O filme é inquietante, desagradável de ver. Tanto que não acreditei que estava sentada em uma sala do Cinemark pra assiti-lo. Não pelo roteiro, mas pelos temas que aborda. Pecados íntimos que vêm à tona na vida de duas mulheres que têm suas vidas cruzadas pelo sentimento de solidão que as impulsiona para viver o desejo reprimido.
Um drama, que, apesar de intragável, consegue envolver os telespectadores, gerando uma expectativa de desvendar tanto o que se passava na mente dos personagens, quanto no que resultaria aquele emaranhado de atitudes e posições.
De um lado, a jovem professora de artes, casada com um advogado que também fora seu professor, 20 anos mais velho, com dois filhos: um excepcional e uma “princesinha rebelde”. Cansada da mesmice de sua vida, decide voltar a dar aulas para sentir-se viva. Sua juventude e beleza despertam o adolescente pervertido de apenas 15 anos que começa a seduzi-la. Sheba não consegue se conter, nem vencer seus impulsos, se entregando a um pecado terrível e atualmente tão condenado – a pedofilia.
Nessa luta interior entre fazer o que deseja e o que é certo, o caminho de Sheba se esbarra no da professora linha dura, Bárbara, que praticamente se apaixona à primeira vista pela novata.
O começo da amizade é narrado pela veterana que mais parece o desejo de realmente ter uma amiga para dividir o peso da vida, compartilhar as angústias e os sonhos, mas no caminhar da carruagem, revela-se como uma mulher dominadora, que ao descobrir o pecado mortal de Sheba, utiliza-se dele para conseguir tê-la em seus domínios. Passa a nutrir um amor platônico, com direito a segredos no diário e tudo mais. Revela-se uma homossexual solitária e frustrada em todos os sentidos da vida. E, fugindo da sua solidão, maquina todos os passos de Sheba. Passa a manipulá-la não para o bem da “amiga”, mas para o seu próprio bem. Bárbara é de uma malignidade indizível. E isso incomoda. Porque é de uma realidade tão grande que não dá pra acreditar que isso exista na vida real, mas de fato existe. Talvez até mais perto que possamos imaginar (terrível!).
Com a ameaça iminente de ter seu segredo revelado, Sheba, num grande conflito dentro de si, não consegue enxergar que aquela que se dizia ser sua amiga não passava de um sangue-suga que, não tendo seus desejos satisfeitos, não pensaria duas vezes em colocá-la no espeto. O que de fato acontece.
Quando Sheba percebe o engano que era aquela amizade, quando descobre os pensamentos, devaneios e loucuras que Bárbara lhe dedicava, fica louca da vida e se desprende daquela prisão. Tarde demais, no entanto, para se redimir. O escândalo vem à tona. E ambas saem feridas da situação, e não apenas elas, mas a família de Sheba também.
É um tipo de filme que incomoda porque reflete dramas muito íntimos que, por serem assim e tão bem camuflados, são difíceis de serem tratados, afinal, um conflito étnico, social ou político, por mais que sejam tremendamente inquietantes e questionadores, mostra a cara do malfeitor, é algo visível que pode ser combatido (apesar de que muitas vezes não é). Mas essa esfera abordada é algo que, quando revelado, afasta as pessoas por ser algo sombrio, completamente escondido. Intriga quem assiste. Dá uma sensação de “que mundo horrível é esse?”; “em quem posso confiar?”; “as pessoas são terrrivelmente malignas quando querem e eu posso nunca saber que algo de ruim foi causado pelo outro”. Uma sensação de total desconforto para com as relações humanas. Afinal, traição, falsidade, manipulação, homossexualismo e perversão são sentimentos que, por si só, já causam malefícios dantescos, imagine tudo isso reunido?!
Isso traz à mente verdades e principios bíblicos que Deus nos deixou:
“Maldito o homem que confia no homem” – não que não possamos confiar nas pessoas, na verdade, devemos se quisermos ter boas relações, mas não aquela confiança de colocar seu coração e sua vida nas mãos de alguém tão falho quanto você. Essa confiança plena é só em Deus, que também nos livra das falsas amizades.
Conselhos?! Bem, devemos ter muito cuidado com quem nos aconselhamos, afinal “os pensamentos do justo são retos; mas os conselhos do ímpio são falsos.” (Pv 12:5).