ensinou que, ao contrário do que se diz por aí, um ensino prático não é necessariamente sinônimo de superficialidade. Que as pessoas precisam aprender no sábado e domingo alguma coisa, mesmo que seja muito simples, que possam usar na segunda-feira, quando estiverem saindo de casa para o trabalho. Comecei a tomar consciência de que o melhor estudo de Eclesiologia não é aquele que fica discutindo por três horas o significado da palavra Ecclesia em todas as suas aparições na Versão Septuaginta, mas aquele que mostre caminhos para a restauração de igrejas que estão fechando as portas ou que perderam sua razão de continuar abertas.
Não quero com isso negar o valor de se conhecer as línguas originais da Bíblia ou suas diversas traduções. Reconheço o valor das informações históricas, da boa hermenêutica, das relações intertextuais, da exegese bem feita. Nada contra debruçar-se sobre um texto buscando seus ricos detalhes escondidos. O que não me empolga mais é ver tudo isso ser feito e no final das contas o pessoal dizer: “é pra perguntar ou pra responder?” Não faz sentido. Precisamos mostrar alternativas, sugerir propostas sobre COMO fazer aquilo que durante anos temos ensinado que precisa ser feito
Também não vejo sentido no ensino que não assume o que pensa. Tem gente que não desce do muro nem a pau. Você estuda com ele (ou com ela) e tira suas próprias conclusões. Jesus, dizem esses, apenas levava as pessoas a pensar. Ele não entregava a coisa pronta. Oras, bolas. Uma coisa é levar as pessoas a refletir. Outra, muito diferente, é ser covarde e não assumir o que se pensa sobre determinado assunto, por medo de não ser politicamente correto ou de nadar contra a maré. Isso Jesus Cristo nunca fez. Tanto que quando ele diz aos seus discípulos para que eles fossem pregar aos outros, ele afirma: “ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. Eles sabiam exatamente do que se tratava. Não estavam em dúvida. Tinham aprendido com clareza e convicção as verdades que transformariam suas vidas.
Junte tudo isso que acabei de expor. Some o resultado a uma ferramenta poderosa de comunicação como a Internet. Alie esse novo pacote a um público extraordinário, pensante, aberto, dinâmico e seleto como o de irmaos.com. Por que não juntar esse pessoal que dificilmente poderíamos encontrar pessoalmente uma vez por semana e, na medida do possível, oferecer ensino bíblico de qualidade, com relevância prática, sem dogmatismos ou segregacionismos teológicos? Surgiu, então, a idéia do Efeito Estufa, uma Escola Bíblica Virtual, que pode já ser conferida a partir de www.irmaos.com . Você certamente achará um link que vai colocar você na porta da nossa escola.
Todo mundo sabe que o efeito estufa é deletério. Não se fala em outra coisa a não ser o tal aquecimento global. Porém, não é este o sentido em que usamos a expressão. O nosso Efeito Estufa é do bem. A referência é às estufas onde se criam plantas. Aquele ambiente onde elas são cultivadas para produzir. Esperamos que isso aconteça com muitas vidas que a gente possa encontrar ao longo dessa aventura virtual. Vamos discutir questões de utilidade e aplicação imediata. Deixaremos as picuinhas para os cardeais. Vamos direto ao que interessa.
Tenho tido o prazer de oferecer esse modelo juntamente com meu amigo Eduardo Fernandes de Souza em uma Escola Bíblica no Distrito Federal, na Igreja no Céu Azul, Valparaíso de Goiás. As matérias que ministramos lá, com pequenas adaptações para o ambiente virtual, serão as mesmas daqui. Os professores estão sendo selecionados, com base nos critérios de experiência nas matérias, didática, compreensão da visão pedagógica e, obviamente, disponibilidade tecnológica e de tempo que permita o correto acompanhamento das turmas. O primeiro módulo está aberto e as inscrições já estão sendo feitas.
Visite a página, veja os detalhes sobre as disciplinas e entre em contato com a gente. Estou certo de que vai valer a pena.
Perdoado pelo sumiço? Obrigado pela compreensão.
Ah, sim. O Brado. Ele vai voltar. Está na porta da garganta. Calma, Jabesmar. Não vai ser tão alto assim.
E bola pra frente!